Capítulo 38

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Daniel me mandou a mensagem dizendo que já tinha saído da empresa do pai e que eu poderia ir para casa dele. Então, peguei meu celular e as chaves de casa, e me direcionei até lá.

Confesso que estava nervosa. Não sabia muito bem o por quê, mas sentia meu coração acelerar a cada passo que dava.

Quando cheguei em frente a sua casa, ele estava saindo do carro com um notebook em mãos e milhares de papéis empilhados. Me viu assim que virou-se para trancar o carro e eu lhe dei um pequeno sorriso.
Ele abriu a porta com a única mão livre e colocou-se de lado para que eu entrasse primeiro. Chutou ela com o pé e ela fechou causando um barulho alto na casa.

Ouvi um miado na direção da escada e um vulto preto veio correndo até os meus pés.

- Oi, neném! - Peguei o gato no colo e o abracei.

- Vamos fazer na sala hoje, está bem? - Ele perguntou indo em direção da grande sala de jantar que ficava ao lado da cozinha que separava os dois cômodos com apenas uma ilha.

- Ok, pode ser. - Assenti.

Ele colocou o notebook e os papéis na mesa e foi até a cozinha, pegando uma pizza na geladeira e colocando no micro-ondas. Quando o eletrodoméstico apitou, ele abriu a porta e pegou o prato.

- Você quer um pedaço? - Ele perguntou ao voltar para a mesa e ligar o computador.

- Não, obrigada. - Sorri torto.

Ele apenas assentiu e se sentou.

- Eu só almocei, então, estou morrendo de fome. - Se explicou mordendo um pedaço.

- Por que só almoçou? - Franzi a testa vendo ele pegar a fatia com a mão e morder a ponta.

- A empresa estava agitada por conta da nova parceria que meu pai fez. Então, eu tinha muito trabalho para fazer. - Deu de ombros.

- Você não tem intervalo? - Franzi a testa.

- Tenho, quando dá tempo. - Deu outra mordida.

- Daniel, isso não me parece muito saudável. - Repreendi.

- A pizza ou a carga horária? - Ele me olhou com um sorriso zombeteiro que há muito tempo eu não via.

- Os dois, na verdade. - Revirei os olhos e ele apenas deu de ombros.

Abriu um arquivo nomeado de "trabalho" onde estava as fotos, filmagens e edições do documentário.

- Essas aqui são as partes que já estão prontas e mescladas. - Ele clicou duas vezes em cima do arquivo e uma tela cheia abriu.

Era um vídeo de cinco minutos bem dinâmico. Tínhamos nos saído muito bem e não parecia ser algo cansativo de ver. Era até divertido, na verdade.

Daniel colocou alguns efeitos para dar um ar mais profissional ao trabalho com direito a colocar nossos nomes em um retângulo, num canto da tela como se estivéssemos apresentando um jornal de televisão.

- Ficou muito bom. - Sorri. - É um tempo bom de apresentação.

- Eu também achei. Tentei não cortar tanto e ao mesmo tempo não deixar tão cansativo. Foi difícil, mas acho que consegui. - Suspirou.

- Ficou ótimo sim. - Assenti.

- Então, vamos ao trabalho. - Ele clicou em outro arquivo nomeado de "Jardim parte três".

Enquanto ele passava os vídeos e imagens, não pude deixar de lembrar daquele dia.

Lembrei de coisas até demais: de como ele ficou lindo enquanto enxugava a toalha em seu cabelo úmido, quando ele limpou o canto da minha boca com o guardanapo na sorveteria e como senti meu coração disparar quando isso aconteceu, também lembrei de como nos divertimos no carro em alta cantoria e por fim, seus lábios nos meus.

Um Retorno Inesperado | ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora