Capítulo 15

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Maeve não precisou de indicações de como chegar na casa de Leon, deixando-o ainda mais desconfiado. Ele parecia em piloto automático, só esperando para ver onde tudo aquilo iria parar.

Ela parou o carro na esquina da rua silenciosa e escura. Alguma coisa havia acontecido já que os postes estavam todos apagados. A lua era uma linha fina no céu e mal iluminava o caminho. Leon foi à frente com uma chama fraca na mão.

A casa dele ficava no meio da rua, cercada por uma grade preta e um quintal curto. O portão de ferro estava aberto.

Se aproximaram devagar e pararam ao ouvir um som. A porta da casa se abriu.

Will, se apoiou no batente, olhando para eles, acendendo um cigarro.

— Vocês demoraram.

Seu cabelo liso estava desalinhado. Tinha uma mancha escura na bochecha e um rasgo na túnica.

Leon soltou um suspiro aliviado e foi até ele, parando de chofre ao olhar pra dentro da casa.

Onji e Keira se adiantaram.

Havia um homem e uma mulher caídos no chão da sala. Os olhos abertos encaravam o teto, sem vida. Um frio invadiu o corpo de Onji e ela deu vários passos para trás, com a mão no peito, sentindo as pernas tremerem. Repassou os últimos acontecimentos na cabeça, tentando encontrar lógica para aquela loucura. Toda vez que piscava, via os rostos dos homens que matou anos atrás.

— Não... não – ela murmurou. Não podia quebrar agora. Tinha que se manter firme e ir até o fim.

— Nós temos que ir, agora. – Maeve falou, firme.

Leon passou a mão pelos cabelos, irritado.

— E você é quem mesmo? – ele perguntou.

Maeve o encarou de volta, com a expressão neutra. Não parecia assustada nem preocupada nem... nada, de fato.

— Se continuarmos aqui, mais deles virão. Peguem o que precisam e destruam seus celulares. Eu posso proteger Onji de Wotan na minha casa, mas vocês precisam fazer o que eu mando e rápido. Com certeza mais deles virão.

— Wotan? – Leon perguntou, mas balançou a cabeça rapidamente, sabendo que não obteria nenhuma resposta. – Você confia nessa mulher?

Onji não soube o que dizer. Claro que não confiava em uma estranha qualquer, mas não podia ignorar que acreditava no que ela dissera. Seria seguro acompanhá-la? Como poderia ter certeza? Não era de conhecimento do público quem Wotan era ou fazia então no mínimo ela sabia do que estava dizendo.

Will não pareceu abalado por ouvir que aquilo tudo tinha a ver Onji. Ele soprou a fumaça para cima.

— Esses caras tavam perguntando de ti – ele disse, apontando os corpos com a cabeça. — Eu não faço nada parecido com isso já tem anos e já tinha deixado essa vida para trás. Então, sabe. Eu adoraria ouvir tua explicação de porque isso tá acontecendo com a gente e porque tem duas pessoas mortas no pé do meu sofá.

Onji olhou em volta. Todos os rostos voltados para ela, esperando. Uma ruga entre as sobrancelhas de Leon que respirava pesado. Ele havia sido atingido por ela e nem sabia porquê.

— Eu... – ela começou. Seus olhos encontraram os de Leon. – Será que a gente pode conversar? Só a gente.

Ele segurou seu olhar.

— Não temos tempo pra isso.

A face dele adquiriu uma expressão indiferente. Will jogou o cigarro no chão, pisou na bituca esfregando o pé e entrou na casa com Leon em seu encalço.

O Dragão e a FênixOnde as histórias ganham vida. Descobre agora