Cap 19

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Aquela noite nem dormi, a história da Manu acabou com meu sono, mas de uma coisa eu tenho certeza, aquela gente precisaria deixá-la em paz. Não importa o que eu precisasse fazer.

Na manhã seguinte levantei cedo e fui para a academia, até o personal fez piada por conta do horário que eu cheguei, mas eu precisava colocar  toda a raiva que eu estava sentindo por aquela gente para fora. Ninguém tem o direito de brincar com a vida dos outros assim.

Terminei meu treino exausto e voltei para casa. Quando estacionei meu carro na garagem do condomínio percebi que o da Manuela não estava ali. Pelo menos sei que ela foi trabalhar hoje. Ela ama aquele trabalho e por nada o deixaria.

Quando eu estava indo em direção ao elevador um homem surgiu de trás de um carro me chamando. Olhei e vi que era o homem da confusão de ontem.

- O que você quer aqui? - Gritei.

- Eu quero falar com você. - Ele disse se aproximando de mim

- Eu não tenho nada para falar com você e deixa a Manu em paz. - Disse e virei as costas.

- Cara, deixa eu te falar. Essa menina deve ter inventado um monte de mentiras para você. Deixa eu te esclarecer. Você tá correndo perigo perto dela. - Ele disse e eu o olhei com raiva.

- Vocês perseguem ela, fazem da vida dela um inferno e acham que ela é a perigosa. O seu irmão, seu primo, sei lá o que ele é seu morreu porque quis. A Manu não tem nada haver com isso. - Gritei.

- É mentira! Ela matou o meu irmão.

- Você tem provas? Você consegue provar o que está falando?

- Não. - Ele disse e baixou o tom da voz. - Por enquanto, mas eu vou ter. - Ele disse e eu virei as costas novamente indo em direção do elevador. - Mas você não acha estranho ela ter fugido no dia que ele morreu? Você não acha estranho ela não ter ido no velório? Você não acha estranho ela ter se recusado a depor na delegacia?

Ele disse e aos poucos eu fui parando.

- Foram vocês que expulsaram ela. - Gritei.

- Foi isso que ela te contou? - Ele riu e se aproximou de mim. - Ninguém da minha família expulsou ela. Ninguém da minha família persegue ela. A gente só quer saber porque o corpo do meu irmão foi abandonado morto na praia com dois litros do vinho favorito dela e 20 comprimidos dos remédios dela.

- Vinho branco? - Perguntei lembrando do vinho que ela sempre presenteava.

- Sim, ela sempre bebia esse vinho. Sempre presenteava nossos amigos. Sempre achei estranho como ela conseguia comprar tantas garrafas de um vinho tão caro. Talvez fosse o chefe dela quem desse.

- Como assim? -Perguntei confuso.

- Ela tinha um caso com o chefe dela, amigão. - Ele disse e eu o olhei com a testa franzida. - Sim, meu irmão ficou como você quando descobriu.

- É mentira isso. - Disse sem acreditar ainda.

- É difícil de acreditar, eu sei. Mas aqueles vagabunda enganou todo  mundo da minha família também, eu era o único que enxergava quem era ela. Tentei avisar todo mundo, mas eles só acreditaram em mim quando meu irmão se foi. - Ele disse de cabeça baixa, sua expressão de raiva se tornou tristeza.

- É mentira sua. É mentira. - Eu gritei enquanto corria até o elevador.

- Se afasta dela enquanto você tem tempo, antes que você acabe como o meu irmão. - Ele disse antes de eu entrar no elevador.

Eu estava exasperado. Só queira encontrar ela e contar as mentiras que o seu ex cunhado tinha acabado de me contar. Eu a conhecia, sabia que ela não era daquele jeito. Ela é doce, gentil e se preocupa com os outros. Ela não era aquela pessoa.

O elevador parou no seu andar e eu corri em direção a sua porta. Eu estava prestes a bater quando ela abriu. Eu sei que ela estava no trabalho, mas eu a esperaria aqui para contar tudo.

- E aí amigão. - Carlos apareceu na sala onde eu estava.

- Cadê a Manu? - Perguntei confuso. Porque ele estava aqui?

- A menina foi embora ontem a noite. Nem levou nada. Você sabe me dizer se ela vai voltar para buscar? Parece que já tem um interessado nesse apartamento. - Ele disse.

- Como assim ela foi embora? - Perguntei confuso.

- Ela deixou as chaves comigo ontem, o aluguel do mês e disse que precisou ir embora. Que a sua mãe tava precisando dela urgentemente. - Ele respondeu.

- Mas a mãe dela é morta a quase 10 anos, Carlão. - Respondi.

- Credo, Lucas. Até me arrepiei. - Ele disse esfregando o braço. - Eu não sei, foi o que ela me disse. Tenta falar com ela, vocês são amigos. Vê se ela vai buscar as coisas dela. Se não eu vou precisar me desfazer dos móveis, das roupas, de tudo.

Vizinha - T3ddyWhere stories live. Discover now