Confiança

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Abro os olhos, vejo o reflexo do sol batendo na janela no quarto. É sábado e o dia parece estar lindo. Fito o teto relembrando de ontem, do baile, da briga, do Thomas, de tudo o que ele me disse, e como ele deve ter sofrido pela culpa, e o quanto ele ainda deve sofrer. –"Foi quando eu te vi, no carro. Foi como se eu tivesse encontrado uma maneira de amenizar esta culpa, foi por isso que eu me aproximei de você''- O som da voz dele ecoava na minha mente. Ele precisa da minha ajuda, e eu preciso ajudá-lo. Acabo tendo uma ideia. Me levanto e me arrumo, coloco uma roupa fresca por que o dia está quente. eu dormi demais e perdi o café da manhã, quando desço a mesa do almoço já está posta. Me sento para almoçar, apenas eu minha mãe, Ryan e Riley. Como Riley não foi ao baile, ele não estava sabendo do ocorrido. Depois que ajudo minha mãe com a louça, digo a ela que vou sair, então vou até a casa do Thomas. Bato na porta e quem me atende é a avó dele.

–Boa tarde minha queria, entre. –ela estende a mão e dando passagem para mim entrar.

–Boa tarde dona Elise, a senhora está melhor?

–Estou bem melhor sim minha querida, graças a Deus foi apenas um susto.

–Que bom, eu fiquei preocupada com a senhora. O Thomas está?

–Sim, ele está no quarto, pode ir até lá. Você já sabe o caminho?

–Sei sim. Obrigada. –digo sorrindo e subindo as escadas.

Ao chegar na porta do quarto, ela está entreaberta, ouço Thomas tocar seu violão. Eu não pensei que ele tocasse tão bem, é uma música calma, meio triste, mas linda. Fico ali parada ouvindo ele tocar, ele não percebe que estou aqui.

–Você toca muito bem. –digo entrando no quarto, assim que ele termina a música.

–A quanto tempo você está aí? –ele pergunta se levantando para colocar o violão no lugar.

–Há poucos minutos. –ele sorri para mim, e volta a se sentar na cadeira. –Vim ver como você está.

–Melhor impossível. E você?

–Também. –digo sorrindo e me aproximando da pequena estante que tem em seu quarto. –É sua mãe? –pergunto pegando um porta retrato que estava perto de alguns livro.

–É sim. –ele diz olhando para mim.

Ela é linda, tem os cabelos escuros, compridos, os olhos azuis, e um sorriso encantador.

–Como era o nome dela?

–Katherine.

–Ela era muito linda, você tem os olhos dela. –ele sorri, então se levanta.

–É. – ele fica olhando pela janela, como se estivesse preso em seus devaneios.

–Quando você começou a tocar violão? – pergunto tentando mudar de assunto.

–Minha terapeuta disse que seria bom tocar algum instrumento.

–E porque violão?

–Por causa da minha mãe. Ela tocava, bom ela tocava piano também, mas eu sempre gostei de ouvi-la tocar violão, parecia tudo tão simples, apenas algumas cordas transmitia vários sentimentos. E eu não me dei muito bem com piano. –ele ri um pouco.

–Ahm... Quero te mostrar uma coisa. –mudo de assunto rapidamente, tentando por meu plano de poder ajudar Thomas em ação. –Mas para isso, você tem que me dar a chave do seu carro. –digo sorrindo para ele

–Você quer me mostrar o caminho pro cemitério? –ele ri com a piada.

–Não confia na minha boa direção Chapman? Estou totalmente ofendida. –coloco a mão no peito de forma dramática.

–Que isso Becker. Você é a única pessoa em quem eu confiaria minha vida. –ele vai até a escrivaninha pegando a chave e entrega para mim.

Descemos, Thomas avisa a avó que vamos sair, abro a porta e vou em direção ao carro, ele entra e senta no banco do passageiro colocando o cinto, faço o mesmo e então dou partida no carro.

–Onde estamos indo? –ele pergunta se inclinando para a frente para ligar o rádio.

–Espere e verás.

Entro em um prédio e estaciono o carro na garagem, ao sairmos vamos direto para o elevador, aperto o botão para irmos para a cobertura. Eu não conheço o lugar, só sei que é o prédio mais alto da cidade. Ao chegarmos eu saio e Thomas caminha ao meu lado, vamos até a ponta, onde tem um muro de meio metro impedindo que caíssemos. Da para ver a cidade toda, a vista é simplesmente linda.

–Eu costumava ir ao prédio mais alto da Philadelphia. Passava horas olhando para a cidade. Era tão bom ficar sozinha, apenas com meus fones e um bom livro. –olho para ele, que também está me olhando, então olha para frente fitando o horizonte.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, apenas observando o sol se pôr. Está começando a escurecer.

–Estou com fome. –digo quebrando o silêncio.

–Que tal passarmos em algum lugar para comprar alguma coisa para comer, podíamos levar para comer junto com minha avó.

–Ótima ideia, você dirige dessa vez. –eu sorrio e ergo as chaves para ele, que as pega segurando minha mão.

–Obrigado Lara. É muito bom saber que posso confiar em você, eu nunca falei sobre o que aconteceu com ninguém antes. –ele olha fixamente em meus olhos, e então me beija, e eu respondo seu beijo.

Diferente da outra noite, o beijo era apaixonado, delicado. Thomas separa nossos rosto e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, em seguida da um beijo na minha testa.

Entramos no carro e Thomas dirige até uma lanchonete que tem perto de casa, ele fica no carro enquanto eu vou comprar os lanches. Ao entrar vejo algumas pessoas do colégio, olho para a mesa onde estão sentados, vejo Meghan, Zac, Becca, outros casais, e Dean. Ele está com curativo no nariz, e pelo o que parece um olho roxo, assim que ele me vê me viro para a garçonete fazendo meu pedido. Acho que os outros nem repararam na minha presença ali, não falei com Meghan desde o ocorrido, na verdade nem tínhamos nos vistos. Pego meu pedido e me retiro dali, entro no carro e Thomas da a partida e vamos direto para sua casa.

A Casa ao LadoWhere stories live. Discover now