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                                 Dalila

Eu tava em prantos, sai daquela sala imunda totalmente perdida em tudo, com o coração na mão, com a cabeça cheia de pensamentos ruins, só queria sumir dali, fechar os olhos e acordar em casa, no único lugar onde de fato me sentia segura.

Olhei ao redor e vi as meninas sentada na calçada quase em frente da boca, Marcela tava falando alguma coisa pra mim mas eu tava tão atordoada que não conseguia compreender nada, as meninas quando me viram correram pra cima de mim dando um abraço que me fez chorar mais ainda.

Dalila: Eu preciso ir pra casa por favor, me
tira daqui - falei encostando a cabeça no ombro da Marília quase sem força de tanto chorar

Tati: Amiga calma, a gente vai, desculpa a gente por favor - falou alisando meu rosto e eu nem respondi nada, só funguei o choro.

A minha visão começou a ficar turva e uma sensação de ânsia de vômito veio com tudo, só joguei o rosto pra frente e vomitei tudo que eu tinha bebido, qualquer sensação de nervosismo era certo eu vomitar e dessa vez não foi diferente.

Marcela: senta aqui, você vai terminar desmaiando Dalila - falou tentando me empurrar pra sentar na calçada

Tati: Toma - começou a tentar me dá água pra beber ao mesmo tempo que molhava meu rosto

Dalila: Eu tô com medo, me leva embora antes que ele volte pra me matar - falei ainda soluçando

Marcela: Ele não vai voltar, fica calma - alisou meu cabelo

Marília: Como a gente vai embora cara? Essa hora nem uber tem pra deixar a gente em casa

Marcela: Vocês querem dormir lá em casa? Quando amanhecer vocês metem o pé

Tati: Acho melhor fazer isso mesmo

Dalila: tá doida? - gritei olhando pra cara das três, vocês não tem noção da situação que tá acontecendo? - respirei fundo negando com a cabeça

Um homem chegou de moto se aproximando da gente e chamou a Marcela pra conversar, eles ficaram poucos minutos lá trocando um papo e logo se aproximaram de novo, permaneci quieta sem nem trocar olhares com ele, tava com medo até disso.

Marcela: Esse aqui é o periquito - falou apresentando ele e as meninas já se apresentaram também eu continuei do jeito que tava

Periquito: Colfoi tava trocando ideia com a Marcela ali, fiquei sabendo do bagulho que aconteceu e desde já peço desculpa pela atitude do mano, vocês parecem ser responsa, se quiser eu dou um jeito de levar vocês em casa - falou diretamente olhando pra mim e se aproximou

Dalila: Não precisa, as meninas arrumam um jeito - me encolhi e desviei o olhar

Periquito: Vou fazer nada com vocês não parceira mas se não quer também, boa sorte aí.

O bofe nem olhou mais pra minha cara só foi andando na direção da moto e girando a chave no ar.

Marília: A gente vai sim bofe, da seu jeito aí de levar 3 nessa moto - deu um sorriso pra ele

Muita cachorra mesmo cara nem eu aqui fudida jurada de morte ela deixa de flertar, eu até dei uma risada porque foi o auge.

Periquito: Colfoi sou brabo tá? Mas 3 na moto é foda - ele riu e pegou o rádio falando com alguém 

Não passou muito tempo chegou mais dois bofes de moto e já desenrolaram com outro bofe lá, as meninas foram com eles e eu com o tal do periquito, me despedi da Marcela e metemos o pé.

Quando eu ia falar pra não correr, até me calei porque ele já tava descendo o morro voando, só deu tempo de agarrar a mão na cintura dele e pedir a Deus pra chegar viva.

Periquito: Fala onde tu mora aí mina que eu ainda não adivinho as coisas - quase não entendi por causa do vento, mas se eu pedisse pra ele repetir era capaz de me jogar pra fora da moto, todo metido a brabo.

Só expliquei pra ele e rapidinho chegou, agradeci e já fui descendo da moto rápido quando parei pra ouvir ele falar alguma coisa

Periquito: Colfoi doutora, quiser brotar lá na favela de novo pra curtir um baile em paz pode ir, ninguém vai mexer contigo não eu prometo.

Ele deu uma risada me fazendo até rir também.

Dalila: Difícil mas qualquer dia a gente se bate por aí.

Dei um sorriso acenando um tchau pra ele que saiu voando com a moto enquanto eu entrava no prédio e cumprimentava o porteiro.

Cheguei em casa e tava maior silêncio, não tinha ninguém em casa então deduzi que minha mãe tinha viajado com a Bruninha e confirmei quando finalmente peguei o celular e vi a mensagem dela me avisando.

Choraminguei que tava abandonada em pleno feriado de carnaval mas ela nem deu atenção ao meu drama, avisei no grupo das meninas que já tinha chegado em casa e fui tomar um banho pra me sentir limpa e tirar toda sensação de sujeira e imundice que eu tava sentindo, a cena daquele homem me ameaçando passava na minha cabeça a todo instante.

DOUTORA 🔫Onde as histórias ganham vida. Descobre agora