𝟎𝟏

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Carolina

Está aí, mais um dia da minha maravilhosa vida de inferno.

Sou rodeada por pessoas que gostam de mim, que me apoiam, e sou super grata em relação a isso, mas nada se compara com minha antiga vida. Aquela em que eu ainda acreditava que tinha uma família, aquela que eu achava que todos se amavam igualmente.

Fui idiota, desde o momento em que vi aquela cena, eu sabia do quão infernal minha vida seria dali pra frente.

Vi meu pai assassinando minha mãe, e ter que admitir isso e responder para as pessoas qual foi a causa ou razão dela não estar mais aqui hoje, ainda dói. Dói, como se estivessem tocando na ferida.

Prometi a mim mesma de todas as formas possíveis, que nunca mais tocaria no assunto.

Se pudesse apagar tudo da minha mente, se existisse uma luz no fundo do túnel, se cada dia que passasse algo me acalmasse, eu estaria bem. Mas a cena se repete na minha cabeça, todo o santo dia, e tudo parece lembrar do que aconteceu.

Decidi não falar nunca mais; para não ouvir minha própria voz, para não lembrar do quanto gritei naquele dia, do quanto implorei e desabei naquele chão junto da polícia e minha mãe ferida.

Minha vida nunca seria mais a mesma, e me dá pavor quando me vejo no passado, quando me lembro de que eu realmente achava que éramos uma família feliz.

Eu tenho saudade dela. Tenho tanta, que quase me sufoco de lembranças e da felicidade que todos os dias ela me trazia.

Ainda dói lembrar de tudo, mas sempre que me pego pensando no dia mais devastador da minha vida, assopro as palavras e me forço a não lembrar. Meu pai, meu próprio pai, assassinou minha mãe.

— Carol, espero que se sinta confortável na casa. Babi chega a qualquer momento, espero que se tornem bastante amigas. — Jane diz.

Eu apenas balanço a cabeça e sorrio.

É isso que faço em toda minha vida; apenas balanço a cabeça, me mantenho calada, vivo meu próprio mundo, fico encubada e enclausurada nos meus pensamentos.

— Esse é seu novo quarto, e... bom, foi o que conseguimos fazer com o quarto de hóspedes. — Ela diz.

Gostaria de poder abraçá-la e agradecer por tudo que está fazendo por mim.

Por mais que o quarto não seja aquelas coisas — e que eu provavelmente nunca me verei chamando um cômodo de "meu quarto" novamente —, ainda sim é um lugar um tanto confortável.

Mas apenas a abraço, e depois a observo descendo as escadas.

Tia Jane é uma das pessoas que respeitam meu espaço, ela não toca no assunto por minha causa. Admiro muito seu bom humor e paciência, ela sempre gosta de cozinhar e fazer os outros felizes.

Respiro fundo e entro no quarto, começando a arrumar e guardar minhas coisas.

Não estou nem um pouco ansiosa para o dia de amanhã, — sempre sou a invisível nos colégios, e não digo isso porque estou incomodada, e sim porque gosto de ser a invisível.

— Ah, então é você! — Dou um pulo de susto ao ver uma garota baixa, de cabelo nos ombros lisos e castanhos. Ela sorri pra mim, me encarando e esperando alguma resposta minha.

Estou agachada, estendendo minhas pilhas de roupas dentro do armário.

— Hum, não precisa dizer nada, tia Jane disse que você não... — Ela faz um gesto com o dedo.

Dou um sorriso, e ela me abraça. De alguma forma, seus braços curtos e magrinhos me recebem de forma acolhedora.

— Espero muito que goste daqui. Amanhã eu posso apresentar a escola pra você, e inclusive, os garotos! — Ela diz. — Quer dizer... bom, você vai entender, eu só tenho amigos meninos. — Ela sorri de novo. — Mas não vou deixar nenhum deles encostar em você, fica tranquila! — Ela finaliza.

Uau, ela fala bastante.

— Na realidade, todos eles são meio interesseiros e vivem bebendo, mas mesmo assim, os babacas são gente boa. Mudando de assunto, eu nem sabia que você era minha prima! Você sabia? — Ela diz.

Faço que não com a cabeça. Só soube da existência de tia Jane e de sua família depois que aquilo aconteceu. Desde então, esse é o único lugar que tenho para ficar.

— Certo. Vou parar de falar na sua cabeça. — Ela diz, mas assim que faz menção de se virar para a porta, se vira de novo. — Ah! Você podia ir comigo na casa de um amigo... Você topa?

Maneio minha cabeça, mas não considerei a possibilidade; a verdade é que não quero ir.

— É rapidinho... só pra você conhecer melhor o bairro, sair um pouco daqui... — Ela diz. Pode ser que eu esteja mesmo precisando sair, mas mesmo assim, acabei de chegar, e só queria ficar aqui.

Faço que sim com a cabeça, meio mal decidida, mas mesmo assim aceito.

Ela pega minha mão e começa a me guiar, mas eu a paro e olho para mim mesma.

— Você está perfeita! Vamos... — Ela me puxa.

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𝗧𝗔𝗟𝗜𝗦𝗠𝗔𝗡.

01. A fanfic foi reescrita. (Com poucas alterações).

02. Violência, conteúdo sexual, álcool e gatilhos vão aparecer aqui. Se isso te fizer mal ou desencadeie algo ruim em você, por favor não leia.

03. Aqui a LOUD não existe, assim como o casal foco (volsher) e os locais. Tudo é fruto da minha imaginação, portanto não confiem nas informações. É isso, deem mto amor p TALISMAN <3 ela é meu xodozin

 É isso, deem mto amor p TALISMAN <3 ela é meu xodozin

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©clocktawer's copyright
temporada única | reescrita.

Talisman | Volsher. [Concluída]Where stories live. Discover now