𝟏𝟖

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Carolina

Acordo e esfrego meus olhos. Arthur não está ao meu lado, deve ter tido que sair por causa do pai dele. Agradeço muito por ele ter me ajudado com meu ataque ontem. Por mais que ele não tenha dito nada, só um abraço dele já amenizou muita coisa. Me fez me sentir segura.

— Carol, você já está pronta? — Babi chega no meu quarto e pergunta. Faço que sim com a cabeça. Já estou com minha calça jeans e minha camiseta simples, como todos os dias. — Você vai assim? Eu podia te emprestar alguma coisa minha, o time de futebol vai jogar o segundo jogo hoje. Você vai ir comigo né?

Confirmo com a cabeça.

— Certo, então eu posso te trocar só por um dia? Por favor... — Ela diz. Acabo concordando, e Babi me empresta um cropped sem alça nenhuma. Faço uma careta. Me sinto um pouco pelada com esse tipo de roupa. — Não gostou? — Ela pergunta. Faço que não. — Uma camisa social é melhor? — Ela ri.

Faço que sim. A próxima peça de roupa que Babi me empresta fica melhor. Ainda sim, a abertura nos botões do peito é meio abusada, mas combina com minha calça jeans e é mais coberto. Dou um sorriso ao me olhar no espelho, fazendo um rabo de cavalo.

— Vamos? Você vai tomar café? — Babi pergunta. Faço que não, e então nós vamos andamos até o colégio. A camisa no fim de contas não é tão ruim, embora seja a coisa mais abusada que já vesti. E pelo jeito, não sou a única que percebo isso quando chegamos ao corredor.

— Carolina... — Bradoock ia dizendo alguma coisa, mas para, me olhando de cima a baixo. Sinto meu rosto envergonhar, como me envergonharia com qualquer outra pessoa que me olhasse desse jeito. A última coisa que quis e quero é chamar a atenção.

— Bradoock, para de assediar a garora! — Babi interrompe sua expressão.

— Desculpa, você sabe que não é nada disso, eu só... bom, você está linda, mas eu ia dizer outra coisa. Só ia lembrar você do trabalho. — Ele dá um meio sorriso. Concordo com a cabeça, e Bárbara me leva até seu armário.

— Carol, o Crusher me disse que vocês tem uma maneira diferente de se comunicar. — Babi diz. — Me desculpe ser intrometida, mas só quero saber se está tudo bem entre vocês. Não vou impedir nem nada, mas não vou deixar que o Crusher se aproveite de você.

Gostaria de falar pra Babi que ela está errada. Crusher não está se aproveitando de mim. Ando pensando em voltar a falar, por mais que seja um assunto delicado. Com Arthur não é difícil. Eu falo, rio, sorrio e respondo normalmente, como sempre fui. Mas quando o assunto se volta para o meu passado, tudo desaba.

Até eu me recuperar dos meus traumas passados, conseguir dizer com tranquilidade o que aconteceu, posso falar com as pessoas. Mas ainda sim, preciso ter certeza da minha decisão, porque querendo ou não, as pessoas vão perguntar sobre isso. E querendo ou não, um dia terei que explicar.

— Ele está falando coisas ruins pra você? — Ela pergunta novamente. Faço que não bem lentamente com a cabeça, para que ela tenha certeza disso. Ela acaba mudando de assunto quando o resto de amigos dela aparece. Vou até meu armário guardar minhas coisas.

— Você vai usar isso na hora do jogo? — Levo um susto quando me viro e vejo Crusher, meio boquiaberto, olhando pra mim. Não exatamente para mim, mas parece fixar os olhos em um dos botões da minha camisa. Seus olhos estão com um espécie de brilho quando olham para mim. — Vai?

— Sim, por quê? — Eu falo baixinho, pois não quero que ninguém me veja mexendo a boca. Crusher pega a porta do meu armário e tampa nós dois, me fazendo sentir o calor do rosto dele próximo do meu. Ele volta olhar para meu corpo de novo, mas ao invés de me sentir envergonhada, me sinto curiosa em saber como seriam as mãos dele em cima de mim.

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maratona 5/5

Talisman | Volsher. [Concluída]Where stories live. Discover now