Capítulo 5

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Onji se lembrou de Ian. Havia sido seu primeiro namorado e um completo babaca. Morando em uma vila pequena, não via muitas oportunidades de namoros fixos. Todo mundo conhecia todo mundo e achava desagradável continuar vendo a pessoa todo dia após um término.

Então sobravam os visitantes. E Kan recebia uma porção deles. Yue era mestre na arte de ficar com as estranhas que apareciam por ali. Mas também, trabalhava no portão da cidade, com uma lança em punhos, uma espada nas costas e uma bela de uma armadura azul.

Onji admirava como a irmã conseguia se relacionar fácil com qualquer um. Era o tipo de pessoa que só apontava num recinto com que gostaria de sair, ia lá e fazia isso acontecer. Enquanto isso, Onji não conseguia achar ninguém interessante. Já tinha ficado com turistas eventuais, mas não tinha muita paciência. Se quisesse satisfazer seus hormônios, podia pensar em cinco coisas mais interessantes que alguma pessoa sem graça que pudesse aparecer por ali.

Mas agora não conseguia parar de pensar em Leon.

Ele não era apenas bonito. O achava educado, a tratara bem mesmo depois da forma que havia falado com ele. E parecia ser alguém que tem algo a dizer sobre uma porção de coisas. Ficava curiosa quando estava ao lado dele e queria saber mais. Já havia se cansado de pessoas que só faziam se vangloriar e falar de si mesmas como se fossem a mais incrível criatura existente.

Ian tinha aparecido na pior época da vida de Onji. Ela tinha dezessete anos e estava no fundo do poço, e o garoto não fez nada para ajudá-la. Do contrário, tentou convencê-la que aquelas pílulas eram coisa de doido e o que ela realmente precisava era de amor próprio. Yue lhe deu uma coça. Ele nunca mais teve coragem de chegar perto das duas, o que era um feito em tanto em Kan.

Namorou uma menina por alguns meses. Uma garota que exigia mais atenção do que Onji estava disposta a dar. Despachou daquele relacionamento tão rápido quanto surgira.

Estava na cama, enrolando pra levantar enquanto pensava naquelas coisas quando alguém bateu em sua porta e a abriu.

— Você tá atrasada. — Era Keira.

A irmã já estava de banho tomado, de cabelo preso e uma roupa muito apropriada para entrar na mata.

— Droga, eu esqueci completamente — falou Onji, se levantando na hora.

— Percebi. A Yue já tá esperando também.

Se vestiu o mais rápido que conseguia e foi com a irmã a passos apressados para a entrada da vila.

A praça central era espaçosa e cheia de lojinhas. O hotel era enorme, uma das maiores construções da vila, vermelho e chamativo. A feira orgânica já estava aberta e uma carruagem era abastecida de caixotes e mais caixotes de produtos que seriam distribuídos pelas cidadezinhas e vilas mais próximas.

Yue estava com sua lança sentada em um banco, balançando os pés de impaciência.

— Nossa, tava na hora, né?

— Foi mal!

Abater animais era expressamente proibido em Kan. Então além dos moradores terem um problema com o fato de Keira ser nobre, também tinham um problema com o fato dela ser onívora.

Havia uma floresta ao pé da montanha onde a garota poderia ir e caçar um coelho ou ave para comer e aplacar seus instintos, porém não era permitido que fosse sozinha. Afinal, tinha apenas doze anos e animais muito mais perigosos que coelhos faisões moravam na floresta.

Onji e Yuenu não a acompanhavam mata adentro. Ficavam na orla enquanto a garota se transformava e partia.

Estavam saindo pelos portões quando viu Leon atravessar a porta do hotel. Ele a cuprimentou com um aceno e tomou a estrada que levava ao sítio de Upali.

O Dragão e a FênixOnde as histórias ganham vida. Descobre agora