Vinte e sete

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Eu estava inerte em meus próprios pensamentos

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Eu estava inerte em meus próprios pensamentos. Sentado na maca da enfermaria, eu ainda não havia visto ninguém. Meus olhos fixos em minhas próprias mãos, eu finalmente sentia o ar outra vez, mas naquele momento eu odiava esse fato. Não queria ter que encarar Ryan ou Joseph e explicar isso a eles, eu não queria voltar para o colégio e notar que todos me olhariam torto. Isso era um problema meu e deveria ter continuado a ser assim, e eu jamais vou conseguir expressar em palavras o quanto me senti exposto naquele gramado. A minha alma estava despida, nua para qualquer um que olhasse. Há algo mais doloroso que isso? Corrosivo?

O pior não é Ryan ou Joe ter me visto tão vulnerável. Nem mesmo ás garotas, o que me corrói é o fato de que centenas de pessoas que não se importam comigo tenham presenciado. Um nó se forma em meu estômago e garganta a cada vez que eu penso sobre isso.

— Logan? — a enfermeira Sam chamou o meu nome.

Desviei o olhar para ela. Era uma mulher alta, devia ter cerca de quarenta anos. Sua pele era negra, seus olhos quase se fechavam quando sorria o que, de fato, não era algo que muitos sabiam. Ela não sorria nunca, e aquela parecia uma exceção. Não gostei nada disso. Visto que não respondi, ela continuou:

— Seus amigos estão aqui e desejam entrar.

Senti o meu estômago se revirar. Um frio subia por minha barriga e se espalhava por todo o meu corpo, o nó naquele momento estava instalado em minha garganta. Dessa vez eu realmente não consegui falar, então assenti.

Outra vez ela me lançou um sorriso, algo como consolo. Fiquei sem reação com o simples gesto, meus lábios se entreabriram levemente e eu desviei o olhar. Cruzei os braços sob o peito, ainda vestia o uniforme, mas sem a parte bruta. Meus lábios estavam sendo castigados com as mordidas deferidas, elas eram estimuladas pela espera. Senti meu coração gelar dentro do peito quando a porta foi aberta outra vez, contudo, naquele momento, o rosto preocupado de Joseph foi o que eu vi. Depois dele, Megan. Depois Tóquio, Ryan e Ágata.

Um a um com olhos tão inquisidores quanto carregados de... algo. Eu não soube identificar. Era novo. Algo novo no olhar de todos eles, fixos em mim.

Forcei um riso nasalado a escapar de minha garganta.

— Porque me olham com essa cara? Parece que alguém morreu. — tentei um tom divertido.

Remexi-me na maca, minhas pernas estavam suspensas no ar e naquele momento minhas mãos estavam apoiadas uma em cada lado do meu corpo, sob o tecido que cobria a maca gelada.

Ouvi um resmungo vindo de Megan, seu rosto indignado naquele momento. Balançou a cabeça em negação por alguns segundos, o riso em seus lábios não continha humor.

— Não morreu, mas poderia, Logan.

— Não foi nada. Eu só não estava me sentindo bem — tentei justificar.

Petricor| RETA FINALOnde as histórias ganham vida. Descobre agora