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*Diana

Levanto e arrumo a cama de Samuel, Aninha, Bento e Júlio ainda dormiam. Saio do quarto e vejo Sérgio na cozinha, em uma mão ele segurava um jornal e na outra ele segurava uma xícara de café. Observo o mesmo por alguns segundos e acabo caindo na risada, chamando sua atenção.

- O que foi? - ele pergunta confuso.

- Você está igual um pai de família aos domingos, sem camisa, de bermuda e lendo jornal desse jeito... É um velho mesmo.

Ele coloca a xícara na pia e o jornal na mesa e corre em minha direção.

- Vou te mostrar o velho. - ele fala dando a volta na mesa, tentando me pegar. Corro e passo pelo mesmo, vou pra sala e o mesmo me segue, sinto suas mãos me agarrarem quando eu vou correr para o quarto e caímos no sofá.

Ele começa a me encher de cócegas e eu gargalho, tentando impedir o mesmo.

- Para... Sérgio, para... - ele continua com as cócegas e dá risada. - Eu vou fazer xixi, socorro.

- O banana do seu namorado não está aqui pra te ajudar. - ele fala rindo e se afasta, respiro fundo tentando controlar a respiração e a risada.

- Eu te odeio, Reoli. - resmungo ainda rindo e ele nega.

- Você me ama. - ele sorri, mas sua expressão muda. Seu sorriso era um sorriso triste.

- O que foi? - pergunto ainda ofegante.

- Você já vai fazer vinte e um anos, eu não posso acreditar. - ele se senta ao meu lado. - Já é uma mulher, mas quando olho em seus olhos ainda vejo a mesma garotinha tímida de onze anos chegando na minha casa pela primeira vez. Lembra como eu te conquistei? - ele pergunta e eu assinto.

- Com sorvete.

- O Dinho queria ir jogar futebol e teve que levar você, mas você não queria ficar assistindo o jogo sozinha e insistia para ir embora. - ele suspira e segura a minha mão.

- Você se sentou ao meu lado e me deu seu sorvete, ficou comigo até o jogo terminar e ainda brincou de boneca comigo.

- Não foi tão legal pra minha reputação, um garoto de dezesseis anos brincando de boneca. - ele fala e eu dou risada. - Mas eu faria tudo de novo, porque você me ajudou quando eu mais precisei, pitchula.

- Sério? - pergunto confusa e ele assente, o mesmo respira fundo e bate nas pernas, se levantando.

- Já estamos atrasados. - ele fala seguindo para a cozinha rapidamente, mas posso jurar que vi seus olhos marejados.

- Bom, eu vou me trocar e ir pra casa tomar um banho e me arrumar. - aviso e ele volta para a sala.

- Nada disso, toma um banho aqui mesmo e se arruma aqui.

- Mas eu não trouxe roupa e as que eu tenho aqui são roupas de dormir. - falo e ele aponta para uma sacola dourada sobre a mesinha de centro da sala. - O que é isso?

- O Sam que mandou te entregar. - ele responde e eu pego a sacola e abro a mesma, tinha um vestido branco e de alcinha dentro do mesmo. Sinto meus olhos marejarem ao ver a peça de roupa. - Deve ser importante para você estar quase chorando. - Sérgio fala e eu assinto. - Vai se arrumar e eu vou acordar os vagabundos lá dentro.

- Não chama eles assim. - resmungo e ele me encara. - Foi mal, tô indo.

Pego a sacola e corro pro banheiro antes que ele invente de me encher de cócegas novamente. Entro no banheiro e fecho a porta, tiro a camiseta de Sam e entro embaixo do chuveiro.

Considerando que eu não estava em casa, tomo um banho rápido e me enrolei na toalha de Samuel.

Olho o vestido novamente e quando tiro o mesmo da sacola, vejo um conjunto de peças íntimas na cor preta. Sorrio quando as lembranças invadem minha mente.

- Gostou? - Samuel pergunta parando ao meu lado, estávamos em frente a uma vitrine.

- É lindo. - falo ao olhar o vestido branco. - Mas olha o preço disso. - suspiro frustrada.

- Não custa nada entrar e experimentar. - ele fala segurando a minha mão, sorrio para o mesmo e quando vamos entrar na loja vejo uma menina com o mesmo vestido da vitrine.

Ela era linda, magra e com os cabelos curtos na altura dos ombros. Olho para o vestido na vitrine e nego.

- Quem sabe outro dia. - forço um sorriso para Sam que tinha um olhar no rosto o qual eu não consegui decifrar, ele apenas assente em silêncio e voltamos a andar pelo shopping.

Visto o vestido e não me olho no espelho, estendo a toalha do Samuel novamente e pego minhas roupas, saio do banheiro e dou de cara com Aninha.

- Que gata. - ela me olha de cima a baixo e abre um sorriso. - Tem namorado, gatinha?

- Tem e você também tem, loira. - Bento resmunga e eu dou risada. - Aninha vai tomar banho rapidinho, depois eu, depois o Júlio e depois o Sérgio e aí vamos. - ele explica e eu assinto.

Volto para o quarto e começo a arrumar o mesmo, levanto os colchões, dobro os lençóis e as cobertas e abro a janela. Dobro a camiseta de Sam e as roupas que usei ontem e deixo sobre a cama.

- 'Bora? - Aninha pergunta entrando no quarto.

- Vamos. - olho para a mesma e vejo que ela estava vestida com outra roupa, um shorts vermelho e uma camiseta branca. - De onde você tirou essas roupas? - pergunto e ela arregala os olhos.

- Eu... Bem... Bento foi em casa buscar. - ela responde e força um sorriso. - Agora vamos logo, nunca vi a aniversariante chegar atrasada no próprio aniversário.

Ela me puxa pela mão e sem paciência me arrasta para fora do quarto.

- Podemos ir? - Sérgio pergunta e eu assinto, vejo que Bento e Júlio também estavam arrumados.

- O Bento passou na casa do Júlio e buscou algumas roupas também. - Aninha fala como se tivesse lido minha mente. - Agora vamos que eu estou com fome.

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Capítulo escrito: 19.12.2023

Capítulo postado: 14.01.2024

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora