12. KHAOS

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Três meses depois

Foram semanas conturbadas, por conta da pandemia.
Estávamos reclusos em casa, a procurar o que fazer, por sorte que a faculdade da Lili, retomou as aulas pelo sistema EAD.
A mamãe vêm auxiliando com seus conhecimentos em enfermagem, alguns vizinhos, que conseguiram vencer a Covid-19, porém ficaram com sequelas.
Eu voltei a trabalhar, vagarosamente, por home office, mas muitos órgãos jurídicos e governamentais, ainda estão de quarentena.
E ainda estou na volta do Mustang a reformá-lo.

O verão já havia nós deixado, e o outono trouxe alguns dias calorosos, dos quais, me fizeram esquecer por alguns segundos, esses meses de reclusão. Então, como a Lili já estava completamente recuperada a caminhar e até mesmo correr, ela começou a aprender a dirigir, e nos tiramos um sábado pela tardinha, para irmos a praia...

Ela saiu da água a torcer as madeixas, vindo até a mim com um andar calmo, a resvalar o olhar pela praia deserta.

- Oi, amor. - saudou com carinho, a tocar em meu peito, a contornar o meu corpo, a me abraçar por trás.

A nossa relação estava andando a passos lentos... Um pouco por minha culpa.

A Lili foi decidida em realizar a terapia, se libertando de vez de muitos traumas, gatilhos e medos.
Vinha agindo com mais naturalidade, principalmente intimamente. Um pouco por conta do tal ebook sobre pompoarismo e claro, as conversas com a Yngrid e com a mamãe.
A mamãe vinha lhe ensinando jardinagem e elas fizeram um canteiro de rosas, em volta da piscina, o que rendia todas os finais de tarde as duas, a conversar e rir. Enquanto eu estava no escritório a trabalhar.

A verdade é que mesmo voltando a trabalhar, reformar o carro da Lili e cozinhar que é algo que sou apaixonado... Eu estou com depressão.

Eu nunca pensei que eu passaria por isso na vida. Nunca julguei ou critiquei que tem ou teve, pois a Lana sofria de alto e baixos de uma depressão profunda, da qual, eu sempre fazia o máximo para vê-la feliz e longe daquela sensação de vazio.

E era assim que ultimamente eu vinha me sentindo... Vazio, realizando as coisas no automático, sem ter muitas perspectivas. Eu tinha consciência que necessitava de ajuda, mas estava com vergonha, ou talvez fosse preguiça de revelar que não estava bem.
Era mais fácil fingir que estava tudo perfeito, só para não atrapalhar.

O Henry em uma das nossas vídeo chamadas, que vinhamos realizando durantes duas vezes na semana, percebeu que eu não estou bem, porém eu desconversei.

A culpa em parte por eu estar assim e da pandemia. Eu tenho assistido a muita tevê, tenho passado muito tempo na internet. Mesmo não possuindo redes sociais, eu estou ligado as notícias, por conta de alguma novidade quanto a uma cura para tudo isso.
Uma coisa é você ler sobre, tais calamidades que assolaram a humanidade, outra coisa é você passar por isso... vivenciar na pele, tudo isso.
Eu tenho perdido o sono, a imaginar o tanto de pessoas que já partiram, as famílias a sofrer, o esforço que os profissionais da saúde tem feito.
Eu tenho realizado doações para alguns hospitais públicos de Londres, de Newcastle e daqui para tentar ajudar.

- Que tal nós voltarmos para casa, meu lindo. - a Lili sugeriu, a beijar as minhas costas.

- Claro, minha vida. - concordei, a me virar para abraçá-la de frente. A beijar sua fronte.

- Posso dirigir? - perguntou, a me olhar com carinho.

- Hum humm. - assenti a sorrir, a receber um beijo no canto dos lábios.

Nós vestimos, pois a Lili estava de biquíni e eu de calção, pegamos o cesto com frutas, suco e frutas que a mamãe nós fez trazer, e voltamos para o meu carro. Onde a Lili pegou a direção, a dirigir calmamente e com um domínio no volante de quem parecia saber dirigir a anos.

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