Cap 59 - Saudades de Casa

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~ Amber ~

- Eu sinto muito, vó - Falei com a voz embargada.

Ela sorriu tristemente e piscou repetidas vezes, afastando as lágrimas que rapidamente foram limpas pelas costas da mão da mesma. Me senti incapaz de ajuda-la.

- No fundo, acho que tudo acontece por um acaso. Não acredito em coincidência, e se aconteceu, é porque deveria acontecer. Nunca ache que foi sorte, coincidência ou o seu momento feliz. Sempre acredite no destino e ele ficará ao seu lado - Concordei com a cabeça. - Talvez não do jeito que espera, e talvez nem do jeito bom, mas acontecerá. Não tenha medo de nada, menina. O mundo já é bem triste para termos medo de arriscar as únicas coisas que nos fazem feliz

- O problema é saber se vale mesmo a pena arriscar... - Falei mais rápido do que consegui pensar, sabendo que fui sim específica.

Nathalina negou com a cabeça, colocando a mão sobre a minha. Sua respiração funda fez uma lágrima escorrer pela minha bochecha.

- Se vai te fazer feliz por pelo menos três segundos, então claro que vale a pena. Quem sabe esses poucos segundos não se multipliquem por vários se você realmente arriscar?

Solucei, sentindo o meu peito derreter por dentro.

- Acredite nas estrelas, minha neta. Elas vão te guiar pelo caminho mais belo do que você ou eu podemos sequer imaginar.

Concordei, pulando no pescoço da mulher. Envolvi os meus braços em volta do mesmo, sentindo os dela darem a volta pelo o meu corpo. Sentir o seu cheiro de uma maneira tão íntima, tão sincera e tão acolhedora faz o meu coração bater mais forte. Nunca achei que teria essa aproximação com Nathalina, que se manteve afastada da família por anos e anos. Hoje eu sei o porquê, mas tenho certeza que o resto do pessoal não, o que é motivo mais do que suficiente para ser um segredo nosso.

Minha neta...

Todos se perguntam porque a mulher é tão solitária, ranzinza e excluída assim, e agora ouvindo sobre os espinhos pontudos do seu passado doloroso, posso entender o porquê. Ela não quis se afastar da família e sim do mundo, o mesmo mundo que a castigou em um casamento indesejado e tirou o melhor amigo, o filho e o amor da vida dela em questão de anos. Eu também o odiaria se a minha história não fosse apenas peças mal embaralhadas que ainda da tempo de organizar.

Que é o que eu vou fazer assim que voltar para a minha casa.

Afastei os nossos corpos e sorri carinhosamente para minha avó que retribuiu.

- Bom, chega dessa melação que ninguém aqui é chiclete e está calor - Falou se levantando e sinalizando a cabeça para a caixa.

Coloquei a foto amarelada na mesma e me levantei.

- Já que a casa está toda arrumada e o quintal perfeitamente capinado, o que acha de um piquenique?

- Jura? - Perguntei, mostrando surpresa na voz.

- Claro que sim, ainda está cedo e temos várias coisas que podem servir. Chame o Benjamin, ele vai gostar de saber que você está melhor.

Concordei com a cabeça e enquanto Nathalina foi até o seu armário guardar a única lembrança viva de que o seu amor verdadeiro realmente existiu, eu me aproximei da porta na intenção de ir para a sala e ligar para o garoto. Coloquei a mão na maçaneta, só que, a coragem não chegou. Abaixei a cabeça e mordisquei o lábio, sentindo o meu corpo ficar mais leve e com o calor irradiando pelo mesmo.

Meu "Babá"? (Completo)Where stories live. Discover now