Cap 63 - Nova Rota

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~ Amber ~

Fui para a casa na calada da noite, observando o céu estrelado e a lua crescente. Tentei não rodar muito com o pensamento e entender algumas coisas que a Julie disse, pelo menos não por agora. Sei que cada coisa dita não vai causar arrependimentos do que aconteceu, porém, não sei o que vai ser de nós duas. Passamos anos trocando farpas, mostrando os dentes uma para a outra e com isso mudando de repente me deixa confusa, sem saber como agir. Eu sei que uma das cartas está em minhas mãos, mas talvez eu tenha medo de coloca-la ao baralho.

Coloquei as mechas de cabelo atrás de ambas as orelhas enquanto o mesmo ficou batendo contra o meio das minhas costas. O vento está fraco e estou há dois minutos de casa, com a vontade de fugir me rodeando. Sei que meu pai está lá, e que está acordado também...

Não sei como vou reagir e nem sei como ele vai reagir assim que me ver. A ideia de ter outra briga, uma puta confusão e qualquer outro desentendimento deixa as minhas mãos trêmulas. As palavras que ele cuspiu na minha cara não vão me abandonar tão cedo, então preciso tomar fôlego antes de trocar qualquer que seja o cumprimento, afinal, James não é do tipo que pede desculpas pelo que diz ou que faz. Seu orgulho é bem alto, o que claro, rende qualquer que seja a discussão que ele se meta. O problema é que eu não esperava que as coisas fossem acabar desse jeito.

Minha mãe ficou tão surpresa quanto eu assim que o mesmo disse sobre sua decisão em relação ao Dener. Se Diana não tivesse se metido depois para contrata-lo, ainda mais agora que os gêmeos estão sendo obrigados a morar com ele, não sei como estariam as coisas e nem posso imaginar.

Respirei fundo quando fiquei de frente para a grande casa e suas grades na entrada. Já faz um tempo que eu me esqueci o que é ficar em baixo desse teto. Tempo que pareceu uma grande eternidade, quando foram apenas dois meses. Não sei se a familiaridade da casa vai me deixar aquecida e com saudade, ou se vai ser uma faca prestes a ser enterrada em meu coração assim que eu passar pela porta. Para ser sincera, acho que nenhuma das opções é realmente uma opção. Uma parte dentro de mim apenas acha que não vou sentir como se esse ambiente ainda me pertencesse.

E é dessa parte que eu tenho mais medo.

Apertei o interfone e entrei devagar, com cada passo queimando sobre os meus pés. Subi as pequenas escadas e quando cheguei até a porta que da para a sala, tive que fechar os olhos e esperar uns segundos enquanto a maçaneta ficou em minha mão. Meu estômago se revirou e o enjôo de antes me atingiu. Girei o punho de uma vez e empurrei, vendo a sala de cor clara quase queimar a minha visão. Esse gosto amargo de nostalgia está me deixando mais tensa a cada segundo que passa.

Olhei para todos os cantos, buscando alguém, mas o cômodo está vazio e silencioso. Não sei exatamente onde os meus pais estão, e para ser sincera, prefiro não descobrir. Me aproximei da escada e segurei o corrimão, subindo de pouco em pouco até a voz da minha mãe despertar os meus sentidos...

  - Amber?

Parei, como se ficar intacta aqui fosse uma boa ideia.

  - Vem aqui, filha

Desci a pequena quantidade de degraus que eu tinha avançado, cruzando a sala e vendo a mulher de cabelo escuro sentada em uma das cadeiras na varanda. Diana está com uma camisola vermelha, sorrindo sem mostrar os dentes pra mim. Me aproximei, sentando ao seu lado.

  - Onde ele está? - Perguntei.

  - Jantou e subiu assim que cheguei. Já deve estar dormindo. - Olhei para ela, que deu um sorriso triste.

Meu "Babá"? (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora