◕݂ࣨ 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒.

64. Rhysand - Arcade

O vazio vem de muitas formas. E sempre o tentamos preencher.
Ele vem através do perda, seja de uma pessoa ou de si própria.
Vem através da decepção.
Vem através do amor e da compaixão.

E a melhor forma de demonstrar o vazio, é a falta de reação.
E era exatamente isso que estava acontecendo.

O mundo parecia estar em câmera lenta.
Parecia receoso ao lhe mostrar isso.
O destino tinha medo de fazer você acreditar no que estava vendo.

O raciocínio demorou a ser feito, como estivesse reiniciando e analisando cada pista que estaba obvia.
E ao final, você riu.
Riu como nunca tinha feito antes.

Rindo e chorando.
Se entregando ao sentimento de ter sido enganada.
Respirou fundo, engolindo o bile que subia e mesmo que tivesse os olhos em chamas, avançou com frieza ao falar.

"Talvez seja realmente uma vadia, não é, Rhysand?"
Sabia que aquelas palavras o machucariam e por isso as proferiu.
Não teria pena.
O veneno já havia escorrido.
"Uma bela vadia. Seja da Amarantha ou qualquer outra pessoa."

Um coração partido é tudo o que restou
Eu ainda estou consertando todas as rachaduras
Perdi algumas peças quando
Eu o levei, o levei, levei para casa

Não conseguiu mais pensar quando se virou, não querendo continuar aquela visão.
Rhysand e Feyre.
Feyre por baixo dele, gemendo como uma cadela no cio.
E ele, fodendo como estivesse enlouquecendo.

Ele era seu parceiro.
Ele é seu parceiro.

Por mais de trezentos anos estavam juntos.
Você viveu com ele.
Se machucou por ele.
Se machucou com ele.

Carregou as dores dele nas costas.
Foi atacada junto da Mãe e da Irmã dele.
E quase não saiu viva.
Viveu por ele a cada segundo. Certificando-se de que ele estava bem, que conseguiria superar as coisas.

Deixou tudo de lado apenas para que o visse sorrir.
Morreu diversas vezes internamente, tentando-o salvar.

Tenho medo de tudo que eu sou
Minha mente parece uma terra estrangeira
O silêncio ressoa dentro da minha cabeça
Por favor, me leve, me leve, me leve para casa

Era como se tudo passasse devagarinho novamente.
Cada memória de você curando-o e não sendo curada.

A traição não era mais tão física quando relembrou disso.
Era moral.
Era questão de caráter que perdeu ao tempo que ficou ao lado dele.

"Mavenna, por favor, espere!"
A voz não travou seu corpo. Apenas a fez querer continuar a andar, a correr, para longe, sem olhar para trás.
Você se debateu quando foi presa. Sombras a cercaram e fizeram travar.
"Solte-me"
"Não."

Sua boca se calou, abaixou a cabeça e negou até mesmo um contato visual.

"Você precisa me ouvir."
Ignorou.
Se tornou completamente e inteiramente devota a o ignorar.
"Por favor."
Não aguentou e esvaziou, começando a rir novamente.

"Isso! Ria. Faça qualquer coisa enquanto falo."

Eu gastei todo o amor que eu guardei
Sempre fomos um jogo perdido
Garoto de cidade pequena em um grande fliperama
Eu me viciei em um jogo perdido

"Você é tão estúpido..."
Sussurrou, tão baixo que nem você mesma se ouvia.
"O que?"
"Você é um filho da puta...! Me desculpa, tia"
A última frase foi dita para o céu, em forma de respeito.

"A culpa não foi minha, ok?"
As sombras sumiram quando se moveu.
Era poderosa. E não tinha medo.
Apenas raiva.
E as emoções, aquelas malditas emoções apenas a faziam ficar mais forte.
"E de quem foi?"
"Feyre! Foi dela! Ela simplesmente... Me deixa louco!"

Arqueoou uma sombrancelha e riu novamente.
"Eu já deveria ter suspeitado."
Se aproximou do homem, o observando atentamente

"É como se quisessem me esquecer."
Recordava do que acontecerá a alguns dias.
"Não, é como se quisessem e tentassem nem lembrar de mim."
Você estava sendo ignorada de propósito. Como se estivesse no meio de um casal feito por deuses.
Mas eles, Mavenna e Rhysand haviam sido feitos um para o outro.

"Estou perdendo a mente.
Questionando o tempo.
Desmoralizando meu corpo.
Partindo tudo o que restou.
Me culpando pelo o que se acabou."

A garganta estava tão seca. Olhos agora inchados e nem percebia que chorava.
"Você estava com ela a muito tempo né?"
O silêncio se fez presente.
E quem cala, consente..
"Ela me seduziu.."
"Claro, uma mulher de vinte e um anos, que virou feerica a um ano, te seduziu. Com que poderes já que não sabe nem controlar?"

Questionou, o empurrando em direção a parece, não se importando quando a destruiu.

"O esquecimento é frio.
O aconchego já se foi.
O caminho de volta tapado."
Gritava agora.
Com ódio.
Ódio de amar.
Ódio de acreditar.
Ódio de cuidar e ficar...
"Você me tirou tudo! Me deixou sem nada e agora, terminou com o serviço de me destruir."

"Não há nada a fazer quando se perde parte si.
Ainda mais, quando já se encontrava no limbo."
Se afastou e balançou a cabeça negativamente.

O coração palpitava e não sabia mais como conseguiria resistir a aquilo.
E tudo se intensificou quando no final do corredor identificou o resto dos amigos calados e quietos, tão magoados e decepcionados quanto a si própria.

Tudo o que sei, tudo o que sei
Amar você é um jogo perdido

"Sabe?
O esquecimento...
O esquecimento é a solução."
Virou-se para ele, com um sorriso falsamente alegre.
Viu o mesmo aliviar a tentar, mesmo que um pouco.

"Talvez possamos ressurgir um dia..."
Falou baixinho..
"Mas do frio, só se saem corpos."
Ergueu a cabeça.
Sabendo que nada venceria o ódio naquele momento.
Um sorriso brilhoso corria pelos próprios lábios.
Vitorioso.

Quantas moedas há na máquina?
Desistir de nós não demorou muito
Eu vi o fim antes de começar
Ainda assim, segui, segui, segui em frente

"Eu me sinto tão cansada. Estúpida, entende? Por não ter percebido antes esse seu joguinho barato."
Agora, a raiva era de si própria, mas passaria.
"Realmente caindo aos pedaços. Assim que me sinto.."
Desabafou, virando para os amigos. Acenou com a cabeça para que o círculo íntimo se aproximasse. Mas não o fizeram.
"Será que poderia se afastar de mim e me dar espaço?"
Pediu ao perceber Rhys se aproximando.
"Ou talvez dar esperança de encontrar algo como o desafio que é ser amado por alguém que não será como você, um desgraçado..."

O desprezo.
Você sabia perfeitamente que o desprezo destruía a confiança e autoestima dele.
Destruiria qualquer chama que talvez ele ainda achasse que estivesse acessa.

O desprezo e o nojo pela podridão que ele se tornou ao trair aquela que dormia ao lado do mesmo todos os dias.

"Se você consegue trair até a pessoa com quem se deita toda noite. Não é merecedor de respeito algum."
Disse antes de se virar e começar a andar, sem olhar para qualquer outro ser.
Caminhar e caminhar.
De cabeça erguida como sempre deveria estar.

Tudo o que sei, tudo o que sei
Amar você é um jogo perdido
Oh-oh-oh-oh, oh-oh-oh-oh
Tudo que eu sei, tudo que eu sei
Amar você é um jogo perdido
Eu não preciso dos seus jogos, fim de jogo
Me tire dessa montanha-russa