Capítulo 11

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Assim que abri a porta de casa, e passei por ela, a primeira coisa que vi fez meu coração se entristecer. Na cozinha, meu pai estava sentado à mesa, com uma xícara de café e um prato com torradas intocadas em sua frente. Seus olhos preocupados, que davam a impressão de que ele não havia tido uma boa noite de sono, só conseguiam focar no telefone sobre a mesa. Ele estava tão fixo nele, que parecia desejar que ele tocasse a qualquer momento. Talvez com uma ligação minha.

O som da porta batendo atrás de mim atraiu sua atenção. Assim que ele levantou o olhar e me viu andando em sua direção, meu pai se levantou com um salto e veio correndo até mim e me deu um abraço apertado.

- Selena - Ele suspirou, aliviado. - Onde você estava? Eu fiquei tão preocupado com você.

- Eu tô bem, pai - Ele ainda me envolvia em seus braços, e aquele momento fez surgir lágrimas mornas nos cantos dos meus olhos. Eu devia saber o quanto ele ficaria preocupado.

- O que aconteceu? - Ele por fim me soltou, passando a apenas segurar meu ombros com ambas as mãos, mantendo em mim seu olhar, não mais somente preocupado, mas também interrogativo. - Onde você estava? Por que não voltou pra casa ontem à noite?

- Eu tô bem. Não precisa se preocupar.

- Me conte o que aconteceu - Ele exigiu. - Sabe o quanto me deixou preocupado? Não só eu, mas também o Will. Ele ficou aqui até agora a pouco, esperando você aparecer. Mas aí eu o mandei ir embora para descansar.

- Eu sinto muito. Não queria preocupar vocês.

- Então não devia ter sumido assim!

Meu pai finalmente me largou e se sentou novamente, massageando as têmporas como se estivesse sentindo alguma dor. Me aproximei e me sentei em uma cadeira ao seu lado.

- Me desculpe. Não foi minha intenção.

E então eu contei o que havia acontecido. Não exatamente o que havia acontecido, mas o que precisava ser dito. Eu odiava mentir para o meu pai, mas eu não poderia simplesmente dizer que eu apaguei no meio da noite e fui parar dentro de uma caverna escura vestindo nada mais do que uma camisa que surgiu misteriosamente no meu corpo.

Então, eu tive que mentir.

Disse que passei mal durante a festa e resolvi me afastar um pouco de todo o barulho, pra tomar um ar e ver se a dor passava. Me sentei em um dos bancos que ficavam próximos à praia, e lá eu encontrei Agatha, que segundo a minha história, era uma amiga muito próxima. O que era uma completa mentira, porque eu só havia trocado poucas palavras com ela. Mas felizmente, acho que meu pai acreditou.

Depois disso, ela disse que estava indo embora para casa, porque a festa estava muito chata. Ela me convidou para ir com ela, já que sua casa ficava bem perto da praia. Eu aceitei. Como eu estava passando mal, não queria mais ficar na festa, mas também não queria chamar Will para ir embora comigo, porque eu sei que ele estava se divertindo. Então decidi que iria para a casa de Agatha e descansaria um pouco, enquanto Will se divertia. Mais tarde eu voltaria para a praia, e ele e eu viríamos embora. Mas eu estava tão cansada, que acabara adormecendo, só acordando na manhã de hoje.

Eu mesma não acreditaria nessa história, mas esperava que meu pai acreditasse. E foi o que aconteceu. Pelo menos, é o que ela demonstrava.

- Selena, o que você sentiu? Está melhor agora? Podemos ir para o hospital se quiser - Meu pai disse, colocando uma mão sobre a minha testa, checando a minha temperatura.

- Não, pai - Fingi um sorriso. - Eu já tô bem. Foi só uma dor de cabeça.

- Tem certeza de que está bem?

O Uivo da LuaWhere stories live. Discover now