𝟏𝟐

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Na hora do intervalo, saio o mais rápido possível da sala para Babi não me ver. Não que eu não acompanhá-la até o refeitório, mas é que além de não estar com fome, gostaria de me sentir familiarizada com outros lugares da escola — lugares tranquilos —, algo que até agora não fiz.

Vou até o ginásio e me sento em um dos bancos vazios. Geralmente quando não há jogos nem nada do gênero, poucas pessoas passam parte do intervalo aqui, então de qualquer forma, é um lugar tranquilo.

— Carolina? — Bradoock aparece na minha frente, com um sorriso simpático. — Tudo bem? Eu queria saber se você gostaria de fazer dupla comigo na aula de química. — Ele sorri. Eu andei pensando em fazer com Babi... mas além de ela provavelmente querer sentar com Victor, eu posso dar uma diferenciada.

Faço que sim.

— Ah ótimo, beleza! — Ele diz. Percebo que Bradoock está se esforçando bastante pra me agradar e fazer amizade comigo, então faço questão de sorrir da mesma forma.

— Eaí, Bradoock?! — Crusher aparece, subindo as escadas da arquibancada e se sentando do lado dele. De alguma forma... isso não me cheira bem. Os dois fazem um toque, mas não sei distinguir bem se Crusher parece muito animado ao fazer isso.

— Eaí Crusher? Suave? O que veio fazer aqui? — Bradoock pergunta.

— Falar com ela. — Crusher dá um sorriso pra ele, e depois pra mim. Não retribuo, apenas observo a cena.

— Falar? — Bradoock questiona.

— Nós temos um jeito diferente de nos comunicar. — Crusher responde.

— Ah. — Bradoock diz, e depois se vira pra mim novamente. — Te vejo na aula de química então. — Ele se inclina e dá um beijo na minha bochecha. Observo ele saindo, e quando desaparece pela porta do refeitório, Crusher chega perto de mim.

— Que diabos foi aquilo?! — Ele pergunta.

— Nada. Achei que você foi meio grosso com ele... — Eu digo. Ele ergue as sobrancelhas e depois dá uma risada irônica.

— Grosso meu pau! — Ele diz. — Opa, desculpa. — Ele dá um sorriso nervoso.

— Sobre o que veio falar comigo? — Pergunto.

— Ah... não é nada, eu só queria saber se você gostaria de ver ele. — Crusher dá um meio sorriso.

— Ver quem? — Pergunto.

— Meu pai. — Ele diz. Meu peito se aperta. — A gente finalmente conseguiu ter uma conversa boa em muito tempo... obrigada pelo conselho, eu realmente preciso ficar mais com ele. — Ele dá um sorriso tímido.

— De nada... você falou dele sobre mim? — Pergunto.

— Falei, e ele disse que gostaria de conhecer. — Ele diz.

— Você vai ficar feliz se eu for? — Pergunto. Não posso ir lá por simples escolha do pai dele.

— Claro! Quero que ele conheça quem anda me ajudando... com todo esse inferno que minha vida anda sendo. — Ele diz, abaixando a cabeça levemente. Pego o queixo dele e o ergo, depois coloco a mão em sua bochecha.

— Tudo bem, eu vou. Quanto ao inferno... já passei por tudo isso. Ainda passo, mas já passei por coisas piores. Pela maioria. E eu fico muito feliz em poder te ajudar. — Sorrio. Ele pega meu pulso, massageando minha pele com os dedos e beijando a palma minha mão.

— Se eu tivesse te conhecido antes... teria feito tantas coisas por você... te ajudado tanto... — Ele sorri. As palavras fazem meu coração derreter. E eu também temo que, se tivesse conhecido Crusher naquela época, talvez as coisas tivessem sido diferentes. Quando nos damos conta do que ele está fazendo, ele abaixa levemente minha mão, meio tímido.

E então me lembro do que Babi me disse... Não posso confundir as coisas. Preciso ser somente amiga dele — estou sendo amiga dele —, o tempo que ele precisar. Não sei o que devo significar pra ele, então não posso criar expectativas ou ilusões na minha cabeça.

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maratona 3/4

Talisman | Volsher. [Concluída]Where stories live. Discover now