Cap 75 - "Com Amor, Vovó"

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~ Amber ~

Após irmos todos para a casa e Dener para a sua me entregando os papéis antes, eu não sabia o que fazer com os mesmos. Não sei se é o momento para entregar para a minha mãe e nem se é o meu momento para abrir já que o dia foi totalmente pesado e cansativo. Sei que uma hora ou outra vou ter que encarar as palavras escritas nesse papel branco, porém, não sei quando. Saber que Nathalina deixou justamente isso pra mim me deixa com o coração na mão. É uma despedida? Uma consolação? Um abraço escrito? Qualquer coisa que justifique o que ela deixou que acontecesse ontem? As ideias não param de martelar na minha cabeça.

Deixei os dois sobre a cama após tirar o tênis e fui até o banheiro, tirando o vestido e praticamente me jogando em baixo da água gelada para me acordar e fazer com que o meu corpo pare de pesar a cada passo que eu dou. Preciso me desligar totalmente de toda essa história que só está fazendo a minha cabeça latejar de dor. Queria tudo para hoje, menos um enterro. Fazia anos que eu não ia em um e estava muito bem dessa forma. A pior parte de tudo, é saber que não importa quanto eu tente, não iria conseguir mudar nada disso, só talvez adiar.

Deixei que a água gelada penetrasse meu cabelo, o encharcando em questão de segundos. Ergui o rosto, deixando o líquido escorrer pelo mesmo, melhorando a dor de forma quase que instantânea. Tudo que eu preciso é apagar e me esquecer de quem sou por cinco horas e nada mais do que isso. Amanhã tem aula e aja forças para enfrentar aquele submundo anormal.

Só me resta afundar no colchão.

(....)

No dia seguinte, saí de casa um pouco mais cedo do que normal e dispensei o motorista. Fui andando para a escola, pensando na vida com o meu fone no ouvido e a cabeça embaralhando a cada esquina. Jéssica e Julie me mandaram mensagem ontem já que o Dener deve ter contado o que aconteceu, porém, não tive coragem para responder. Espero que elas não estejam muito chateadas, porque a última coisa que preciso é de discussão ou de esporro. Só quero me distrair e tentar não pensar demais nas coisas enquanto estou cercada de adolescentes gritando. Felizmente é o último ano na escola, mal vejo a hora de me formar e finalmente ir fazer a minha faculdade, que não tenho nem ideia do que fazer.

Ao ver o prédio do colégio, respirei fundo e agarrei a alça da minha mochila. Me apressei e após passar o olhar pela entrada do mesmo, não vi nenhuma das meninas. Entrei mais um pouco e logo avistei os olhos azuis intensos e chamativos de Julie. Ela demorou um pouco, mas ao me ver, colocou o celular no bolso e veio se aproximando com o cabelo rebatendo nas costas. Fiquei parada, esperando que a mesma chegasse. Quando se aproximou o suficiente, Julie sorriu de lado.

  - Achei que não fosse vir

  - Escola particular, né. Não temos o luxo de ficar faltando por acontecimentos. - Dei de ombros.

  - Como você está?

Sinalizei para o canto do pátio e fomos até o mesmo devagar, sentando na grama em baixo da sombra de um salgueiro.

  - Ah, melhor do que ontem. Vir hoje vai me distrair como sei que preciso

  - E os seus pais?

  - Meu pai não era tão próximo da minha avó, e na real acho que ela detestava ele. Já a minha mãe... - Soltei um suspiro cansado. - Nunca a vi tão arrasada

Meu "Babá"? (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora