4. Azriel - Shadow Preachers

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Um par de asas sempre a torna leve. O céu inteiro ao seu alcance, mas tua prisão abaixo da terra para mim é castigo. Não poderia se libertar nunca das garras que tinham sobre si. Nascer como mulher illyriana era um temor. Sobre seu próprio futuro subjetivo.
O medo sempre fez parte do dia a dia da mesma. Que, para sobreviver teve que se esgueirar pelas noites e as vezes pelas manhãs, nas estepes illyrianas, perto dos acampamentos de treinamento. Ela se ensinou a lutar e a voar, se ensinou a controlar os poderes e a viver.

Você tem aquela tesoura do sorteio
Você nunca cavou tão fundo antes
Se eu parar de tentar, nós começaremos a morrer
Você está me cortando, querido, com quem você está lutando?
Com quem você está lutando?

Fugir, era a palavra mais adequada para o que ela sempre fazia. Se permitindo ser livre as vezes, após checar se seu pai não a pegaria voando por aí e indo para longe de tudo. Mas, infelizmente, nem todos os planos são concluídos.
Confiar passou a ser uma tarefa difícil depois que sua própria mãe a entregou. Desejando que tivesse as asas cortadas. Assim como ela um dia teve, em seu primeiro sangramento.
Graças as leis recentes do Grão-Senhor, isso não fora permitido. Todavia, não afasta o fato da tortura que sofreu.

Com quem você está lutando?

Lutava consigo mesma contra a dor em suas costas nesse momento. Havia sido presa em seu próprio quarto, trancada como um animal. As janelas se foram tampadas. Móveis retirados. Uma sala totalmente suja começou a surgir com os dias. Recebiam comida dois dias na semana para aprender a não repetir o erro. Sabia que os vizinhos provavelmente já ouviram seus gritos de agonia e os de socorro que eram emitidos toda noite. O egoísmo os impediu de ajudá-la.
Se viu mais quebrada quando pela primeira vez que a porta foi aberta, sua mãe estava com uma faca em mãos.

— Você não deve ter essas asas. Deve ser igual a mim. Me faça companhia nessa dor pelo menos, filha. - Bile subiu pela sua garganta com as falas. Balançando a cabeça freneticamente enquanto tentava se afastar. Fracassando. A fraqueza em suas pernas e a dor pelo corpo, por falta de nutrientes, luz do sol e emocional abalado.
Não conseguia falar com a garganta seca, mas seu grito saiu quando a faca foi cravada em seu músculo das costas, tentando arrancar aquilo que tanto amava.

A visão ficou turva rapidamente, porém, não cedeu, virando-se com força. Se sentiu sendo recriada quando chocou contra o canto mais escuro do quarto. Respirando fundo em meio as sombras. A mãe dela estava no chão, machucada agora com a força do ataque.
Sem perder tempo, correu pela porta ainda aberta, mancando quando falhava. Erguendo as asas agora machucadas. Não sabia o que aconteceria consigo quando chegasse no lugar que pensava no momento.

Seu foco era apenas um, resistir a dor, voar e aterrissar, gritar por ajuda e esperar ser acodida uma vez.
O corpo mediano se viu caindo quando o músculo ainda com a lâmina ardeu, a adrenalina sumindo de si. Seu destino estava próximo. Acampamento illyriano. Não se aproximava de tal a muito tempo. O cheiro de suor e lama a invadiram, as luzes mais fortes fizeram sua vista sensível arder, como efeito, a fazendo despencar do ar, em terra firme. Alguns illyrianos ainda treinavam quando isso aconteceu.

Três homens no ringue, brincando uns com os outros e treinando com espadas pesadas. Nunca havia pego uma espada. Sabia se defender corporalmente de modo perfeito. Armas brancas sempre a assustaram, agora, mais ainda. Um deles gritou quando a mulher caiu tão perto.
— Então agora está chovendo mulheres?! - Uma risada ecoou logo depois, do mesmo. Um murmúrio começou quando tal não se levantou. Ainda que tentasse. O choro começou, a dor se espalhando por suas costas. Não era dor física e sim psicológica ao pensar que não teria mais o céu para si. — Você está bem, senhora? - Um estalar foi ouvido por ela. Algo parecido com um tapa.
— Rhysand, as costas dela...- Com um respirar fundo, ela se virou, encontrando dois pares olhos castanhos e um violeta a olhando. Não conseguia falar, colocando a mão na garganta e apertando-a na tentativa de emitir som, apenas tossidas de dor foram registradas. — tentaram arrancar. - Virou-se para a voz calma que falou nesse momento, parecia ser sombria, mas a trazia paz. Um pesar em seu peito diminuiu com ela, acalmando os nervos por um período. Encontrou um do par de olhos castanhos. Conseguiu concordar com a cabeça para provar a tese do outro. Testemunhando tristeza no olhar do mesmo, que se aproximou erguendo as mãos, como estivesse acalmando um animal assustado. E de fato, estava assustada.

◕݂ࣨ  𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒.Where stories live. Discover now