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*Samuel

Já estava cansado de ficar enfurnado dentro da van, me levanto e sigo até Bento e dou um tapa no mesmo.

- Porra, por que eu 'tô apanhando? - ele pergunta confuso.

- Porque roubou minha mulher. - respondo e Diana sorri, seguro a mão da mesma e a puxo novamente para se sentar ao meu lado. Dessa vez nos sentamos na fileira que ficava de frente para a fileira onde Bento, Aninha e Júlio estavam. - Porra, não chega nunca?

- Os 'véios ali já estão capotados. - Diana fala se referindo a Sérgio e Cláudia que dormiam na última fileira.

- Não queria falar nada não pra não assustar vocês, mas e se tiverem nos sequestrando? - Dinho pergunta me empurrando e se sentando ao meu lado. - Repararam que estávamos em uma estrada de terra? E se o jumento foi só uma distração?

- Cara, você viaja demais. - Júlio fala rindo.

- Viajo? Faz quase uma hora que estamos na van e o cara continua dirigindo, porra. - ele fala e se vira para trás para ver se o motorista tinha escutado. - Acho que vão nos roubar e descartar nossos corpinhos no varejão mais próximo.

- Roubar as roupas do corpo só se for, porque eu 'tô duro. - falo e Diana da risada.

- Somos dois. - ela fala e encosta a cabeça em meu ombro.

- Dinho tá me deixando nervosa. - Aninha fala apreensiva e Bento chuta o Dinho.

- Viu, cabeçudo? - ele resmunga. - Vamos montar um plano de ataque então.

- Certo, o plano é o seguinte... Empurramos o Sérgio em direção aos bandidos e saímos correndo. - Dinho fala e Júlio nega e bate na testa.

- Por que o Sérgio? - pergunto e Dinho me encara.

- Porque ele é o mais velho, vamos ter que fazer esse sacrifício. - ele fala e Diana o encara confusa. - 'Tá, sei que o Júlio é mais velho... Mas ele tá acordado e ouvindo o plano, azar do Sérgio.

- Mas aí a Cláudia não ia correr, ela ia tentar ajudar o Sérgio e o Sam também e eu não deixaria os dois pra trás. - ela fala e Dinho suspira e coloca a mão no ombro da mesma.

- Você tem razão. - ele força um sorriso e logo se vira para os outros. - Então sacrificamos a Diana, o Sérgio, a Cláudia e o narigudo. - ele fala e leva um tapa de Diana. - Aí, ô.

A van para e ele arregala os olhos.

- PUXEM O SÉRGIO. - Bento grita e Diana revira os olhos. - VAI LOGO, PUXEM ELE PRA GENTE TACAR ELE NO MEIO DOS BANDIDOS.

- SEGUE O PLANO, SEGUE O PLANO. - Dinho grita puxando a perna de Sérgio.

Ele, Júlio e Dinho tentavam arrancar o Sérgio da última fileira que acorda confuso e sem entender nada.

- Mas que porra é essa? - a porta da van é aberta e um homem nos encara confuso.

- Esses são os Mamonas, Jeff. - tio João fala parando ao lado do homem desconhecido e os meninos suspiram aliviados. - Pessoal, esse é o Jeff o gerente de marketing da EMI.

- Eu tenho certeza que eles vão me dar dor de cabeça. - o tal Jeff fala e eu reprimo uma risada.

- Eai, tio João. - Dinho fala sem graça e larga Sérgio, Júlio e Bento fazem o mesmo e meu irmão cai de bunda no chão da van.

- Vocês me pagam, filhos da... - Cláudia que tinha acordado no meio da gritaria tampa a boca do mesmo.

- O que aconteceu com a sua boca, rapaz? - João pergunta preocupado ao ver o corte na boca de Dinho.

- Ah, eu sofri de Ju.

- Ju? - ele pergunta confuso.

- Jumento. - ele responde rindo, Diana empurra o irmão e desce da van.

- Oi tio, João. - ela dá um abraço rápido no mesmo e quando vai se afastar ele segura seu rosto e olha o corte acima de sua sobrancelha.

- Pelo amor de Deus, vocês brigaram? - ele pergunta olhando para Dinho e Diana.

- Olha, eu nunca bateria em uma mulher e ainda mais na minha irmã, mas ela me bateria sem pensar duas vezes. - ele fala e Diana o encara brava. - Mas não nos batemos.

- O motorista quase atropelou um jumento e Samuel, Dinho e Diana que estavam na fileira da frente se machucaram quando a van freiou com tudo. - Júlio explica e João me olha e suspira.

- Mas vocês estão bem?

- Nós estamos. - Júlio responde e leva um tapa na cabeça de Sérgio.

- Ele tá perguntando pra eles, burro. - meu irmão resmunga.

- Estamos bem e nervosos, onde nós estamos? - pergunto e João sorri.

- Aquelas cinco músicas novas que vocês gravaram estão ótimas e eu já estou com o contrato feito. - ele fala e eu não consigo evitar o sorriso que se forma em meu rosto. - Mas antes de assinar o contrato, vocês vão tocar.

- Tocar? Pra quem? - Bento pergunta confuso.

- Pro pessoal da EMI. - ele responde. - Vão descer ou vão ficar aí? - ele fala e todos nós corremos pra descer. - Um de cada vez, pelo amor de Deus.

Estávamos em frente a uma chácara, o portão era enorme e estava aberto, no fundo tocava um samba o qual não consegui identificar.

- É uma confraternização com o pessoal da gravadora, o CEO está aqui. - ele explica ao nos ver encarando a chácara.

- O seu quem? - Bento pergunta confuso.

- E os nossos instrumentos? - Júlio pergunta, ignorando o Bento.

- Já estão montados no palco. - João responde e entra na chácara, entramos atrás dele e eu engulo em seco ao ver diversas mesas espalhadas e várias pessoas conversando. - Vocês três vão ao banheiro, lavem o rosto e limpem esses machucados, se precisarem de qualquer coisa é só gritar. - ele fala e nós assentimos, quando o mesmo está se afastando, o Dinho grita e eu dou risada. - O que foi isso? - ele pergunta assustado.

- Onde que fica o banheiro? - ele pergunta com um sorriso no rosto.

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Escrito: 14.12.2023

Postado: 11.01.2024


Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Where stories live. Discover now