XIV

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Algum tempo depois, todos estavam sentados próximos a uma fogueira preparada pelos anões. A maior parte dos pequenos guerreiros barbudos já estava prestes a pegar no sono e não tardou para que se deixassem levar pelo cansaço. Apenas Kinnish e o clérigo que o acompanhava permaneceram acordados.

O clérigo, de nome Udur, havia retirado de sua bolsa alguns potes contendo fungos. Deixou o trio a sós e foi alimentar as montarias. Sua mente viajava, enquanto realizava a tarefa somente de corpo. Seu espírito conversava com as Estrelas e com os Deuses que profetizavam o que estava para acontecer. A mensagem que recebera falava sobre a clériga humana e então ele passou a observá-la, até que adormeceu em prece.

– Perdoem, Udur. – disse Kinnish. – Ele ficou desorientado quando enfrentamos zumbis que ele não podia expulsar. Questionando a fé ou algo do tipo.

– Eu sei o porquê disso, já enfrentei essas criaturas antes. – disse Flayfh. – Eles não são zumbis como vocês imaginam, ainda estão vivos. É uma espécie de enfermidade.

– O que são tais criaturas? – perguntou o anão, reclinando-se para a frente e com o queixo apoiado em sua mão esquerda e cotovelo sobre o joelho.

– Eles chamam a si mesmos de Nyax. São uma espécie de demônios de outro mundo. – respondeu. – São capazes de alterar nossos corpos, transformando-nos em uma espécie de zumbi. Daí a confusão de seu clérigo.

– Deveras, mais perigoso do que imaginávamos. – disse Kinnish. – Mas eles não foram problema, destruímos todos. Infelizmente não sobrou ninguém com vida no vilarejo, nem mesmo os nossos que deveriam nos aguardar por lá.

– Você ainda não contou o que iriam fazer por ali. – disse Gavril. – Venho viajando por alguns anos pelas planícies e é a primeira vez que vejo anões.

– Era uma missão para o templo de Enlil, mas agora não tem mais importância. – respondeu. – Não poderemos levar adiante e terei de retornar à Gamilsin.

O espadachim não se deu por satisfeito, mas decidiu não exigir muito mais respostas do anão. Era o bastante por ora, afinal as normas de etiqueta dos moradores das Montanhas Gêmeas tinham suas peculiaridades. Gavril então comentou sobre as amenidades da viagem e perguntou sobre a batalha que tiveram no vilarejo visitado.

Flayfh se manteve calada, pois sabia da intolerância dos anões para com mulheres em posição de comando. Desse modo, a clériga observava como o líder dos anões se comportava, estranhava a tranquilidade com a qual os outros membros daquela comitiva se entregavam ao sono pesado, mesmo no perigoso local que eram as planícies na região das dunas de sal.

Conforme as horas passavam, a clériga começava a sentir os efeitos do cansaço. Além disso, precisava dormir para recuperar as forças e suas orações. Seu companheiro de viagem permaneceu em animada discussão com Kinnish sobre técnicas de batalha e sobre monstros da região. A serva dos deuses então adormeceu.

Espada e Dever  - Um livro no Mundo de ThystiumOnde as histórias ganham vida. Descobre agora