Capítulo 30

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Vila Estrela (Morro do Papagaio), MG
12:48 PM

Onnika: eu já volto, tá bom? -sussurrei no ouvido do TH que balançou a cabeça assentindo.

TH: não quer mesmo que eu vá contigo?

Onnika: não, ta traquilo, eu já volto.

TH: cuidado. -me deu um selinho e eu fui saindo.

Fui andando até o banheiro que o Thiago tinha dito que ficava logo aqui perto, por incrível que pareça estava vazio.

Entrei e peguei meu batom que estava no bolso, já tava ficando toda destrambelhada sem nem fazer esforço.

Terminei de passar quando ouço a porta ser aberta, na mesma hora meu olhar vai em direção e surge um homem alto, com uma bermuda e blusa preta que eu me recordo de já ter visto.

: Onnika? foi uma homenagem a sua mamãe ou você só não tem criatividade?. -disse cruzando os braços e se encostando na porta.

Onnika: isso é um banheiro feminino, tem como você dar licença?

: para de ser sonsa, Ananda! -alterou o tom de voz.- eu reconheceria até em um carnaval de Salvador.

Onnika: boa, C7... ou você prefere que eu te chame de papai?

C7: eu só vim aqui pra te avisar pra ficar fora do meu caminho, entendeu? -veio em minha direção ficando frente a frente comigo.- porque eu não pensarei duas vezes em te tirar dele.

Onnika: claro, quem sou eu pra tentar contra você e a sua lindíssima família, né? -levanto as mãos em forma de rendimento sem desfazer o contanto visual.- uma garota que deve ter mais ou menos a minha idade, uma criança com o mesmo nome que o meu... que família!

C7: pra quem virou mulher se bandido, você ta bem ousada, não acha? -segurou meu rosto com uma certa força.

Onnika: me solta, César! -disse tentando tirar a mão dele do meu maxilar.

C7: tenho certeza que aquele fraco do Perigo não teve coragem de fazer nada com você. -dou um sorriso debochado.- não fez comigo, quem dirá.

Onnika: eu já mandei você me soltar! -dei um chute no seu joelho que fez ele bambear um pouco, mas mesmo assim não me soltou.

C7: fica quieta, Onnika. vai que o seu amando TH ouve e vem aqui saber o que está acontecendo, né? eu vou ser obrigado a falar a ele que você é minha filhinha, que seu nome é Ananda, coisa que só por sua cara de nervosa quando me viu já sei que ele não sabe.

Onnika: nervosa porque pensava que você estava morto, seu lixo! não engravidando garotas que parecem ser sua filha.

Assim que terminei de falar sentir meu rosto quente junto com o estalo, reação do tapa que ele tinha me dado no rosto.

C7: não atreva nunca mais abrir a boca pra falar da minha família! -voltou a alterar a voz.

Onnika: por que? te ofendeu? -voltei meu olhar pra ele que estava mais afastado.- você não merece a ingenuidade que aquela garota tem, você não merece nada aliás -fui chegando cada vez mais perto dele.- uma coisa que você merece queimar da pior forma possível, seu nojento.

C7: cala a porra da sua boca -suspirou alto me encarando como quem iria voar em cima de mim a qualquer comento.

Onnika: você me ofereceu pra pagar seus vícios, sua filha! até o momento era a única. -voltei a ficar cara a cara com ele.- César, eu tenho nojo de você, nojo! você é digno de pena. tenho receio do futuro que aquela garota vai ter com aquela criança.

Ele iria abrir a boca pra falar mas antes mesmo disso o interrompi.

Onnika: tenho cinco anos de terapia, cinco anos que choro quando meu aniversário chega. você tirou de mim a melhor parte da minha infância, a minha adolescência. eu tenho diversos traumas e a culpa é sua!

C7: esse seu discurso de vítima não me comove.

Onnika: vítima não, nunca tive tempo pra ser vítima. independente do efeito que as suas merdas fizeram comigo eu não fui vítima, sabe por que? desde o primeiro dia dentro da casa de um dos maiores tráficantes do Rio de Janeiro, sem nem ao menos o conhece, depois de ser oferecida como puta para o mesmo, eu parei! no outro dia tava atrás de algo para fazer, pra ajudar já que não tinha nem um real no bolso.

Ele suspirou alto e tirou o contato visual olhando em direção as pias que tinham no banheiro.

Onnika: ta vendo aqui? -apontei para as minhas veias no braço.- pode até correr esse sua sangue sujo, mas também corre o da dona Fátima e da dona Priscila, eu não fui criada pra ser vítima, entendeu? a melhor parte disso tudo é poder dizer que hoje tô aqui, uma mulher de 20 anos, linda, saudável e bem cuidado e sem depender de ninguém, muito menos de um merda como você.

C7: você é iguazinha a ela, igual a Priscila. Fátima criou ela assim, ousada, sem medo de ninguém e foi por isso que ela acabou daquele jeito. sem uma amiga, namorado, família afastada, do mesmo jeito que tinha sido com a sua avó. elas só tinham uma a outra, porque ninguém suporta esse jeito ridículo de vocês. -ele deu um risinho me olhando.- você não deve lembrar como sua mãe morreu, né? o motivo dela ter colocado a sua vida, da sua avó e a dela em risco.

Onnika: do que você ta falando? cala a boca!

C7: ela matou a sua avó e se matou por causa de briga boba de transito, ela fechou um cara sem querer, ele disse que isso tinha sido porque ela era mulher e a bonita que não conseguia ouvir nada de ninguém foi atrás dele pra tirar satisfação.

Onnika: você não estava lá pra saber disso, cala a porra da sua boca, entendeu?

C7: ocorreu processo judicial, Ananda. por incrível que pareça sua mãe era um advogada importante e a morte dela não poderia ficar sem um culpado. fizeram de tudo, mas ninguém pode culpar ninguém por uma doida acelerando um carro.

Onnika: eu já mandei você calar a sua boca, velho infeliz. -cuspi no rosto dele e o mesmo voltou a sorrir.

C7: não temos mais nada pra conversar, Ananda. antes de pensar em entrar no meu caminho lembre-se que eu não vou pensar duas vezes em te tirar dele, principalmente porque seu passado te condena, né? ou você acha que eu ja não percebi que tem algo de muito errado nesse seu "relacionamento" com o dono fo Vidigal? pior inimigo do Perigo.

Onnika: não se mete na minha vida, você não sabe um terço do que aconteceu todo esse tempo.

C7: você está certa, até porque você também nao sabe o que ocorreu na vida desses dois no passado. -ele abriu a porta e foi saindo, mas antes voltou a me olhar.- se alguém daqui sonhar que você me conhece de algum lugar, eu mesmo me encarrego de levar sua cabeça de volta para o Rio de Janeiro, antes do TH. porque sim, quando ele souber que você tem rabo preso com o Jacarezinho... -deu uma risada sarcástica fechando a porta.


Comentem bastante para o próximo sair mais rápido 🤞🏽💖

Mulher do PoderOnde as histórias ganham vida. Descobre agora