Il Favore DelCapo

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Irina

A sorte estava lançada, não havia mais como voltar. Usei uma calça preta em vinil brilhante, e um top com renda em vermelho prostituta, como o meu batom. Esse tipo de roupa deixava os homens inquietos, mas Riccardo desdenhava, ele sempre odiou esse tipo de artifícios sensuais.

No entanto, eu precisava que ele olhasse para a minha roupa antes de olhar para a sua arma.

Fiz como o esperado, o sobretudo devia gritar — Surpresa! — pois os homens da recepção apenas riram e cochicharam um com o outro.

Subi ao último andar, como a secretária havia dito, as portas estavam abertas e o Riccardo estava em reunião no andar de baixo, seu paletó e outros itens estavam em sua mesa garantindo que ele retornaria para buscá-los.

O escritório gritava "poder" em todas as suas formas. Cores sombrias e móveis frios, falavam dele mesmo em sua ausência. Quando ouvi o som do elevador eu já estava tomando a segunda dose do brandy preferido de Riccardo Venni, Delamain Vesper era artigo insubstituível em sua coleção de bebidas. O gosto forte e amadeirado do conhaque queimava na garganta e soava doce ao final.

Eu estava sentada em sua mesa, minhas pernas cruzadas ao estilo instinto selvagem, não recepcionou que eu esperava, não foi Riccardo quem entrou, e sim uma garota mignon, de pele clara, quase dourada e seus cabelos escuros encaracolados estavam presos em uma bagunça desleixada, típico das brasileiras. No entanto, nela parecia original, belo até.

Mas o que chamou mais atenção, não foi as suas peculiaridades, e sim o espanto com qual ela me olhou.

— Que-quem é você? E o quê faz aqui? Cadê o Riccardo? — gaguejou, e eu quase ri.

— Muitas perguntas — respondi dando de ombros.

— De-desculpe o faz aqui e quem é você?

— Ah! Você deve ser a atual namorada do Ricco acredito, muito prazer sou a ex, ou talvez não tão ex assim não é mesmo? — zombei apontando para o meu corpo — aceita uma bebida? Eu adoro esse escritório, sempre tão bem abastecido.

Não que eu esperasse que ela fosse me atacar, mas sair correndo me surpreendeu. — Merda, lá se vai meu plano brilhante — tomei o restante da bebida peguei meu casaco e sai pela tangente, não era hora para lidar com uma namorada chorona, e o Riccardo podia ser bem passional quando queria.


Mas nem tudo estava perdido, eu só tinha que esperar, e torcer para não morrer até o final da noite.

O hotel Vecchio Asilo, no centro de Vennidit era uma das atrações da cidade, a contradição está no fato de que no passado freiras cuidavam de idosos e desabrigados, agora mafiosos e pessoas inescrupulosas em busca de favores das famílias se hospedavam ali.

No terceiro andar, em uma suíte na parte de trás do hotel esperei, uma taça de vinho aquecia meu estômago inquieto.

Ele cumpriria a sua promessa? Eu estaria pronta para enfrentar a fúria do capo? Não, e também não estava pronta para encarar o homem furioso que estava à porta da minha suíte.

— Jullius, que bom te ver.

Não tive tempo de completar a frase, com as costas da mão ele atingiu meu rosto, e eu cambaleei para trás, mas fui impedida de cair, pois, a mão de Jullius já estava em torno do meu pescoço e a sua arma pressionava meu ventre.

— O que diabos você faz aqui? Eu não te dei uma ordem?

— Por favor, eu juro que tenho um motivo.

— Não, não tem não — Jullius me jogou no chão com uma força brutal, minha cabeça chocou-se contra o duro carpete, e antes que eu pudesse tentar levantar, um par de botas me prendiam e me mantinham na mira da arma.

RIZZO - Herdeiro da dor - Série Detentores - Livro 2 (completo)Where stories live. Discover now