Cap 1 - "Babá"?

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- Dezessete anos. É isso que eu tenho, a droga de dezessete anos! Qual o problema de vocês?

Os olhos verdes intensos dela me encararam e a sobrancelha erguida continuou assim. Talvez, talvez, eu saiba a resposta disso tudo, mas definitivamente não!

- Nosso? - Meu pai desce as escadas ajeitando o terno. Caí sentada no sofá de braços cruzados. - Você fez três festas aqui, quase destruiu essa casa, teve duas multas por avançar o sinal e já teve seu carro rebocado. Só não perdeu a carteira porquê eu tenho amigos lá dentro. - Seu olhar rígido e castanho foi na direção dos olhos de minha mãe, que o encarou concordando com a situação.

Respirei fundo, desacreditando desse drama.

- Mas uma babá que na verdade é um homem? Isso é ridículo.

- Se não conseguimos te por na linha por passarmos pouco tempo em casa, quem sabe ele consiga. - Minha mãe apoiou ambos os braços reto nas costas do sofá, fazendo seu decote ficar chamativo. Meu pai é sem dúvidas um homem de muita sorte.

Revirei os olhos e coloquei ambos os pés em cima da mesinha de centro. Não tinha me acostumado com ela ainda, já que a outra quebrou na segunda festa que eu fiz, junto com a coleção de bonecas de porcelana da minha mãe quando fomos na Rússia.

Eu vi que não tinha muito a ser feito, então pus as mãos no rosto e esfreguei meus olhos.

- Essa porra é um pesadelo. - Murmurei.

- Olha a boca! - Ela me repreendeu. A encarei com uma sobrancelha erguida.

- Posso ser estuprada, sabia? - Alfinetei. Quem em plena consciência deixa um homem tomar conta da sua única filha?

Eles me observaram com indignação.

- Não fale assim. - Meu pai foi o primeiro a se pronunciar. - Ele é o filho mais velho da amiga de infância da sua mãe. Fora que me certifiquei em colocar câmeras pela casa, menos nos quartos, banheiro e na garagem. Ah, e na sala de música.

Como se isso impedisse alguma coisa, né. "Filho mais velho", esse cara deve ter uns trinta anos. Não conheço uma amiga da minha mãe que não tenha tido filho na adolescência. Ela é a única excessão.

Minha mãe se aproximou de mim, depositou um beijo vermelho - por conta do seu batom desnecessariamente caro -, e acariciou minha bochecha com o dedo, lançando um olhar carinhoso.

- Sabe que é até você completar dezoito anos, não é? - Concordei, fugindo de seu toque. - Não aja assim, filha. Sabe que ultrapassou os limites nos últimos meses, e isso é só por um tempo. Se tiver algum problema, aperte no botão vermelho do celular fixo, ele liga diretamente para seu pai e caso você não entenda o celular, vamos olhar nas câmeras.

A mesma se afastou, e então o pior aconteceu. A maldita, maldita campainha tocou de uma vez. Escondi meu rosto no travesseiro já imaginando meu tormento. É brincadeira, só pode ser brincadeira.

- Ele chegou! - Ela disse, entusiasmada.

Se gosta tanto desse homem, fique com ele você mesma, mãe. Eu não estou com paciência para aturar um quarentão que fica fazendo biscoitos, me chamando para jogar dama e dorme no sofá de boca aberta não. Isso está definitivamente longe de mim. Por que tanta injustiça? Nem foram lá tantas brincadeiras.

Meu pai abriu a porta e não me pus a olhar, ia ficar com a cara nesse travesseiro até estar morta. Era a melhor idéia que tinha me ocorrido.

- Dener, é um prazer conhece-lo, garoto.

- Senhor James, senhorita Diana, é bom estar aqui.

Eles riram.

- Sem essa formalidade, querido. Pode me chamar de Ana - Respirei fundo. - Cuide de nossa garota muito bem, ouviu?

Meu "Babá"? (Completo)Where stories live. Discover now