Saída sem sucesso. Corrida com regresso?

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Uma semana igual a tantas outras passou e o meu corpo necessitava de algo mais. Umas idas a universidade, umas horas na escola de surf e bar, casa e umas noites bem dormidas. Gosto de trabalhar na escola de surf e ir até ao bar da praia, contudo, é um pouco cansativo e chega a ser rotineiro. Eleanor não foi namorar depois de uma tarde de treinos, chegou a casa estafada e limitou-se ao sofá. Eu continuava a querer algo. Não sabia o que, talvez uma nova experiência ou apenas uma saída. Durante uma semana sem vivências novas começo a ficar psicologicamente cansada, isto é, fico instável e demasiado enérgica ou parada. Cada vez há mais alunos e isso é muito bom, todavia, e como tudo, traz consequências negativas, a falta de tempo para apanhar umas ondas. Eleanor elogia-me de pessoa mais energética que ela conheceu e volta a fechar os olhos pedindo para a deixar descansar.

Não ficando convencida que a minha noite de sexta se resumiria ao meu corpo confinado num apartamento moderno ligo a Thomas e a Bruce e combino uma curta saída.

À hora marcada estávamos todos no bar escolhido por Thomas. Eleanor já tinha despertado um pouco e talvez Thomas ainda a convencesse a aproveitar um pouco da noite. Ela estava realmente cansada mas um banho e o pouco que ela dormiu servia para recuperar parte das energias - espero eu!

- Vou buscar bebidas! – Ofereci-me perante a falta de vontade dos meus companheiros. Levantei-me em direção ao balcão onde pedi bebidas para todos a um rapaz de cabelo vermelho. Pouco depois, enquanto as bebidas eram pousadas no balcão, uma mão é também pousada no meu rabo e começa gradualmente a fazer força numa espécie de apalpão.

- Bruce?! - Pergunto enquanto ponho a mão no cinto dele e sorriu ao barman que espera pelo dinheiro.

- És sempre a mesma!

Bruce reclama enquanto me agarra a cintura. Entrego o dinheiro ao individuo atrás do balcão e aguardo pelo troco já com as mãos nos copos.

- Só podias ser tu. – Guardei o troco pousado no balcão e estendi dois copos a Bruce ignorando o beijo no meu pescoço. - Achas que existe algum pervertido neste bar além de ti? Ninguém me faria isso...

- Podia ser qualquer um que tu deixavas, nem sequer olhaste. – Bruce, de copos na mão e boca perto da minha pele preparou-se para mais um beijo.

- E tu que não te queixasses...- Desviei a cara da sua boca e encarei-o pouco amigável. - Não estavas demasiado cansado para vir buscar bebidas?

Consigo ser uma das melhores pessoas, consigo ser uma das piores pessoas, consigo até ser o equilíbrio, basta saberem lidar comigo e não darem demasiada importância a aspetos irrelevantes.

- Jennifer...- Ele sussurrou com uma cara adorável ainda a olhar-me.

Bebi de um copo sem retirar os olhos dele. Só queria ver as suas reações, o futuro estava já delineado. O surfista trincou o lábio, nervoso e provocador. Agarrei-lhe a mão e caminhei em direção às casas de banho.

- Eles vão perceber...

Questionei-me mentalmente o porquê de eu não reagir da forma impulsiva - um revirar de olhos ou um comentário sarcástico seria ótimo – e porque continuava em aventuras sexuais com este surfista.

Ignorei simplesmente e deixei que as minhas vontades fossem feitas sem pensamentos alheios. Entramos na casa de banho e tranquei a porta impedindo a entrada de qualquer pessoa na casa de banho masculina. Bruce veio provocar e, embora não fosse esta a ideia dele, agora ia levar comigo. Mesmo não tendo pensado em algo tão radical, ele não se mostrou atrapalhado em relação às minhas ações – talvez por isto estivesse com ele.

Já tinha pegado em mim e posto em cima do pequeno balcão onde tinha os lavatórios das mãos. Já nos beijávamos intensamente e as minhas pernas prendiam-no quando retirei a minha blusa. Podia fazer o que quisesse, tinha sinais para isso, só não podíamos demorar uma eternidade. Foi então que começou a fazer um trilho, do pescoço às mamas onde parou, e a minha mão livre foi até ao pénis ereto de Bruce. Pediu que lhe desapertasse as calças e assim o fiz. Não só as desapertei como as baixei em conjunto com os boxers, acariciei a sua fonte de prazer ao sentir os lábios molhados a chuparem a minha pele morena com pouca força e, quando a porta esteva prestes a ser arrombada, vestimo-nos e saímos com as bebidas nas mãos.

Analisei o rapaz sem expressão e sem fala, demasiado envergonhado para levantar a cabeça e ri. Ao chegar à mesa deparamo-nos com um casal meloso que parou as demonstrações amorosas ao ouvir o barulho dos copos na mesa. Estava tudo tão calmo, a cavaquear assuntos aleatórios e desinteressantes, e eu tão cheia de energia.

(...)

A ideia de libertar energia ou vivenciar boas sensações não me tinha abandonado. Eram já 3 horas e o meu cérebro por desligar. Ele sabia que teria um fim de semana para descansar e que podia, mais uma vez, deixar que hormonas como a adrenalina fossem libertadas.

Irracionalmente, preparei-me para uma corrida noturna solitária e aconchegante, sai sem fazer barulho e pisei a rua molhada e silenciosa.

Inconscientemente ou não tinha estabelecido um percurso menos aleatório nas últimas corridas feitas e, embora a probabilidade de o encontrar seja mínima, segui-o. O indivíduo do sorriso admirável parecia ter um percurso estabelecido e a junção dos dois culminava num encontro quase certo. Somente uma semana passou e já sorri mais do que no resto do mês, pois as boas energias que o rapaz transmite não conseguem não me afetar. Ele parece incrível e por muito cliché que isto seja algo em mim indica-me que faremos história, talvez juntos, talvez separados, faremos.

O escuro dominava a noite, não chovia mas o chão permanecia molhado, o frio aumentava e a minha determinação também. Nunca parei, seria pior e afinal o que eu queria era isto. Sensações nunca antes vividas, perigo, adrenalina e mais um pouco de cansaço.

Alguém assobiou alguns metros atrás e o meu nível de satisfação aumentou sem sentido algum. Não olhei, certamente seria um bêbado a tentar meter conversa, todavia retirei os olhos e agucei o sentido da audição. Os passos aproximavam-se rapidamente e um arrepio, como se fosse corrente elétrica, circundou o meu corpo.


***

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