Nem se eu quisesse

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A semana custou pra passar, e eu só ficava pensando nas palavras do Thomas, e em que eu iria fazer, eu não suportava mais ficar longe dele, e eu estava certa de que iria desculpá-lo. E não iria esperar pra dar o gostinho dele me perder, eu não era boa em vinganças, se é que pode se chamar disso.

–O Thomas chegou. –meu pai gritou lá de baixo para mim.

Eu me olhei no espelho uma ultima vez, joguei o cabelo pro lado, mordi o lábio inferior e respirei fundo, peguei minha bolsa de cima da cama, e desci. Eu não sei por que mas estava nervosa, como no dia do baile. Quando cheguei no ultimo degrau, vi o Thomas sentado na poltrona de costas para mim, meu pai me olhou e sorriu, então o Thomas se virou e me viu, parada como uma idiota.

–Pontual. –eu disse tentando soar engraçada.

–Eu acho melhor vocês irem, pra não pegar engarrafamento. –meu pai falou se levantando.

–Não tem engarrafamento por aqui. –eu disse me aproximando deles.

–Melhor, assim vocês não se atrasam. –meu pai rebateu, sorrindo pra mim.

–Foi bom te ver senhor Becker. –o Thomas estendeu a mão para o meu pai.

–É sempre um prazer conversar contigo rapaz.

–Vamos? –eu pedi educadamente, indo até a porta.

–Se cuida minha filha, e vê se não quebra a perna dessa vez.

–Pode deixar pai, eu vou tentar não andar com os dois pés esquerdos. –eu disse sorrindo. –Tchau pai.

–Tchau. –ele disse assim que eu abri a porta.

No caminho ficamos em silêncio a maior parte do tempo, só com o baixo volume do rádio.

–Como foi sua semana? –ele perguntou.

–Boa. E a sua?

–Já tive piores. –ele sorriu.

Essas foram as únicas palavras que trocamos a viagem toda, assim que chegamos na cidade, Thomas me levou direto para o hospital. Entramos e fomos falar com a enfermeira que tinha me atendido no dia em que cortei o dedo. Depois que ela tirou os pontos, fomos até uma lanchonete que tinha perto do hospital. Novamente não trocamos nenhuma palavra, assim que terminamos de comer, ele me levou para casa, já estava escurecendo.

–Obrigada. –eu disse, quando ele parou o carro.

–Não há de que.

–Você... Gostaria de ir comigo naquela livraria, que vendem cafés ótimos, amanhã?

–Não. Não sei, acho que não é uma boa idéia.

–Uhm... Tudo bem, eu... Ahm... Boa noite. –eu peguei no trinco para abrir a porta, e ele falou meu nome.

–Eu adoraria ir com você. –ele disse sorrindo.

–Te aviso o horário. –eu disse sorrindo também. –Boa noite, e obrigada de novo.

–Boa noite. –ele disse, e eu saí.

Assim que entrei, só encontrei Riley na sala, ele me disse que todos tinham saído, então subi para o meu quarto, peguei minhas coisas e fui tomar um banho. Depois do banho quente, voltei pro quarto e deitei na cama, eu só pensava no que iria dizer pra ele, a reação que ele teria seria meio obvia, mas saber o que eu vou dizer, que é um pouco mais complicado.

Acordei com os raios do sol batendo nas cortinas da janela, abri os olhos lentamente, o dia estava claro, e eu estava sentindo que o dia seria ótimo. Levantei, me troquei e fui até o banheiro, depois que fiz minha higiene, desci até a cozinha. Minha mãe estava preparando o café.

A Casa ao LadoWhere stories live. Discover now