Capítulo 12

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Keira estava na cozinha quando Leon e Onji desceram as escadas. Ela tinha subido em uma cadeira para alcançar o armário e soltou um resmungo quando os viu chegar.

— Finalmente – disse a garota. – Achei que vocês não iam descer, eu já tava ficando constrangida.

— Você é a pior irmã do mundo e eu te odeio – respondeu Onji.

Leon não tinha como ficar mais vermelho.

— Só ignora ela, finge que é um fantasma, um cogumelo ou algo assim – Onji falou.

Keira retrucou.

— A fantasma aqui tá faminta, e eu tenho essas coisas aqui ó – ela desceu da cadeira e apontou a cabeça, pra onde as orelhas felpudas de raposa despontavam entre os cabelos – que me permitem--

— Keira, só cala a boca!

— Tá bom, tá bom! – a garota respondeu, espalmando as mãos em sinal de paz.

Leon, que parecia não saber onde enfiar a cara, foi pro balcão pegar o pacote de batatinhas que Keira não alcançava.

Como prometido, ele fez o almoço, tendo o cuidado de preparar duas versões de molho, uma com carne e outra sem para Onji.

Ligaram para Yue logo depois, garantindo que estava tudo bem com as duas e Keira passou a tarde assistindo televisão enquanto Onji e Leon ficavam na sala do lado, conversando. Ela estava deitada no peito dele quando Will chegou em casa.

Os dois haviam se conhecido na imobiliária, da forma mais improvável possível. Leon foi assinar um documento, já que tinha tirado a casa do aluguel, e Will estava lá procurando um lugar pra dividir com alguém, já que estava quebrado demais para pagar sozinho por moradia. Combinaram tudo lá mesmo.

Will entrou na sala xingando um colega de trabalho, tão estressado com o serviço que tinha até esquecido que Onji e Keira estariam ali.

— Aquela palerma da produção veio de novo me encher o saco bem no final do expediente, e ainda pedindo hora extra, eu quase mandei ela praquele lugar, oh, ódio!

Era um nereu de pele pálida e azulada, cheio de sardas azuis bem escuras. Seu cabelo cor de areia ia até o meio das costas. As orelhas lembravam barbatanas e tinha uma argola prateada em cada uma.

— Ah! – ele fez, prestando atenção em Onji pela primeira vez. – Tu é a Onji?

Ela levantou do sofá e fez um cumprimento com as mãos, de maneira formal. Conhecer pessoas novas a deixava desconfortável. Pra sua sorte, Keira se adiantou, esticando a mão para que ele apertasse.

— Eu sou Keira. A irmã mais esperta da família.

Will a cumprimentou com um sorriso, deixando à mostra uma fileira de dentes afiados.

— Ainda bem que deu tudo certo com tua viagem. — Ele desviou os olhos da raposa para fitar Onji. — Sabe, eu ia odiar ter que aguentar o Leon reclamando por muito mais tempo. Ele morrendo de medo de tu dar um pé na bunda dele, e sobre como ele queria ter coragem de dizer a palavra com "a" em cada carta que mandava. Já estava ficando insuportável.

Ele ficou parado no meio da sala com as mãos na cintura, percebendo a gafe que tinha cometido com um gaguejo. Enquanto Leon e Onji o olhavam constrangidos, Keira sorria como se tivesse ganhado um sorteio.

— Ué gente, a palavra com a! – disse ele, tentando remediar a situação – Amoras! Leon ama amoras.

— Primeiro Keira, agora você. Eu devo ter feito algo terrível em minha última vida pra merecer isso – disse Leon.

O Dragão e a FênixOnde as histórias ganham vida. Descobre agora