Capítulo 22

754 61 3
                                    

Lauren Anderson

Depois de colocar um pijama, apaguei a luz e deitei na cama.

Não conseguia parar de pensar no que o pai do Daniel conversaria com ele. Quer dizer, eles não tinham um bom relacionamento e se as coisas ficarem sérias.

Suspirei.

Me remexi na cama várias vezes, até encontrar uma posição confortável. Fechei meus olhos e não demorou muito para que o sono viesse. Estava quase adormecendo quando ouço leves batidas em minha janela.

Abri os olhos e olhei para a cortina que cobria a visão do outro lado.

Ouvi mais três toques e me sentei, assustada.

E se fosse um ladrão?

Não, que besteira. Que ladrão iria bater na minha janela?

Mais toques foram ouvidos até que eu tivesse a coragem de me levantar para olhar do que se tratava.

Respirei fundo, contei até três e puxei a cortina. Arregalei os olhos e abri a janela rapidamente.

- Daniel, o que você está fazendo aqui? - Perguntei incrédula ao vê-lo em cima da escada de ferro do meu pai.

- Oi, Lau... - Ele disse sem muito ânimo. - Será que eu posso entrar?

Olhei-o confusa pela sua aparição repentina. Graças a luz da lua que brilhava no céu estrelado atrás dele, pude ver sua expressão, mesmo que com pouca nitidez.

Soube nesse exato momento que a conversa não tinha acabado bem.

Dei espaço e o ajudei a entrar.

Seu olho machucado ainda estava roxo, mas tinha algo diferente neles. Estavam avermelhados e inchados, como se ele tivesse chorado há pouco tempo.

Meu coração apertou-se. Nunca achei que o veria assim. Daniel nunca demonstrou abertamente o que ele sentia, sempre guardava tudo para si.

- Você está bem? - Perguntei enquanto via ele sentar-se em minha cama com o olhar fixo no chão.

Ele não me respondeu, então sentei ao seu lado. Eu estava realmente preocupada, ele não parecia nada bem.

- O que aconteceu? - Perguntei com a esperança de que ele começasse a falar, mas ele continuou quieto.

Comecei a ficar nervosa.

Ele mexeu sua mão direita e pude ver que tinha um corte. Ainda sangrava, mas ele não parecia importar-se.

Engoli seco com o coração acelerado.

- Onde você se machucou? Como que você fez isso? - Me levantei e peguei a minha bolsa de primeiros socorros.

Ele continuou quieto até que eu voltasse. Peguei o álcool setenta e limpei o local do corte.

- Foi no bar. - Ele falou e o olhei de imediato.

Enfaixei sua mão e sentei ao seu lado novamente.

- Por que você estava bebendo? O que aconteceu? - Peguei em seu rosto e fiz com que ele olhasse em meus olhos.

- Meu pai quer que eu trabalhe nos sábados para compensar os dias que eu faltar por conta do trabalho de história. - Suspirou. - Eu tentei falar com ele que não sobraria tempo para estudar nem descansar, mas ele não liga.

Eu não sabia o que dizer.

Ele parecia tão cansado, tão exausto psicologicamente. Aquele Daniel, na minha frente, era totalmente diferente do garoto que eu costumava conhecer.

Um Retorno Inesperado | ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora