Un Uomo Fatto

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Aldo

Crescer na máfia não é tão ruim se for em uma família como a minha. Meus avós, meus pais e eu sempre estivemos juntos. Com a morte da minha avó passei a ser a pessoa mais importante na vida de nonno Giácomo. Ele me ensinou tudo sobre a vida, sobre as famílias, sobre valores do sangue.

Meu pai não me deixava estar perto até que eu estivesse pronto para assumir o meu lugar na família. Ele tinha uma razão para manter-me longe. Eu era ainda um menino quando me escondi em seu carro, eu queria ir com meu pai, mas ele disse não, por isso dei o meu jeito. O carro dirigiu por horas até chegar a uma casa no campo, eu reconheci o lugar, pois, meu colega de escola morava lá, e eu já havia visitado a casa em outras ocasiões.

Estava no fim do dia, quase escurecendo. Meu pai entrou na casa e como eu não quis ser visto por ele, dei a volta por trás de modo a tentar vê-lo por uma das janelas laterais. Meu pai deu a ordem e a família inteira foi dizimada, todos morreram incluindo meu amigo. Eu não fiquei com raiva do meu pai, eu sabia que ele era homem bom e que havia algo que justificava a sua ação. Mas tive medo por eles, medo de que fizessem o mesmo com a minha família, de que eu fosse morto ao lado do meu pai.

A ideia de vê-lo morto me aterrorizava, e de repente tive medo de um dia estar no lugar do pai meu amigo, não queria ver a minha família morrer como ele viu a dele. Quando meu pai saiu eu estava tremendo chorando em silêncio, não conseguia dizer uma palavra, meu pai me pediu perdão, me abraçou forte e me prometeu que jamais deixaria que algo assim acontecesse com a nossa família. Nunca perguntei o que eles fizeram para serem punidos com a morte, e meu pai me manteve longe o quanto pode.

Eu nunca contei a ninguém, era um segredo meu e de pai, eu temi o futuro desde então, temi pelo que eu me tornaria a ponto de fazer o que meu pai fez, e temi por minha família ao me colocar no lugar daquela que eu vi morrer.

Meus pais eram os melhores do mundo, mas como casal eles sempre tiveram os seus problemas, eu via mamãe chorar pelos cantos às vezes, e via também a tristeza nos olhos do meu pai sempre que eles discutiam.

— Eles se amam filho, a vida os problemas e nem mesmo o destino são capazes de vencer o amor. — dizia meu avô.

Sempre confiei na sabedoria de vovô Giácomo, por isso mesmo que eu preferisse fugir das brigas dos meus pais, eu sabia que logo ficariam bem, e que eles fariam as pazes como sempre.

***

Meus amigos eram meu ponto de equilíbrio em meio a toda a loucura que era pertencer à máfia, compartilhávamos do mesmo destino, mas éramos um mundo à parte.

Compartilhávamos dos mesmos medos e inseguranças, e também da certeza de que não se pode abrir mão da herança, seu legado é quem você é. Pelo sangue e para o sangue você vive.

Sanguinem intus non foris é a frase que nos ensinam a falar antes mesmo de levar-nos ao seio da mãe após o nascimento. Portanto, acostume-se ou morra.

Éramos um trio e tanto, Ricco Venni era quase um ano mais velho que Jimmy e eu, eu era o do meio e Jimmy Chorão o caçula da turma. A vida de Ricco era de longe a mais difícil de todos nós, a morte de seu pai dera início a uma guerra no meio das famílias. Havia um inimigo que estava jogando com nossas vidas como peças de xadrez, quando a mãe de Ricco fora brutalmente assassinada em sua casa, seu avô ordenou a seus padrinhos, Jullius e Geena que o levassem de Vennidit, não houve tempo para despedidas.

Com a saída de Ricco, Jimmy e eu nos tornamos mais unidos, disputados pelas garotas, odiados pelos rapazes. Mas éramos temidos também. Diferente de Ricco, Jimmy e eu não éramos briguentos, mas nosso nome ia adiante de nós e eram suficientes por si só. Nossos pais estavam cada vez mais inquietos e sabíamos ser só uma questão de tempo até que nós também fôssemos atingidos.

RIZZO - Herdeiro da dor - Série Detentores - Livro 2 (completo)Where stories live. Discover now