Capítulo 16

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Daniel Campbell

- Vamos também, então? - Sugeri quando vi que todos começavam a ir embora devagar. Lauren me olhava intrigada. - Tchau, Lauren, bom encontro! - Dei um meio sorriso e saí andando.

Se eu ficasse mais, seria arriscado de ela me perguntar o motivo de estar tão distante desde o intervalo e bom...como que falo para ela que estou me sentindo o cara mais idiota do mundo por não ter um pingo de coragem para chamar a garota que eu gosto para sair e mesmo assim me sinto frustrado por ter visto alguém tendo essa coragem por mim? Pois é, obviamente não teria como falar a verdade e eu não sabia mentir muito bem.

Bryan me alcançou quando já estava longe da escola e parou ao meu lado, ofegante.

- O que foi aquilo? - Ele perguntou visivelmente confuso.

Bufei. Pensei que estivesse óbvio.

- Não queria que ela me perguntasse por que eu fiquei quieto a manhã toda. Eu sei que ela percebeu só pelo jeito que me olhava, sua testa sempre fica levemente enrugada quando está confusa ou tentando pensar... - Sorri ao lembrar de como ela ficava em provas e exercícios de matemática nas quais não conseguia resolver.

Era fofo, antes que me julguem.

- Mesmo depois de três anos, ainda é estranho te ver babando pela Lauren. - Bryan gargalhou e eu revirei os olhos. - Mas, era difícil não notar a sua mudança hoje de manhã, você passou o resto das aulas como se estivesse em um velório.

- Eu estava. No velório das minhas chances com a menina que eu gosto. - Lamentei.

Talvez, eu estivesse exagerando. Mas, eu não me importava.

- Para de drama, Daniel. Você é quem está na vantagem, esqueceu?! - Ele riu.

Se eu estou na vantagem, imagina se não estivesse.

- Que vantagem eu tenho com a Lauren, Bryan? Eu nem consigo chamar ela para sair. - Balancei a cabeça negativamente.

- Nem precisa. Vocês se conhecem desde pequenos, convivem juntos, sabem de quase tudo um do outro. - Falou óbvio.

Nunca tinha parado para pensar por este lado. O Bryan, apesar de preguiçoso, conseguia ser inteligente quando queria. Tenho que concordar.

- E o que eu deveria fazer? 

- Expresse seus sentimentos, Daniel. Seja Você. - Revirou os olhos impaciente. - Como eu faço! Sempre expresso meus sentimentos pela Melissa de várias maneiras desde as coisas mais simples as mais complexas. - Sorriu orgulhoso. - No meu caso, não resolveu muito. Ela não me dá bola do mesmo jeito... - Coçou a cabeça, chateado. - Mas com você pode funcionar! - Voltou a sorrir tentando ser positivo.

Isso sim, era um discurso motivacional. Me sinto enérgico novamente.

Caí na gargalhada. O jeito que ele era iludido e esperançoso ao mesmo tempo, era fantástico.

Talvez o Bryan estivesse certo, eu deveria expressar mais os meus sentimentos, mesmo que eu não fale nitidamente o que eu sinto por ela. Mas, tentar demonstrar de alguma forma e ver o que acontece.

Quem eu estou tentando enganar? Obviamente, isso não vai acontecer. Não porque eu não quero, eu não consigo mesmo.

Fechei a porta atrás de mim sentindo o silêncio invadir, mais uma vez, aquela casa que encontrava-se vazia.

Um Retorno Inesperado | ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora