Trinta

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O caminho para casa pareceu levar uma eternidade. Megan quis voltar a pé, negando todas as vezes em que suas duas amigas se ofereceram para levá-la. Deu algumas voltas pela cidade, mas não estava naqueles lugares realmente. Seu coração batia de forma lenta, exatamente do modo dolorido e arrastado todas as vezes que corações são partidos.

Ela era apenas alguém que Joseph precisava despedaçar para então concluir algo tão doentio como aquela tradição.

Quem quebra corações apenas por prazer?

Certamente alguém que não tem um.

A varanda de casa nunca pareceu tão escura e sem graça, a chave debaixo do vaso não parecia querer ser achada. Tudo acontecia de forma arrastada, como se o peso de seu peito atrasasse o próprio tempo.

Antes mesmo de abrir a porta as vozes elevadas de seus pais já eram audíveis, mas ela estava entorpecida demais pra achar algum erro naquilo. Megan tirou o tênis e o deixou em qualquer lugar perto da porta, e ela nunca o fazia. Então as vozes estavam mais altas, em sua mente confusa soavam desconexas.

— Você não vai me fazer de idiota!— foi a única coisa que conseguiu pescar da boca de sua mãe antes que ela se fechasse como um túmulo.

Megan, de olhos vermelhos e molhados de lágrimas, com o cabelo preso num rabo de cavalo e o celular sendo segurado de qualquer jeito em sua mão direita, olhou para seus pais. Carlise estava de pé e próximo da geladeira enquanto sua mãe estava ao lado do balcão. Não viu seu irmão.

A ruiva franziu o cenho.

— O que está acontecendo aqui?

— O que aconteceu com você? — sua mãe devolveu no mesmo instante, havia preocupação por todo o seu rosto.

Megan tentou limpar as lágrimas, mas sabia que era em vão. Eles já tinham visto e não havia nada que ela poderia fazer sobre aquilo.

— Não foi nada — tentou sorrir, então o curvar de seus lábios morreu — porquê vocês estão brigando?

— Não estamos brigando — seu pai quem disse e Megan arqueou as sobrancelhas ruivas.

Mordeu o lábio com força. Suspirou.

— Se não querem me contar, tudo bem. Vou para o meu quarto. — avisou a ruiva.

Ela não iria conseguir ficar tão bem caso voltassem a perguntar se ela estava bem. A ruiva estava naquele exato momento em que mesmo um olhar de seus pais romperia a barreira que ela criou para cercar seus próprios sentimentos.

No quarto, de meia e com a mesma roupa de mais cedo, ela jogou-se sobre a cama. Olhou para o teto, para a luz amarelada acesa. Manteve-se na mesma posição por vários minutos, sua mente não desligava e ela odiava isso. Sentiu-se egoísta no fim de tudo, castigando seus lábios com mordidas e a si mesma com pensamentos.

O que estava acontecendo com sua família?

Nunca havia visto seus pais brigarem. Nunca os sentido tão tensos, como se o ar se tornasse mais denso a cada vez que passava pela porta de casa.

Você não vai me fazer de idiota.

Do que estavam falando?

Do que estavam falando?

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Petricor| RETA FINALDonde viven las historias. Descúbrelo ahora