Capítulo 8

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Morro do Jacarezinho
06:46

Ananda.

Mais um dia com o Azevedo me gritando pra levantar, faz uma semana que estou sendo treinada com armamento, ta sendo foda demais.

Perigo: ou você come logo ou eu vou descer pra boca. -disse se levantando da mesa.

Ananda: caralho, toda vez isso. -me levantei pegando um pão.- tu me acorda tarde e fica nessa.

Perigo: eu não tinha nem que te acordar maluca.

Nem respondi nada a ele, só fui andando até a saída de casa e logo peguei uma das motos do Perigo e subi pra boca.

Assim que chegamos lá já avistei o BN ajudando os caras a separar as drogas lá. Eu estou evitando ao máximo ficar sozinha com ele desde aquele dia e as vezes parece que ele não faz muita questão também, então tá tudo tranquilo.

Perigo: vai lá pro fundo que eu vou resolver uns b.o lá e já encosto.

Eu apenas balancei a cabeça e fui até a parte do fundo da boca, era lá que ficava os carros para caso de fuga em última hora e pá.

Cumprimentei os caras que estavam empilhando uns carregamento dentro do caminhão e me sentei em um banquinho.

Passei mo cota esperando o Perigo e nada, tava quase levantando pra ir atrás deve quando vi BN saindo e vindo na minha direção com a arma mão, coração chega desparou.

Ananda: cadê o Perigo?

BN: ta lá dentro resolvendo uns b.o da saida do carregamento, pediu pra eu te ajudar com esse bagulho da arma.

Ananda: pode ficar tranquilo, vou esperar ele. -abaixei a cabeça e peguei meu celular.

BN: por que tu ta assim comigo man? de cota isso já, tu vive me ignorando, nem na cara olha

Ananda: nem prestei atenção nisso cara, papo reto.

BN: claro que prestou atenção Ananda, tá pagando de maluca?

Ananda: na moral BN, tu não veio pra me ajudar? então, vamos. -me levantei e coloquei o celular em cima do banco.

BN: caralho, como você é chata. -apenas encarei ele e o mesmo me entregou a pistola.- tu já sabe né, destrava, mira no manequim, quando...-interrompi ele.

Ananda: quando os três bagulhos estiverem alinhados é só atirar, eu sei. -ele assentiu e eu logo destravei a arma.

Ele se afastou um pouco e eu logo comecei a desparar contra os seis manequins que tinham ali. Pra ser sincera, eu já tava ligada em tudo que era pra fazer, mas o Azevedo insistia que eu ainda precisa treinar.

BN foi trocando as armas e os locais onde os alvos iriam ficar, passamos mo cota lá, ele me instruindo e eu botando pra foder como sempre.

Ananda: caralho, cansei papo de visão.

BN: já chega por hoje, né? já é quase dez horas.

Ananda: pode pá que a mãe puniu hoje, amassei muito

BN: tanta giria feia em uma frase só meu pai. -disse levantando os bagulhos que eu derrubei.

Ananda: todo mundo cismando com o meu "a mãe pune"

BN: é horrível. -eu apenas dei risada e fui em direção a porta de entrada.- ei, calma ai

Ananda: qual foi? -virei pra ele.

BN: tu já vai pro Vidigal sexta né? -assenti.- então, tava pensando, quer dar um role, não?

Ananda: sei não cara, to cansadona.

BN: bora pro asfalto hoje a noite, se quiser te busco as sete

Ananda: nem sei... qualquer coisa te mando mensagem.

Ele só passou a mão no rosto e balançou a cabeça, naquela hora eu só pensava em meter o pé dali o mais rápido, nem o Azevedo eu procurei.

Peguei a moto que eu tinha vindo e liguei logo descendo o mais rápido possível pra casa.

Não sei explicar esse pânico todo que o BN me causa, sério mesmo, mas depois do que a Carol me disse eu estava focada em não sentir nenhuma atração por ele.

Parei a moto na frente de casa, logo vendo a Carol chegando da padaria junto com uma amiga dela.

Ananda: oi oi. -desliguei a moto e desci.

Carol: oi nega. -me abraçou.- tu dormiu em casa? -balancei a cabeça.- então saiu cedo assim pra quê?

Ananda: fui resolver os bagulhos daquela viagem que te falei.

Carol: a tal viagem misteriosa, to ligada. aproveita que vai entrar e leva esse saco de pão lá pra dentro, vou ficar aqui fora um pouquinho.

Ananda: vendo os machos passar né feiosa

Carol: os machos não, esperando um em específico passar. -ela riu.

Soltei uma risada mais forçada e entrei pra dentro de casa, esse peso na consciência todo e totalmente esquisito, pelo fato de não ter rolado nada demais entre eu e ele. Até pensei em contar a ela, mas sei lá, talvez fosse desnecessário, sabe?

Lai: que cara é essa garota?

Ananda: an? nada, tava pensando. -coloquei a sacola em cima da mesa.

Lai: deve ta com uns pensamentos muito ruins, ein? aproveita pra relaxar hoje na reunião, Perigo quer que tu vá com ele.

Ananda: naquele bagulho chei de gente chata paradona figindo ser chique bebendo vinho? -ela assentiu.- que caralho viu

Lai: graças a Deus eu me livrei dessa vez, não sei porque mas ele quer que você vá.

Naquele momento me deu até um alívio pra ser sincera, era um motivo pra poder dizer ao BN que não poderia ir com ele.

Mesmo que aquilo fosse uma chatisse, me salvou dessa vez.

Mulher do PoderWhere stories live. Discover now