Capítulo 26

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Daniel Campbell

Terminei de organizar a última folha da papelada que meu pai tinha mandado, coloquei tudo no envelope de papel pardo e fui até o elevador. Eu ficava no penúltimo andar, no setor de administração, onde eu fazia os trabalhos chatos que meu pai e o comitê não tinha tempo de fazer.

Saí do elevador e caminhei até a secretária que lixava as suas unhas enquanto via uma série na Netflix.

Quando ela me viu, seus olhos âmbar arregalaram-se e ajeitou rapidamente sua postura. Abriu um sorriso em seus lábios vermelhos de batom e ajeitou o cabelo loiro.

- Sr. Campbell! - Levantou-se animada.

- Vim entregar os papéis que o meu pai pediu. Pode falar que estou aqui? - Perguntei e ela assentiu. Sentou-se de novo e digitou o número no telefone preto ao seu lado.

- Sr. Campbell, seu filho veio entregar os papéis. - Ela o avisou e logo desligou. - Pode entrar. - Sorriu forçadamente simpática.

- Obrigado. - Assenti com a cabeça e abri a porta preta a poucos metros de mim.

- Não bate mais? - Meu pai perguntou atento aos papéis que assinava.

- A Srta. Watson já tinha me anunciado, para que bater na porta? - Aproximei-me de sua mesa e sentei na cadeira a sua frente de maneira relaxada.

- Faz parte da boa educação, Daniel. E sente direito. - Olhou-me com reprovação, mas logo voltou às assinaturas.

- Que seja... - Murmurei. - Aqui está as planilhas. - Coloquei o envelope em cima da mesa e me levantei. - Estou indo embora.

- Certo. Sem atraso amanhã. - Disse pegando o envelope na mesa.

"Faz parte da boa educação, Daniel"

Agradecer também e nem por isso ele faz.

Bati a porta da sala com certa força e a Srta. Watson pulou da cadeira.

Andei para o elevador e apertei o botão para descer.

- Sr. Campbell, o senhor já está indo? - Ouvi seus saltos andarem rapidamente ao meu encontro.

Suspirei, impaciente.

- Sim, Srta. Watson. - Disse olhando para os números verdes dos andares que passavam em cima da porta do elevador.

- Por que tão cedo? O senhor pode ficar mais um pouco e participar da pequena confraternização que alguns funcionários da empresa farão hoje a noite. - Ela sorriu ao meu lado.

Todo dia era a mesma coisa. Ela me chamava para sair com outros funcionários, era simpática ao extremo e fazia de tudo para me agradar. Obviamente, o alvo não era eu em si e sim o meu pai. Uma típica puxa-saco.

- Eu tenho outro lugar para ir, mas obrigado pelo convite. - Forcei um sorriso e ela assentiu.

A porta do elevador abriu e eu entrei. Ela acenou e a porta se fechou.

Suspirei.

Essa era a melhor parte de fazer estágio aqui: ir embora.

Peguei minhas coisas no setor de administração, me despedi de alguns colegas estagiários e desci até o estacionamento.

Quando cheguei em casa, tomei um banho e troquei a roupa social por uma calça jeans e uma camisa preta. Peguei o pequeno presente que havia comprado para Katie e saí de casa novamente.

Cheguei no local da festa e estacionei. Já estava extremamente atrasado, mas fiquei aliviado ao ouvir a música alta tocar assim que entrei.

O lugar estava todo decorado com rosa de várias tonalidades e dourado. Quando a Katie mencionou que queria seu aniversário de dezoito anos todo cor de rosa, eu não pensei que ela levaria tão a sério. Parecia que a Barbie tinha feito a decoração.

Um Retorno Inesperado | ✓Where stories live. Discover now