Cap 57

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Conforme os dias iam passando eu ainda não conseguia acreditar que eu finalmente estava livre. Toda vez que eu ia ao mercado, ao shopping ou passear com o Johnny na rua eu ficava tão alegre, tão eufórica que eu sentia que o meu coração ia explodir.

O Lucas ria de mim porque nos primeiros dias eu cumprimentava todas as pessoas na rua, fiz amizade com todos os vizinhos, os porteiros, com o senhor que vende pipoca no parque, mas ele nunca vai entender o quão bom é eu ser eu mesma, o quanto é maravilhoso eu não precisar me esconder.

Eu fazia questão de sair todos os dias, nem que fosse para comprar um pão na padaria. Fazia questão de tomar sol todos os dias. Era fascinante poder conversar no meu idioma com pessoas na rua, conhecer a história delas.

Alguns dias após o ocorrido a família do Eduardo me procurou para me pedir desculpas, eu tinha um pouco de mágoa deles, mas consigo entende-los, por isso decidi perdoa-los, eu não tinha espaço para ressentimentos na minha nova vida.

Alguns dias depois decidi ir ao túmulo do Eduardo, chorei muito vendo sua foto na lápide, ele era um cara incrível, com um coração gigante, apenas se perdeu no meio no caminho e encontrou pessoas ruins, mas eu prometi que iria vinga-lo e eu consegui e isso me ajuda a seguir em paz.

No mais minha vida está perfeita, consegui meu emprego de novo na empresa que trabalhava, meu namoro com o Lucas está incrível, estamos morando juntos por sinal, e é ótimo poder compartilhar dos meus dias com ele.

No momento eu estou saindo do mercado com as compras para o jantar dessa noite, mal posso esperar para estarmos os dois sentados em volta da mesa conversando sobre como foi o nosso dia e fazendo planos para o nosso futuro juntos. Lembrando de tudo que passamos e rindo muito ao perceber o quão difícil foi o nosso início.

Eu estava indo rumo ao carro carregada de sacolas quanto vi alguém vindo em minha direção, era um homem de casaco preto, era muito estranho alguém vestido assim em um dia tão quente como este, eu caminhei rápido até o carro, mas ele me alcançou.

- Sorella, sono io. - Davi disse.

- Que susto, o que você tá fazendo aqui.

- Eu precisava falar com você, fico feliz que você tenha conseguido sua vida de volta. - Ele disse e tirou o capuz da cabeça.

- Sim, pelo visto nós dois conseguimos, pena que eu quase morri nisso.

- Você é esperta, eu nunca faria aquilo se não confiasse em você. - Ele disse e eu quis bater nele.

- E o policial? Você matou um inocente.

- Uma coisa que eu aprendi com o Arthur é que para conseguir o que queremos é necessário sacrificar algumas coisas. - Ele disse com um sorriso sombrio. - Para o Arthur confiar em mim eu precisei fazer aquilo.

- Ele não merecia aquele fim.

- Eu sei, mas você era minha prioridade naquele momento. Fico feliz que você tenha encontrado o ragazzo. Spero che tu sia felice.

- Para onde você vai agora?

- Vou embora do Brasil com minha família, quando o Arthur sair da cadeia ele vai vir atrás de mim. Acho que você deveria vir também.

- Eu tenho pensado muito nisso também, mas primeiro quero aproveitar o tempo que me resta com o Lucas. Depois quem sabe eu te encontro pela Europa. - Disse e ele sorriu.

- Acho que dessa vez vai ser na Ásia. - Ele disse e nós dois rimos. - Mi mancherai, sorella. - Ele disse e me abraçou, eu nunca o vi assim.

- Te encontro daqui alguns anos, fratello. - Disse e por fim o vi sair. Esse cara vai fazer falta.

Voltei para o apartamento do Lucas triste em pensar que meu irmão foi embora. Eu sempre quis ter um irmão, já que nunca tive parentes, quando encontrei o Davi soube o que é ter o apoio de alguém, um amor puro.

Estacionei meu carro na garagem e fui até o elevador, o porteiro quis me ajudar, mas eu agradeci, as sacolas não estavam tão pesadas assim. Abri a porta e então ouvi um silêncio enorme no apartamento, achei estranho afinal eu tinha certeza que o Lucas estaria em casa, o chamei e não ouvi ele responder, sequer o Johnny latiu como de costume. Foi inevitável lembrar do dia que o Eduardo morreu, na hora meu coração disparou e eu fui procurá -lo nos cômodos.

Quando abri a porta do quarto me surpreendi ao ver vários balões em formato de coração pendurados no teto e alguns emcima da cama. No momento eu fiquei em choque e sequer me movi, logo Johnny apareceu atrás de mim, ele tinha um laço vermelho no pescoço ao pega-lo no colo percebi um anel e um bilhete escrito: "aceita casar com o papai"? Na hora eu desmoronei chorando.

- O Johnny que perguntou, eu não tenho nada haver com isso? - Ouvi a voz do Lucas atrás de mim e me virei rapidamente para ele. - Amor, você tá chorando?

- Eu nunca imaginei que viveria isso. - Eu disse ainda em lágrimas.

- Olha para mim. - Lucas disse me fazendo olha-lo. - Eu sei que você passou por muita coisa difícil, mas agora eu tô aqui e juntos nós vamos construir várias lembranças legais.

Ele disse e eu o abracei ainda em lágrimas.

- Johnny, acho que eu vou aceitar o seu pedido. - Disse olhando para o cãozinho que balançava o rabo olhando para nós dois. - Eu aceito casar com o seu pai. - Disse e então Lucas me beijou.

AGORA SIM,
FIM

Vizinha - T3ddyWhere stories live. Discover now