Dezoito

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Aquela manhã passou como um sopro. As oito Ryan já estava pronto para acompanhar seu pai e a pequena Lizz ao médico, um tempo depois, adentraram o hospital em que sua irmã era acompanhada desde que descobriram a sua doença.

— Ei, ficará tudo bem. — Ryan tranquilizou-a enquanto passavam pelas enormes portas de vidro.

Lizz segurou mais forte a mão de Ryan. A verdade é que ela odiava hospitais. Desde que podia se lembrar eles eram excessivamente presentes em sua vida devido ao cuidado exagerado de Marcus. Uma pessoa com LLC poderia facilmente passar pelos dez anos médios em que a doença leva para se desenvolver fazendo um ou dois exames gerais por ano, mas a cada mês Marcus fazia questão de que a tortura se repetisse. Não era de tudo ruim, claro. Haviam funcionários que trabalhavam ali desde que Lizz pisou naquele hospital pela primeira vez e ela os considerava amigos, tios e tias.

O doutor Holkman sempre fora seu médico e, a cada mês, encontrava uma forma de alegra-la durante todo um dia cansativo de exames. A sua esposa havia entrado em trabalho de parto, portanto, não poderia atender Lizz naquele dia. Havia outra médica com a sua formação no hospital, Clarissa James, seria ela quem atenderia a garotinha.

Após todos os exames Lizz já estava cansada. Não poderiam pegar o resultado dos exames do último mês pois apenas o senhor Holkman tinha acesso.

— O sr. Holkman entregará a vocês os últimos e estes novos resultados. — A mulher sorriu. Seus dentes perfeitamente brancos e alinhados, a pele retinta e os cabelos crespos presos num coque bem feito no topo de sua cabeça.

— Tudo bem. Até outra hora dra. James — Marcus agradeceu com um sorriso. Estendeu sua mão para a mulher, esta que não hesitou em responder ao aperto.

— Seu cabelo é bonito — Lizz comentou, de repente.

Clarissa sorriu para a garotinha, aproximou-se da mesma e curvou-se até estarem do mesmo tamanho.

— Obrigada, docinho. O seu também é muito bonito.

Os lábios delicados de Lizz se curvaram. Ela tocou a ponta do coque de Clarissa com os dedos, meio hesitante mas ainda assim o fez.

— Elizabeth — Marcus repreendeu, embora não estivesse sério. A pequena recolheu a mão no mesmo instante, sibilava alguns pedidos de desculpas.

— Não, tudo bem — Clarisse balançou as mãos no ar em total descaso.

Lizz segurou a barra da camisa de Ryan, puxando-a em seguida. Ele a olhou.

— Parece o cabelo da Alyssa. — Sussurrou, mas não baixo o bastante para passar despercebido.

— Alyssa? — Marcus e Clarisse disseram em uníssono.

Lizz assentiu.

— Sim, a amiga que fiz no parque — Marcus fizera uma careta de desgosto por lembrar-se daquela ida ao parque.

Já não bastasse o ralado em seu joelho, também havia entrado em contato com outras crianças.

— Alyssa é o nome da minha filha — Clarisse sorriu sem mostrar os dentes.— Lizz...  — parecia pensativa, depois, estralou a língua como se tivesse se lembrado de algo. Então ela continuou: — Lembro de minha filha falar sobre a amiguinha que tivera feito enquanto estava no parque com o pai.

Os olhinhos de Lizz brilharam.

— Você é a mãe da Alyssa? — Ryan estava surpreso.

— Parece que sim.

— Posso ver a Alyssa outra vez, papai?— Saíra em tom de súplica pela garganta de Lizz.

Marcus ficou quieto. O olhar de todos queimavam a pele do homem. Ele abriu a boca uma vez mas nada saiu, depois, suspirou sob os olhos inquisidores de Ryan e esperançosos de Lizz.

Petricor| RETA FINALWhere stories live. Discover now