Episódio 05 - Liera: Pacto

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- Como se sente? – Questionou Kassandra ao notar minha inquietação.

- Há muito tempo eu não me sinto tão mal. Acho que a culpa vai me matar... Kassandra, eu não quero fazer isso! – A ousadia de pronunciar tais palavras em voz alta não aconteceria em outro contexto, tampouco com outro alguém. Confidenciar meus sentimentos mais sinceros à minha conselheira era a única forma de lidar com a ansiedade do momento.

- Eu não creio que tenhamos outra opção, mas eu estarei lá por você. Com você!

Minha conselheira me tomou pelas mãos com ternura, eu me sentia absolutamente segura em sua presença. Cassius interrompeu nosso momento batendo à porta dos meus aposentos, ele anunciou a chegada dos demais líderes:

- Eles a aguardam!

Eu fixei nele o olhar sem esboçar reação por alguns instantes, minha hesitação demonstrou mais do que eu desejava transparecer. O conselheiro não se eximiu de suas responsabilidades:

– Recomponha-se! Esteja à altura do cargo que você ocupa! – Disse ele de maneira imperativa.

Kassandra nos levou à entrada da sala comunal onde aconteceria o encontro das nações. Eu alisei com as mãos trêmulas as vestimentas que já estavam em perfeitas condições, como uma reafirmação de que a perfeição era exatamente o que esperavam de mim. O semblante caído não pesava menos que as portas imensas da sala. Eu me coloquei à frente e meus conselheiros assumiram seus lugares se posicionando ligeiramente atrás de mim, um de cada lado. O sentimento de culpa me fez hesitar uma vez mais.

- Abra as portas! – Ordenou Cassius com rispidez.

Eu sabia que ele me culpava pela maneira como escolhi conduzir as coisas, por não ter seguido seu aconselhamento e prosseguido com a solenidade em Verídia. Eu abri as portas e senti que aquele era um sentimento comum também aos líderes que me aguardavam. Os olhares questionadores denunciavam aquilo. A caminhada à grande mesa central pareceu eterna. Os ministros de Acalla se organizaram nos assentos elevados das arquibancadas que também estavam ocupadas pelos representantes das demais nações, exceto pelos outros dois regentes alocados ao centro do salão. Os conselheiros Independentes representavam a minoria dos presentes. Em maior número estavam todos os anciões exilados, o coletivo que compunha o conselho administrativo que regia aquela nação. Minha conselheira apertou meu ombro me transmitindo alguma segurança antes de assumir seu lugar próximo à Salazar.

- Regente de Acalla, é um prazer atender ao chamado das nações nestes tempos de crise.

Yuri, o regente Independente se levantou para me receber. A acolhida lançou sobre mim sensações boas, sua energia vibrava de maneira afetuosa. O contraponto estava na hostilidade exalada pela líder exilada. Leona ocupava seu lugar à mesa e também se levantou para me receber mesmo que estivesse em evidente desconforto. Ao tomarmos nossos assentos à mesa, um momento constrangedor de silêncio precisou ser rompido por Cassius que nos acompanhava da plateia:

- Senhores, é uma honra recebê-los em nossa casa. Eu agradeço em nome da regência a atenção à convocatória em um período de tempo tão curto...

- Nenhum dos clãs sob o meu comando é responsável por isso. – Leona interrompeu a fala do meu conselheiro indo direto ao ponto – As nações estão sob o pacto da paz há eras. Vocês conhecem o preço cobrado pela quebra de um pacto.

Eu suspirei fundo antes de tomar a palavra:

- Tudo bem, ninguém está dizendo o contrário, a convocatória se deu para que possamos pensar em uma solução. Juntos. Sem qualquer tipo de hostilidade ou acusações. Para sermos justos, Acalla gostaria de pedir que uma investigação seja feita na Nação... bem... em sua nação.

AcallaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang