Sinto sua falta

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Já se passou um mês desde que soube que a Lara foi embora, e ao saber disso eu fiquei arrasado, ela apareceu quando eu menos esperava e mais precisava, ela mudou minha vida, a única pessoa em todos esses anos, desde a morta da minha mãe, que fez com que eu não me sentisse culpado por isso. Quando eu contei tudo a ela, eu me senti livre, eu me sentia um cara normal ao lado dela, me sentia como jamais me senti perto de qualquer outra pessoa.

As lembranças dos dias que passamos juntos, estava cada vez mais contínua. Peguei meu carro e fui dirigindo até o lugar onde a pedi em namoro, liguei o rádio, e estava passando Best Of Me Sum 41. Já tinha escutado a música, mas nunca parei para reparar na letra, e ela está dizendo exatamente como estou me sentindo. Estaciono o carro e subo o morro, me sento no chão, olhando para o horizonte. E as palavras daquela música passam em minha cabeça.

Sou tirado de meus devaneios, assim que meu celular toca e levo um susto.

-Alô?

-Querido, onde você está?

-Estou no vinhedo, aconteceu alguma coisa vovó?

-Volte para casa, eu não estou me sentindo muito bem.

-O que aconteceu? digo preocupado, me levanto rapidamente e vou até o carro.

-Eu estou um pouco tonta.

-Não saia daí, deite, eu já chego. Não faça nenhum esforço. -desligo o celular e entro no carro.

Assim que entro em casa vejo minha avó deitada no sofá.

-A senhora está melhor? -digo me abaixando para falar com ela.

-Só um pouco tonta querido.

-Vem, levante com cuidado, vou levar a senhora ao médico.

-Não precisa, já vai passar.

-Não senhora, vou te levar agora. Segure em meu braço. E não seja teimosa dona Elise.

Assim que chegamos ao hospital, não demora muito e minha avó é atendida, já que não tem muitas pessoas por ali.

-Avise seu irmão que estou aqui, e que já está tudo bem. Ele não precisa mais se preocupar.

-Como ele sabe que a senh...

-Eu liguei pra ele. -ela disse me interrompendo, e logo entrando no consultório.

Mando uma mensagem para Dylan, avisando que estamos no hospital e está tudo bem, e entro no consultório. Assim que saímos de lá, passo na farmácia para pegar os medicamentos que minha avó precisa, e de lá vamos para casa. Ao chegarmos, Dylan está sentado no sofá vendo tevê.

-Vó, como a senhora está? Me deixou preocupado. -ele diz se levantando e vindo em nossa direção.

-Não precisava. Thomas não te avisou?

-Avisei sim vovó.

-Eu vou subir e tomar um banho, tirar esse cheiro de hospital, eu já volto preparar algo para comermos.

-Não se preocupe, eu arrumo. -digo assim que ela sobe as escadas, vou para a cozinha.

-O que o médico disse? -Dylan me pergunta, assim que entra na cozinha logo atrás de mim.

-Disse que é a pressão alta, que ela precisa ficar em repouso, e tomar a medicação certa. Assim que a pressão voltar ao normal, ela pode fazer as tarefas normalmente, mas sem esquecer da medicação.

-Vou passar mais tempo em casa, caso ela precise de alguma coisa, estarei aqui.

-Não se preocupe com ela Dylan. Você sempre pensou só em você, continue assim.

-Do que você está falando? Eu sempre cuidei de você, me preocupei, e me preocupo com a minha avó.

-Sem preocupou comigo? Cuidou de mim? Essa é boa. -digo com um ar de deboche.

-Escute Thomas ...

-Escute você. O único motivo de eu não brigar com você agora, é minha avó. Ela não pode ficar nervosa, mas se não fosse isso eu arrebentaria sua cara agora mesmo. -digo num tom de raiva, mas baixo.

Dou as costas para ele, e abro a geladeira, pego o pão, queijo, e volto para o balcão para preparar algo para comer. Alguns minutos depois minha avó aparece na cozinha, e senta-se na mesa onde já está as coisas. Me sento ao seu lado, fazemos uma oração e começamos a comer.

-Onde está o Dylan? -ela pergunta colocando um pedaço de pão na boca.

-Deve ter ido dormir. -respondo sem olhar para ela.

Fazemos nossa refeição em silêncio, depois que terminamos, arrumo tudo e subo para tomar um banho. Volto para meu quarto e deito em minha cama, ouço o barulho de um trovão, e em seguida começa a chover, fito o teto sem pensar em nada, fecho os olhos e o rosto de Lara aparece. Assim que os abro novamente, vejo a luz de um raio através das cortinas da janela, me levanto eu vou até a escrivaninha e pego meu celular. Digito o número de Lara.

-Alô? -escuto sua voz no outro lado da linha, mas permaneço em silêncio.

Desligo e coloco o celular debaixo do travesseiro. Obviamente ela não saberia que sou eu, já que liguei como desconhecido, mas ouvir sua voz foi o bastante. O bastante para eu sentir ainda mais sua falta. Sinto falta dos seus abraços, dos seus beijos, do modo como me olhava, como se pudesse saber o que eu estava pensando, como estava me sentindo. Talvez eu esteja sendo um tremendo babaca, nem ao menos ouvi o que ela tinha para falar, mas eu não suporto a ideia. Meu orgulho fala mais alto

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