"[...] Foi tudo muito rápido, porém eu vi o trem vindo em nossa direção, cortando o meio da pista, me fazendo correr, por entre os passageiros... Até que tudo se tornou turvo, barulhento, com um gosto de ferro... E apenas o seu olhar me vinha em men...
Após o acidente, parece que o mundo virou de cabeça para baixo...
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A Lili foi encontrada em meio as ferragens, junto com alguns corpos sem vida. Desacordada, coberta de hematomas por todo corpo, cinco costelas rachadas, um machucado próximo a clavícula direita, várias escoriações leves no rosto e as duas pernas quebradas. O coma, segundo o neurologista do Medical Center de Londres, foi devido ao choque do acidente, que se confirmou, após ela conversar com o doutor Josh. Já que ela não sofrerá nenhuma contusão craniana.
As primeiras três horas após ela despertar, foram as mais difíceis. Pois era óbvio que ela estava chocada com o que aconteceu.
Os três primeiros meses, eu vivia de idas e vindas de Londres para Newcastle. A mamãe vivia no hospital, quando eu não estava. O Henry segurou as pontas em Newcastle, a me ajudar com os casos, porém conforme a situação do Covid-19 foi se agravando, ele se mudou para País de Gales com a esposa e os seus pais.
A minha linda, estava em um coma sem perspectivas de melhoras, porém estava bem dentro do possível. Os médicos trataram as lesões com excelência, assim como com o auxílio da fisioterapia.
Porém, eu comecei a me preocupar com o avanço do Covid, e resolvi comprar uma casa em York. Organizei tudo da Lili, quase botei o hospital a baixo para tirá-la de lá. Pois não ia suportar vê-la intubada, caso ela pegasse a gripe. Por mais que ela estivesse bem, devido aos cuidados de saúde, ela estava vulnerável. E também tinha a mamãe que já tem uma certa idade. Então, a poucas semanas do governo inglês decretar a quarentena eu trouxe ela para o nosso novo lar. Onde ficaríamos isolados a nós cuidar e cuidar dela.
A mamãe fazia tudo que era necessário, para tornar esse período, da minha amada, mais confortável. Desde o banho, o cuidado com alguns curativos, pois ela ficou muito tempo deitada e com as sondas...
- Aí que aliviou... Eu preciso escovar os dentes urgentemente. - ela falou, após a mamãe tirar as sondas do seu corpo. Me fazendo levantar, dos degraus do corredor, que levavam para quarto, que ficava em uma área mais baixa, do restante da construção da casa com arquitetura típica inglesa vitoriana.
- Eu posso entrar? - perguntei, a bater delicadamente na porta. A ouvir os passos da mamãe e da enfermeira que viera do hospital da cidade, para levar os equipos e os aparelhos.
- Claro, meu filho. - a mamãe respondeu, me fazendo adentrar o quarto com cautela.
Tivemos alguns segundos juntos, após o seu despertar. E eu não poupei zelo a lhe acalmar. Porém, nós dois sabíamos que precisávamos conversar sobre tudo isso, mas principalmente sobre a nossa relação... mas, especificamente sobre nossos sentimentos.
- Eu vou levar tudo para hospital. Na terça-feira a senhorita Clarence, virá para realizar a fisioterapia. - a enfermeira falou para mamãe, a levar os equipamentos em uma mala com rodas. - Eu deixei as muletas e o andador, no hall de entrada. - acrescentou, a passar por mim.
