Cap 3

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Desde o dia que encontrei a Manuela no elevador nunca mais gravei de madrugada, na verdade não gravei mais depois das 21hrs. Sempre quando dava esse horário eu encerrava as gravações e procurava outra coisa para fazer que não fizesse barulho.

Eu estava chegando em casa da academia, quando desci do carro percebi uma discussão entre duas mulheres, tinha algumas pessoas na volta observando tudo aquilo. Me aproximei do Carlos e perguntei para ele o que estava acontecendo.

- Parece que a vizinha nova estava estacionando na vaga dessa moça. - Carlos me disse.

- Nossa, mas eu tenho duas vagas, ela não tem? Porque não empresta uma pra moça? - Respondi olhando a discussão.

- É que a moça nova também tem duas vagas, né. Mas parece que ela tava colocando por engano, mas a mulher disse que deixou aviso no parabrisa do carro dela e ela ignorou. - Ele disse.

- Então, pra quê tudo isso? Se ela não usa as duas. - Respondi.

Carlão deu de ombros e eu voltei a atenção para a discussão.

- Senhora eu já pedi perdão, eu realmente não sabia que essa vaga é sua. - Manuela disse visivelmente estressada.

- Mas faz uma semana que eu coloco bilhete no parabrisa do seu carro avisando e você não viu?

- Eu não costumo ler bilhetinhos que colocam para mim. - Manuela disse.

- Porque você é uma menininha egoísta, mimada, que não sabe viver em sociedade. Que não tem respeito. - A mulher gritava e então a Manuela começou a chorar e a cada palavra dela ela chorava mais.

- Eu não sabia. O quê você quer que eu faça? - Ela disse chorando.

- Que você deixe de ser uma garotinha mimada. - A mulher gritou e a Manuela se encolheu chorando.

- Chega, chega. Acabou o circo. Ela já pediu perdão e não vai fazer mais. - Uma outra vizinha interviu.

- Mas ela não tem respeito. - A mulher insistiu e a vizinha gritou com ela.

A mulher saiu pisando pesado e as pessoas que assistiam a discussão foram atrás. Logo ficaram só a vizinha que acabou com a briga, Manuela e eu ali. A mulher segurava as mãos dela enquanto ela chorava descontroladamente.

- Querida, acalma. Eu sou psicóloga conheço o que você está sentindo, é uma crise de ansiedade. Respira fundo que vai passar. - A mulher falava para Manuela.

- Eu não consigo respirar. - Manuela disse quase sem voz.

A mulher olhou para mim e pediu que eu segurasse a sua bolsa, ela encostou Manuela no seu carro enquanto falava com ela com voz tranquila e ensinava alguns exercícios de respiração. Aos poucos ela foi se acalmando, mas continuou chorando um pouco. Esse processo deve ter durado uns 5 minutos, eu estava preocupado com ela.

- O que você é dela? - A mulher perguntou para mim.

- Nada, vizinho só. Moro no apartamento emcima do dela. - Respondi.

- Ótimo, ajuda ela chegar na casinha dela e fica com ela até ela se acalmar mais. Eu tenho compromisso agora. - Ela disse e entregou a mão da Manuela para mim, ela parecia uma criança, nem de longe parecia aquela mulher que eu conheci no elevador.

Vizinha - T3ddyWhere stories live. Discover now