Capítulo 12 - Um encontro? Acho que não ❤

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Os dois se encararam por um breve momento e depois voltaram seus olhares confusos para mim ao mesmo tempo como se esperasse algo, mas pela tensão do momento esqueci o que eu deveria falar ou fazer. Mirei Bernardo e ele estava com a cara mais debochada do mundo, com certeza achando aquilo tudo engraçado. Eles continuaram me olhando então consegui enxergar uma luz.

— Esse é o Bernardo, meu amigo – Quebrei o silêncio, gesticulei com a mão apontando meu amigo que se jogou no sofá comendo uma maçã.

— Correção: melhor amigo. – Bernardo fez questão de ressaltar.

— Ah... – Vincent pareceu um pouco menos tenso. — Meu nome é...

— Vincent – Bernardo interrompeu ele.

— É, e isso – Seu olhar continuou imerso em confusão, mas preferi não prolongar o assunto. — Vamos?

— Por favor. – Não escondi a pressa de sair daquela situação. Fui guiada pelo braço até seu carro que estava cheirando a loção masculina por sinal.

Quando meu acompanhante deu partida, senti grande alivio. Acho que Bernardo estava prestes a rir sem parar da minha cara, eu nunca soube lidar com situações assim. Apesar de ainda sentir uma ponta de hesitação quanto a Vincent, não posso negar que ele tem mexido comigo.

Apoiei minha cabeça na janela e fiquei o olhando de soslaio, percebi que ele não estava com uma expressão de felicidade. Ele percebeu que eu estava olhando e deixou escapar uma risada me fazendo rir junto com ele. Aquele clima pesado já estava desfeito agora, graças aos céus.

Voltei meu olhar para o lado de fora do carro e percebi algumas luzes no céu, como se fosse um show ou festa. Depois percebi vários carros estacionados e várias pessoas por perto, a rua estava iluminada e movimentada por vários tipos de pessoas, eu podia sentir a animação deles de dentro do carro.

Pensei em falar para Vincent dar a volta, mas ele parecia saber o que fazer então resolvi continuar calada como na viajem toda, não demorou muito e ele estacionou, fiquei confusa, mas não ia questionar. Ele abriu a porta gentilmente para mim e eu sorri agradecida.

— Onde estamos? – Questionei, não gostando muito do lugar.

— Logo vai saber, vamos. – Ele estendeu a mão para mim. Apesar de não querer continuar nesse lugar lotado de pessoas muito felizes, eu peguei sua mão e me deixei levar.

Estávamos nos aproximando ainda mais do som elevado e de mais pessoas que urravam de felicidade, o que estava me incomodando internamente, mas eu não ia falar nada. Foi quando vi a entrada daquele lugar e um grande cartaz escrito "Show beneficente. Jesus mandou ajudar!"

Foi quando parei por alguns segundos e fixei meus olhos naquele letreiro ridículo. Eu senti seus olhos em cima de mim e senti sua mão me puxando, mas tirei ela de junto dele e me afastei.

Eu não sabia se era raiva ou decepção, porém eu sei que queria socar a cara bonita dele.

— Porque me trouxe aqui? – Eu mesma consegui senti meu tom de voz irado.

— É um bom lugar, é agradável.

— Agradável para quem? Eu não sou crente, Vincent e eu detesto todas essas pessoas.

—Vai ser bom Angelina, vem comigo – Ele estendeu mais uma vez sua mão, mas dessa vez eu recusei.

— Não vou não. Eu não sou obrigada.

— Porque odeia tanto eles?

— Porque você não odeia? Essas pessoas... Estão aqui para ver as pessoas no palco e não para ajudar. São falsos moralistas e hipócritas. Enquanto tem uma pessoa sem teto na esquina vocês estão com sorrisos no rosto glorificando a Deus. Falsos. – Ele pegou meu braço e eu puxei novamente.

UMA CARTA PARA MIMWhere stories live. Discover now