Capítulo 38

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Aquele papel era como uma página de um livro de receitas. Mas não uma daquelas receitas que te ensinam a fazer um bolo de chocolate. Não... Aquela era a receita detalhada contendo todos os itens e etapas necessários para quebrar a maldição. Suor frio escorreu em meu rosto enquanto meus olhos percorriam o papel, lendo cada uma daquelas palavras difíceis. Palavras que envolviam a mim.

O som de batidas na minha porta me fez levantar com um salto.

- Querida? Está tudo bem? Está no seu quarto há muito tempo.

Guardei as coisas de volta no baú apressadamente, esfreguei os olhos e fui abrir a porta. Meu pai estava parado do outro lado parecendo ansioso.

- Acho que me empolguei - Forcei um sorriso.

- O que você encontrou... - Meu pai engoliu em seco. - era o que você precisava ver?

- Você sabia o que tinha guardado lá dentro?

Ele negou.

- Acho que eram coisas que sua mãe não podia me mostrar. E depois que ela se foi, achei melhor me livrar de tudo - Meu pai encarou o chão, como se as lembranças lhe causassem dor. - Mas acho que ela iria gostar que ficasse com elas.

- É tudo tão...confuso.

Eu não podia contar para ele sobre todas coisas que eu havia visto ali. Eu não queria que ele sofresse mais. Mas ainda senti a obrigação de falar algo. Talvez ele esperasse algo. Talvez apenas para se certificar de que nada daquilo me colocaria em perigo. O que não era exatamente verdade. Mas ele não precisava saber disso.

Tossi, forçando minha voz a sair limpa.

- Encontrei livros sobre magia. A maioria eu não consigo ler. Parecem estar escritos em latim, ou alguma língua morta. Mas achei o diário da mamãe. Ela parecia estar traduzindo os livros...

- Para você. - Meu pai completou, e um sorriso nervoso surgiu em seus lábios.

- Acha...acha que eu deveria ler?

Meu pai abriu a boca para falar, mas a fechou logo em seguida, como se estivesse repensando sobre o que dizer.

- Não posso negar que tenho medo de que você entre nesse mundo. Selena, esse nosso mundo pode ser bastante perigoso se não tiver cuidado - Me preparei para escutar meu pai dizer para me afastar e esquecer de tudo. É o que ele diria achando que seria a melhor forma de me proteger. Mas então ele engoliu em seco e continuou. - Mas é uma parte sua, não posso mudar isso. Não posso tirar esse mundo de você. E talvez seja melhor você conhecê-lo e entendê-lo antes de entrar de cabeça nessa loucura. Quero que entenda o que você é, e aprenda a usar seus dons. Sua mãe gostaria disso. E eu também.

Ouvir meu pai dizendo aquilo significava muito para mim. Eu sei que no fundo ele tem medo e se sente inseguro, mas ele estava se esforçando e confiava em mim. Me joguei em seus braços, e deixei que ele me envolvesse como se eu ainda fosse aquela garotinha inocente, que era feliz e não via o mundo como a loucura que ele é.

- Obrigada, pai.

Ele afagou meus cabelos e o ouvi respirar fundo.

- Está com fome? Posso fazer algo pra gente comer.

Eu havia ficado a tarde toda sem comer, mas só agora percebi o quanto estava faminta.

- Seria ótimo.

🌙

Eu não conseguia dormir. A cada 1 minuto eu checava o celular para ver se havia alguma nova mensagem. Alex ainda não tinha me respondido, e isso estava acabando comigo. Agatha também não tinha me retornado para me dar notícias. Eu esperava que pelo menos estivesse tudo bem com ele, e que o único motivo por ele não falar comigo fosse simplesmente por não querer falar comigo. Por mais difícil que fosse pensar assim.

O Uivo da LuaDär berättelser lever. Upptäck nu