Capítulo 19

2K 222 98
                                    


  — Tae-jung me disse para dar a você.

  —... o que é isso?

  — Bem, nós também não abrimos. Tae-jung me pediu para ter certeza de que só você pode ver. 

  —…
 
  Foi quando eu estava no último ano da faculdade. Uma vez por ano, meus pais, que visitavam minha irmã, um dia me entregavam um pequeno envelope. Assim que peguei o envelope, subi para o meu quarto, sentei no sofá e o abri. Havia várias fotos de uma criança estranha nele.

  A criança estava parada perto de um riacho que fluía com águas claras enquanto ele sorria alegremente. Outra foto mostrava ele comendo milho com as mãos ocupadas e a boca suja de grãos de milho. Além disso, havia mais fotos do dia a dia da criança, junto com uma carta escrita por Cha Tae-jung.

  A carta dizia que esta criança é de Lee Hae-In e meu filho, Cha Lee Hyun, e que ele estava crescendo saudável, brilhante e vigoroso. Lendo com um olhar indiferente, rasguei a carta completamente e joguei no lixo. O mesmo acontecia com a fotografia.

  Cha Tae-jung disse que enviou as fotos porque temia que eu pudesse estar curioso, mas eu não estava nem um pouco curioso sobre a criança. Não, melhor dizendo, ninguém da primeira família queria saber sobre Cha Hyun.

  Até meus pais visitavam Cha Tae-jung por um tempo na ausência de Cha Hyun. Concluindo, a criança, Cha Lee Hyun, nunca conheceu seu avô e sua avó. Meus pais achavam que eu não queria ser desnecessariamente carinhoso com uma criança que não tinha significado na família, e concordo totalmente com isso.

 Uma criança sem importância para a família. Uma criança pela qual ninguém tem curiosidade. Esse foi Cha Lee Hyun.

 *

  — Sim...

  Sentado em uma cadeira ao lado da cama de Cha Hyun, eu me perdi em meus velhos pensamentos e levantei minha cabeça ao som do garoto se virando levemente. Mesmo sendo um quarto escuro sem acender a luz, graças ao luar que entrava pela grande janela ao lado da cama, eu podia ver em que posição e expressão facial Cha Hyun tinha.

  Lentamente estendi a mão e coloquei o cabelo do garoto para trás, ligeiramente encharcado de suor e grudado em sua testa. Então abaixei minha mão e segurei a mão enfaixada do rapaz para soltar a bandagem. 

  Quando a bandagem branca foi retirada, uma cicatriz nítida no pulso fino de Cha Hyun chamou minha atenção. Quando pensei nele deitado no banheiro e desmaiado com a grande quantidade de sangue escorrendo, senti como se meu coração fosse pular do peito, então franzi ligeiramente a testa.

  Assim que o acariciei cuidadosamente com meus dedos, Cha Hyun soltou um gemido fraco entre a abertura de seus lábios e logo abriu os olhos e me olhou. Ele tentou tirar sua mão da minha como se estivesse surpreso, mas eu o segurei com força e não o soltei.

  Encarando o sujeito que me olhava com olhos trêmulos, falei devagar em voz muito baixa.

  —… A ferida não é tão profunda quanto eu pensava.

  —…

  — Se você realmente queria morrer, deveria ter cortado mais fundo. Quem sabe.

  —…

  — Você só queria me mostrar? Que está passando por um momento difícil?

  —... solte minha mão.

 Cha Hyun, que fez uma expressão de choro devido as minhas palavras, tentou puxar sua mão novamente. Mas antes disso, aferi mais força para erguê-lo pela mão.

Sou o Ômega do meu paiWhere stories live. Discover now