𝟐𝟎

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Carolina

A arquibancada está mais cheia do que no jogo passado. Infelizmente, a previsão é de chuva, mas independente de qualquer clima, eles ainda sim vão jogar.

— Carol, eu estou conversando com os garotos, você já quer pegar a pipoca? — Babi pergunta. Eu faço que sim com a cabeça e me levanto, vou até o carrinho de pipoca e volto, a tempo de ver o jogo começar.

Os pontos permanecem estáveis no primeiro tempo, sem nenhum gol de ambos os times. Bárbara parece frustrada e prestes a entrar no meio do jogo para substituir o juiz, mas depois, no segundo tempo, quando já colocaram Crusher na linha, as coisas começam a esquentar.

O outro time chegou perto de fazer um gol, e os meninos devem ter levado aquilo como uma ameaça, pois começaram a jogar de maneira mais estratégica. Quando Crusher passa a bola pra Victor na frente do gol, ele dá um chute, e Babi pula de ansiedade, depois se senta com força, batendo as mãos nas coxas.

— Que raiva! — O goleiro defende, e Bárbara bufa, enfiando a mão na pipoca antes de voltar a atenção para o jogo de novo. Não sei o que acontece muito bem pelo lugar onde estou, mas consigo ver uma boa disputa de bola na frente do gol adversário.

E, de longe, vejo Mob dar uma gaia em um cara do time adversário. Ele a chuta na direção de Crusher, e como ele já estava bem próximo à trave, faz um gol digno de uma copa. Dou um sorriso ao ver a cena, enquanto a multidão explode em gritos.

A chuva começa a ficar bem forte, mas jogo acabou no momento em que Crusher tinha feito o gol. De longe, consigo vê-lo mexer no cabelo molhado e depois sair procurando um rosto. Eu desço da arquibancada para encontrá-lo lá embaixo, mas a chuva e a quantidade incontável de pessoas não ajudam. 

E já perdi Babi no meio da farra. Mesmo assim, fico parada ao lado dos bancos de reserva esperando que a multidão se dissipe, com dificuldade de enxergar pelos chuviscos da chuva. Quando finalmente o vejo, Crusher sorri e dá uma leve agachada para me me pegar, como se fosse um tipo de Deus ou ícone da mídia. Dou um sorriso.

Me agarro no corpo molhado dele, enquanto ele me abraça e dá um espaço entre nós para poder falar.

— O gol foi pra você... — Ele diz, sorrindo. Dou outro sorriso.

— Eu falei que você jogava bem. Se eu não tivesse vindo, não teria te visto fazer um golasso. — Eu digo.

— Eu nem sei se teria feito sem você aqui, mas... — Ele inclina a cabeça e sorri. As gotas de chuva caindo no meu rosto atrapalham minha visão. — Vem, vamos. — Ele me põem no chão e depois pega minha mão, me guiando pra fora da multidão.

— Espera... — Eu solto sua mão e pego o celular no meu bolso. Escrevo uma mensagem a Babi que fui à biblioteca da cidade e volto antes das meia noite. Devolvo o celular no bolso e Crusher me guia pra fora. — Eu vou entrar assim? Encharcada? — Pergunto. Não estou pingando como ele, mas mesmo assim, não é lá a melhor forma de visitar alguém nesse estado.

— Não tem problema... é pra isso que existem toalhas. — Ele diz, dando uma piscadinha. A chuva virou garoa, bem fina, mas perceptível. Paramos de andar pela calçada quando ele se vira para o gramado de casa grande e iluminada.

— Mãe? — Crusher entra na casa bem aquecida. Ele pega minha mão, mas eu insisto em ficar parada no tapete, porque tenho certeza que vou encharcar a casa.

— Crusher, devia me avisar quando for trazer visitas pra cá... — A mãe dele se vira e dá um sorriso ao me ver. — E você é a...?

— Caroli...

Talisman | Volsher. [Concluída]Where stories live. Discover now