Cap 4

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Eu a ajudei a chegar no seu apartamento, depois abri a porta com a chave que ela segurava em mãos.

Ela chorou de soluçar o tempo inteiro, eu a ajudei a sentar no sofá e então peguei um copo d'água e alcancei para ela beber.

- Fica calma, todo mundo viu que aquela mulher exagerou. - Eu disse e ela assentiu com a cabeça segurando o copo com as duas mãos.

- Obrigada. - Ela disse e me olhou com os olhos borrrados de maquiagem e extremamente vermelhos.

- Você está melhor? - Questionei sentando ao seu lado no sofá.

- Sim, eu só tive algumas lembranças ruins. - Ela disse constrangida.

- Devem ser bem ruins mesmo. Tudo bem se você quiser desabafar. - Disse preocupado com ela, mas com uma pontinha de curiosidade.

- Eu nunca desabafei com ninguém, porque faria isso com um desconhecido? - Ela falou ainda com um pouco de soluço.

- Porque eu sou um desconhecido e não vou te julgar. - Disse a ela que respirou fundo.

- Eu estou bem. - Ela disse.

- As vezes faz bem contar.

Ela suspirou pesado.

- Se você contar para alguém eu te mato. - Ela disse e soltou o copo na mesinha de centro. - Eu terminei um relacionamento de nove anos a alguns meses.

- Sinto muito. - Respondi.

- Nós estávamos noivos, mas desde antes de noivarmos eu já não sentia mais o mesmo por ele e ele sabia disso, mas ele preparou um pedido tão lindo em um almoço com toda a família dele eu não tinha como dizer não. - Ela disse com os olhos cheios de lágrimas. - Mas eu já tinha certeza que não queria mais, então quando ele começou a falar em marcar data para o casamento eu terminei tudo, mas eu nunca pensei que ele faria aquilo. Eu sabia que ele tinha alguns problemas então eu me propus a ser amiga dele, porque eu não queria que ele acabasse com tudo. Nunca. - Ela voltou a chorar desesperadamente e então eu entendi o que ela quis dizer, eu apenas a abracei e ela chorou por muito tempo com a cabeça deitada no meu ombro.

Depois de muitos minutos ela parou de chorar e ficou apenas soluçando. Eu afagava seu longo cabelo castanho enquanto enquanto a abraçava de lado, não disse mais nenhuma palavra, acho que ela só precisava de apoio.

- A culpa não é sua. - Foi a única coisa que disse depois de muitos minutos.

- Eu tento pensar isso, mas não é o que a família dele e os nossos amigos dizem. - Ela disse com a voz anasalada depois de muito chorar. - Já faz três meses e eles ainda me perseguem, não deixaram eu ir no velório e já precisei me mudar três vezes porque eles me encontram e vem atrás de mim. Eu tenho uma medida protetiva e eles não podem se aproximar de mim, então no meu trabalho onde todos sabem da história e tem seguranças que me protegem eles não vão, mas eles me seguem até a minha casa e ficam me linchando em frente ao portão. - Ela levantou a cabeça do meu ombro e me olhou. - Um dia a polícia teve que me escoltar até em casa.

- Mas isso não pode ficar assim, você tem que processar eles.

- Eu sei, eu já fiz isso, mas essas coisas demoram, é mais fácil eu me mudar enquanto nada acontece. - Ela disse com um suspiro e ficou olhando para os seus dedos.

- Manuela, isso não é culpa sua. Em hipótese alguma. Você precisa saber disso. - Eu disse segurando seu rosto.

- Obrigada por me ajudar. Eu não sei porque você está fazendo isso. - Ela disse sem graça.

- Eu quero te ajudar. - Respondi.

Vizinha - T3ddyWhere stories live. Discover now