Capítulo 21

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Na terça-feira seguinte, depois do trabalho - um dia ainda mais atribulado no salão, porque Andrea havia faltado e alguns de seus clientes pediram que Julie os atendesse -, Julie estava empurrando um carrinho devagar pelo corredor do supermercado, pegando o que era preciso para o jantar. Mike prometera cozinhar para ela e, embora a lista que ele havia feito não a empolgasse, estava disposta a lhe dar uma chance. Apesar de ele ter jurado que a comida ficaria boa, Julie não achava que algo que incluía batatas fritas e picles se qualificava como um jantar fino. Mas ele pareceu tão animado que ela não quis magoá-lo.

Quase no fim das compras, Julie percebeu que se esquecera de uma coisa. Estava examinando a seção dos temperos, tentando lembrar se Mike precisava de cebola picada ou temperada, quando sentiu o carrinho parar de repente ao esbarrar em alguém.

- Ah, desculpe-me - disse automaticamente. - Não vi você...

- Não faz mal... estou bem - respondeu o homem, virando-se.

Julie arregalou os olhos.

- Richard?

- Ah! Oi, Julie - respondeu ele em voz baixa. - Como vai?

- Bem. E você?

Julie não o via desde aquela manhã quando saíra de sua casa, e Richard parecia um pouco abatido.

- Indo - disse ele. Tem sido difícil. Tenho que cuidar de muitas coisas. Mas você sabe como é isso.

- Sim - disse ela. - Sei. A propósito, como está a sua mão?

- Melhor. Ainda dolorida, mas nada preocupante. - Então, como se apertar os dedos trouxesse de volta lembranças daquela noite, ele olhou para baixo. - Ouça, quero me desculpar de novo pelo que fiz semana passada. Eu não tinha direito de ficar tão zangado.

- Tudo bem.

- Também quero lhe agradecer mais uma vez por me ouvir. Poucas pessoas teriam feito o que você fez.

- Não fiz nada.

- Fez, sim - insistiu ele. - Não sei o que teria sido de mim sem você. Eu estava péssimo naquela noite.

Ela deu de ombros.

- Bem - disse Richard, como se tentasse descobrir o que falar a seguir. Ele acomodou a cesta de supermercado em seu braço. - Por favor, não me leve a mal, mas você está linda.

Disse isso como um amigo diria, sem segundas intenções, e ela sorriu.

- Obrigada.

Uma mulher vinha pelo corredor na direção deles, com um carrinho cheio. Julie e Richard chegaram para o lado para que ela passasse.

- Ouça, mais uma coisa sobre a outra noite - acrescentou Richard. - Acho que lhe devo algo por ter sido tão compreensiva comigo.

-  Você não me deve nada.

- Ainda gostaria de demonstrar minha gratidão. Será que posso levá-la para jantar? Só como um modo de dizer obrigado.

Julie não respondeu imediatamente e, notando sua hesitação, Richard continuou:

- É só um jantar, nada mais. Não é um encontro. Eu juro.

Julie olhou para o lado e depois para ele de novo.

- Acho que não é uma boa ideia - disse. - Sinto muito.

- Tudo bem - respondeu Richard. Só pensei em convidá-la. - Ele sorriu. 

- Então sem mágoas?

- Sem mágoas.

- Certo. - Richard deu um pequeno passo para longe dela. - Bem, ainda preciso comprar algumas coisas. Vejo você por aí?

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