Mulher do Poder

Capítulo 44

Jacarezinho, Rio de Janeiro.
17:12

Ananda.

Quando cheguei em casa me deparei com a Lai e a Carol dormindo no sofá da sala enquanto na tv passava um filme que aparentemente era algum romance clichê, exatamente o que nós costumávamos assistir juntas.

Ananda: gente. - falei baixo pra acordar elas sem assustar. - trouxe açai.

a Carol apenas se mexeu e virou para o outro lado.

Ananda: sério isso Carol? - ela suspirou alto.- cê ta vendo isso, né?

A Lai olhou pra ela e balançou a cabeça negando.

Ananda: quantos anos você tem? 10? - ela olhou pra mim por cima do ombro.- senta ai, vamos conversar igual duas adultas fazendo o favor.

Carol: conversar sobre o que, Ananda? você ter sumido por sei lá quanto tempo e voltado com a cara mais limpa ou sobre você tá dando pro menor que eu te falei que era afim?

Ananda: primeiramente você abaixe sua voz, ok? não estou "dando" pra ninguém, não nesse tom que você está falando, como se fosse um crime. eu e o BN aconteceu antes de você me falar sobre ele!

Carol: e quando eu te contei você achou que a melhor decisão era me fazer de idiota? deixar eu ter me humilhado por ele?

Ananda: Caroline, eu nao sabia o que fazer. - me sentei perto dela e logo a Lai pegou os copos de açai da minha mão e levou pra cozinha. - não queria que você ficasse chateada comigo.

Carol: olha Ananda, sinceramente, pouco me importa agora, tá ligado? faz o que você quiser... você, o BN e a porra toda.

Ananda: para com isso garota, você tá sendo infantil pra caralho. me desculpa se eu não tive coragem de vir te contar, fui covarde e só pensei em mim nessa parte. mas sinto muito, você não vai fazer com que eu me sinta culpada por algo que aconteceu antes mesmo de eu saber sobre seus sentimentos.

Carol: você sempre foi assim, né Ananda? sempre conseguiu tirar de mim o que era meu.

Lai: Caroline! - gritou chamando a atenção dela da cozinha.

Carol: o que? eu tô mentindo? você chegou aqui do nada, levou a atenção do meu irmão, virou a queridinha desse morro, a pobre coitada, não foi? todo mundo te conheceu como a irmã do Perigo, tem até quem acredite realmente que você é.

Lai: Caroline, chega. - disse vindo em direção a sala.

Ananda: não, deixa ela falar. - cruzei meus braços olhando para a mesma que continuava a falar.

meu corpo fervia de tanta raiva, eu não tava acreditando que aquilo era real.

Carol: até minhas festas de aniversário você fez questão de tomar pra si, toda atenção era levada para a madame carentinha.

eu respirei fundo balançando a cabeça com meus olhos fixados nos dela.

Carol: você fingir que não fazia de propósito mostra o quanto você é sinica, Ananda. sempre foi do mesmo jeito, você sempre fazia essa carinha de tristinha, ai todos lembravam que você foi vendida pelo seu papai...

Ananda: não fala do meu pai.

Carol: por que? não gosta de lembrar que se você tá aqui é por pena, PENA - aumentou o tom de voz. - você sempre foi uma pobre coitada, imprestável como seu pai fez questão de dizer quando te ofereceu como puta de dono de morro pra pagar dívida de droga!

naquele momento eu não consegui me segurar, minha mão foi diretamente no rosto dela dando um tapa forte no mesmo.

Lai: parem com isso! - se meteu no meio da gente me empurrando pra longe dela.

Ananda: você é podre Caroline, podre!

Lai: chega Ananda porra, cala a boca.

Ananda: só ela pode falar? - voltei pra perto dela sendo empurrada pela Lai. - nunca precisei da sua pena não, garota. e outra coisa a culpa não é minha se você nunca teve capacidade de se destacar sozinha, por isso sempre precisou de mim pra tudo, pra escolher roupa, pra te apresentar para as pessoas, pra tudo. Você tinha ter o mínimo senso de nunca abrir a boca pra falar coisas desse tipo, sempre fiz de tudo por você, te apoiava em tudo, pra você meter essa agora.

Carol: apoia? você sempre teve inveja isso sim, sempre quis estar no meio pra que se desse certo tomar o merito.

Ananda: pois vá você e o seu mérito pra casa do caralho! torço pra que você aprenda a andar com as próprias pernas e não precise mais de mim!