Será que foi uma boa ideia?

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Na certa o Thomas iria no mesmo mercado de sempre, então seria fácil encontrá-lo por lá. A não ser que ele tenha mudado o hábito, seria mais fácil para ver ele do que ir até a casa dele, o que seria impossível, já que o ''plano'' da Amélia não era eu dizer que desculpei logo de cara. Mas eu também nem sei direito o que fazer, quem me dirá que vai dar certo. Como eu poderia dar o gostinho pra ele perceber que me perdeu?

Estava caminhando com o carrinho, no corredor de doces, e logo avistei o Thomas. Eu não sabia muito bem o que fazer, enquanto eu estava me aproximando –como quem só estava ali para fazer compras- uma moça, com os cabelos curtos até o queixo, negros, alta demais para uma garota, e magra o suficiente para ser uma modelo, se aproximou dele. Ela o cumprimentou com um beijo no rosto, e os dois começaram a conversar. Confesso que me deu vontade de ir até lá e interromper aquela garota, por que me deu um certo ciúmes, mas me controlei. Será que fazer esse ''plano'' seria uma coisa boa? Vai que ele conheceu outra pessoa e não está mais se importando comigo, e não vai fazer diferença alguma se eu fizer isso ou não. De repente meu celular começou a tocar, tocou tão alto que até eu me assustei, percebi de relance que os dois se viraram para ver de onde teria vindo aquele som. Mas me virei mais rápido ainda pra eles não terem me visto, ou eu acho que não viram.

–Alô? –eu disse baixo demais, em um sussurro.

–Oi garota, e aí está colocando nosso plano em prática? –a Amélia perguntou animada demais, como sempre.

–Eu não sei como fazer isso Mia, mas estou tentando. - disse, ainda sussurrando.

–Por que você está sussurrando? –ela perguntou da mesma maneira como eu falava.

–Estou tentando por ''SEU' plano em prática, mas não faço a menor idéia de como farei isso, me ajuda. –dei ênfase ao 'seu'.

–Ele está por perto? –ela perguntou rindo um pouco.

–Hãm... estamos no mercado.

–Você foi ao mercado junto com ele? –ela perguntou em um tom de voz meio alto.

–Não exatamente. Eu soube que ele estava vindo até aqui, e resolvi passar para comprar alguma coisa para minha mãe. Mas acontece que eu não tenho a menor idéia do que vou fazer, eu nem pensei nisso, o que eu queria era vê-lo de uma maneira...

–Como se fosse por acaso? –ela completou minha frase.

–É.

–Continue agindo naturalmente. Eu tenho que ir, te ligo depois.

–Não... Espera, Amélia...

Ela desligou na minha cara, como se não bastasse, não me ajudou em nada, e ótimo, eu nem sei como vou agir ''naturalmente''. Quando me virei, nenhum dos dois estavam no corredor, peguei o que deveria comprar, e continuei andando. Assim que cheguei no caixa, tive que esperar a pessoa que estava na minha frente. Enquanto isso peguei uma revista que estava do lado e comecei a ler, ficava resmungando comigo mesma, o que eu tinha na cabeça pra ir atrás dele, e fingir que estava ali por acaso, o pior foi ver ele conversando com aquela anoréxica, quem será que era ela? Até onde me lembro, o Thomas não tinha nenhum amigo ou amiga, de onde ele conhece ela? Enquanto eu ficava olhando fixamente a mesma página sem prestar atenção, uma voz familiar e meio rouca falou meu nome atrás de mim. Quando me virei para ver quem era, Thomas estava me olhando com um sorriso torto, e encantador.

–Oi. –ele disse quando eu não respondi nada.

–Ah... Oi. –eu disse meio alto, e sem jeito.

''Haja naturalmente Lara, naturalmente'', repetia a mim mesma.

–O que você está fazendo aqui? –perguntei sem saber o que dizer.

A Casa ao LadoWhere stories live. Discover now