Cap 58 - A História de Nathalina

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~ Amber ~

Fiquei no quarto andando de um lado para o outro, prendendo e soltando o cabelo, roendo as unhas e suspirando alto. Apesar de ter odiado vir pra cá, estar com uma grande raiva da minha avó e com certeza achar babaquice o que ela fez comigo, não consigo deixar de ficar preocupada. Estou com medo de ter acontecido alguma coisa com ela depois que eu saí, afinal, a mulher simplesmente caiu sentada na cadeira com a mão sobre o peito e deixou por isso. Tentei ajudar, só que, o orgulho da mesma falou mais alto, ou talvez só tenha sido a raiva do momento.

O momento passou e Nathalina não pode apenas continuar passando mal sem me deixar ajudar. Se alguma coisa acontecer enquanto eu estiver em baixo desse teto nunca mais vou me perdoar, e muito menos a minha mãe vai me perdoar.

Encarei o relógio na mesinha vendo que passou uma hora que eu vim para o quarto. A casa está silenciosa e isso só está aumentando a minha inquietação. Tinha que ser de família o orgulho falar mais alto do que as próprias necessidades? Estou querendo ir lá e ajudar ela a força, mas não sei se devo. Vai que minha avó me manda sair de novo ou joga alguma coisa em mim. Mordi o lábio inferior pela ansiedade e o medo que estão me rodeando. Não era para uma mulher com o triplo da minha idade ser tão cabeça dura quanto eu.

Bom, agora já sei quem puxei.

Me aproximei da porta, abrindo uma brecha na mesma. Olhei para o pequeno corredor e não vi ou ouvi nenhuma movimentação, ruídos ou algo do tipo. A casa está estranhamente quieta, o que está me frustrando demais. Abri totalmente a porta, andando na direção da sala vazia e em seguida para a cozinha que também não tem ninguém. Me apressei em ir para o banheiro que também está vazio como o quintal e até mesmo o sótão. Dei uma olhada rápida na rua que não mostrou nenhum sinal de Nathalina.

Respirei fundo e tentei engolir o nervoso ao lembrar do quarto dela, que minha avó fez questão de dizer que é proibido entrar lá desde o momento em que cheguei aqui. Se a mesma não estiver nesse último cômodo, então não sei se ligo para a polícia ou para a minha mãe. O problema é dizer o que aconteceu sem mostrar que no fundo foi um pouco de culpa minha, apesar de não ter nenhum remorso alojado em minha garganta. Nathalina pode ter passado mal, só que, no fundo eu sei que ela mereceu aquelas palavras.

Não consigo me arrepender.

Parei de frente para a porta de madeira e aproximei a mão da maçaneta, a segurando com medo de um ruído estrondoso que faça minha avó dar um pulo de lá e vir para cima de mim. Suspirei silenciosamente, girando o punho devagar e ouvindo o chiado da madeira contra o meu toque. Não pensei duas vezes em empurrar a porta, vendo o escuro do quarto ser invadido pela luz fraca do corredor.

Minha atenção foi para a mulher sentada no chão, de costas pra mim. Em seu colo, uma caixa rústica e com a aparência bem antiga. A tinta que da para notar que já foi azul, agora está totalmente desbotada em quase todos os lados, dando espaço para o marrom da madeira. Fiquei com o olhar ali, apenas observando de longe até Nathalina virar o rosto para o lado.

  - O que foi? Não cansou de dar uma de rebelde e veio aqui buscar uma outra confusão? - Sua voz amarga me fez pressionar os lábios. - Bom, saiba que não estou com cabeça para outra discussão, menina. Já falou o que queria, então pode ir embora.

Meu olhar continuou sobre ela por mais alguns segundos até eu acender a luz do quarto, fechando a porta atrás de mim. Me aproximei lentamente, com medo de um grito, xingamento ou um movimento bruto, mas a mulher permaneceu parada, com a atenção sobre a madeira desgastada em seu colo. Sentei ao seu lado em silêncio.

Meu "Babá"? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora