Capítulo 24

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Na segunda-feira arrumei uma desculpa qualquer para não ir à escola. Eu definitivamente não era uma pessoa que gostava de faltar. Até poderia me considerar uma aluna dedicada. Mas naquela dia, não estava com nenhum ânimo para isso.

Meu pai foi até o meu quarto depois de eu não ter descido para o café da manhã e me alertou dizendo que eu já estava atrasada. Eu menti dizendo que estava "naqueles dias", e que estava sentindo muitas cólicas, além de um pouco de dor de cabeça. A última parte não era exatamente mentira, minha cabeça estava mesmo doendo um pouco. Fiquei imaginando se tinha relação com a chegada da lua cheia, o que aconteceria amanhã.

Meu pai disse que tudo bem se eu ficasss em casa, mas que era para ligar caso a dor piorasse e eu precisasse dele. Antes de sair ele preparou um chá com algumas ervas para mim, o qual, segundo ele, ajudaria a aliviar a dor. Eu ficava impressionada com o conhecimento que ele tinha sobre plantas medicinais. Ele sempre encontrava alguma que servisse para um determinado tipo de mal.

Depois de se certificar de que eu estava segura, ele se despediu com um beijo na minha testa e foi para o trabalho.

Fiquei a manhã inteira dentro do quarto, sentada próxima à janela, observando o céu azul com poucas nuvens, e sentindo a brisa vinda da praia acariciar meu rosto. Eu estava bastante apreensiva com o dia de amanhã. Tinha medo de que algo desse errado. Medo de sentir dor, ou algo semelhante. Naquele momento, meus pensamentos se resumiam a isso.

Por volta do meio dia, senti fome e resolvi pegar alguma coisa para comer. Desci os degraus descalça e fui até a cozinha. Abri a geladeira e fiquei analisando seu conteúdo por algum tempo, até que decidi fazer uma panqueca de banana com bastante canela. Sei que se tratando do horário, eu deveria comer alguma coisa mais forte, talvez um almoço razoavelmente digno. Mas eu não estava muito a fim de preparar nada muito complicado, então optei por alto mais simples.

Retirei dois ovos de dentro e fechei a porta. Procurei no armário a frigideira e a coloquei sobre o fogão. Peguei duas bananas pequenas da fruteira sobre a mesa e o pote de canela no armário de cima. Estava prestes a quebrar os ovos dentro de uma tigela quando ouvi batidas na porta. Parei por um instante, pensando em quem poderia ser. Uma leve sensação de euforia cresceu dentro de mim pela expectativa de que talvez a pessoa do outro lado da porta fosse Will. Larguei os ovos sobre o balcão e fui até a porta a passos apressados. Mas então eu soube. Aquela sensação estranha me disse que não era Will ali. A menos que ele fosse um lobisomen, o que eu tinha certeza de que não era. Eu me considerava bastante estúpida por ainda pensar que Will iria aparecer.

Assim que abri a porta, sem me surpreender, encontrei Alex parado do lado de fora.

- Alex? Oi!

Ele abriu um sorriso quando me viu.

- Oi!

Os olhos de Alex percorreram meu corpo, e me senti enrubescer ao me dar conta de que ainda estava usando meu pijama. Como havia ficado em casa a manhã toda, não me dei o trabalho de trocar de roupa. Nem ao menos havia arrumado meu cabelo, que ainda estava preso em uma trança bagunçada. Cruzei os braços ao redor do peito, como se aquilo fosse impedir a visão do meu corpo.

- Bem... Hmm... o que está fazendo aqui?

- Você não apareceu na escola. Fiquei preocupado. Está tudo bem? - Ele franziu o cenho.

- Está. Tudo bem... É só que... Não estava muito a fim de ir pra escola hoje.

- Que menina rebelde - Alex cruzou os braços e me encarou com um sorriso de lado, e vi em seus olhos um leve brilho de malícia. - Gosto disso.

- Pare - Dei uma risadinha e bati de leve no seu braço.

Ele riu e ergueu as mãos em sinal de rendição.

O Uivo da LuaWhere stories live. Discover now