Namoro De Mentira - Childhood love

66º Capitulo

Liam olhava para mim de maneira curiosa enquanto eu pensava na forma que contaria aquilo que guardava há tanto tempo.

Isso é tão importante para mim e eu nunca contei a ninguém, nem a Kate.

Sentei-me trazendo os lençóis comigo e cruzei as pernas e o Liam se endireitou contra a cabeceira da cama, prendi meu cabelo em coque e eu respirei fundo algumas vezes antes de começar.

__ Bom... Tem sim algumas coisas que me lembro. –Eu começo e vejo-o assentir para que eu continuasse.- Eu me lembro de um... garotinho. Eu o conheci neste mesmo parque, lembro que estava brincando sozinha com um carrinho e as outras garotinhas não queriam juntar a mim para a diversão. –Rio lembrando-me o quanto eu gostava do meu carrinho de controle remoto.- E então ele se aproximou e sorriu, perguntou se poderia juntar a mim e então eu não contive a felicidade de ter alguém para brincar, ficamos horas brincando até voltar para casa, no outro dia lá estava ele de novo e passamos a todos os dias brincar no mesmo lugar, minha mãe me levava sempre e a mãe dele o levava, acho que elas eram amigas, e então... Nós dois ficamos inseparáveis. Ele era o meu melhor amigo de sempre, e nós éramos tão pequenos, mas sempre estávamos ali um para o outro. Quando descobrimos que éramos da mesma sala no colégio foi uma alegria e tanto... Eu sentia que quando ele estava mal, eu também ficava mal. E então chegou o dia que eu iria embora, meus pais tentaram me consolar, disseram que iríamos para um lugar bonito e assim, mas eu não queria. Tudo o que eu mais queria era ficar aqui, em minha casa, com meu parque e com meu melhor amigo. Eu chorei tanto, eu não queria ir embora, nesse dia eu não fui ao parque e eu não o vi, ele não aparecia e eu não queria vê-lo porque sentia que ele estava me deixando ir... E então quando estávamos prestes a entrar no carro, ele surgiu correndo com sua mãe logo atrás, ele parecia ter chorado tanto quanto eu, mas quando me viu sorriu, ele sorriu como quando no primeiro dia que o vi e mesmo que eu não entendesse agora eu entendo que ele apenas queria me fazer sentir melhor, fiquei a chorar ainda mais em seus pequenos braços, até quando meu pai me colocou no carro e então o vi pela ultima vez pelo vidro da janela, ele olhava para mim e eu podia sentir que algum dia iríamos nos encontrar novamente. –Terminei com uma respiração profunda, eu contei sem parar e eu não imaginei que sairia tudo tão facilmente assim, eu nunca contei desta forma a ninguém, minha respiração se acalmava e eu senti meu rosto molhado, levei as mãos para sentir minhas bochechas molhadas, mas depois de ter dito isso, parece que algo pesado saiu das minhas costas, parece que eu estava guardando aquelas palavras há muito tempo e agora eu só queria sorrir, sorrir e sorrir.

Ouvi um leve fungar e ergui a cabeça encontrando um Liam com um sorriso amoroso, seus olhos vermelhos e brilhantes, parecia emocionado.

__ Tudo bem? –Questionei quando ele não falou nada.

__ Sim, é que eu... –Ele riu levemente e baixou a cabeça, balançando-a de um lado para o outro, levando as mãos aos seus olhos.- Eu...

__ Você? –Ergui a sobrancelha enquanto brincava com meus dedos.

Ele voltou a olhar para mim depois de um tempo e a intensidade que aquele olhar sustentava era imensa que me senti estremecer, seus braços rodearam minha cintura nua e logo estava em seu colo, seus braços me circulavam como uma barreira enquanto deitava minha cabeça em seu ombro, meus braços circulando seus ombros e parecíamos querer fundir-nos um no outro, e ficamos assim apenas abraçados e ouvindo nossas respirações tranquilas e enquanto estava ali em seus braços eu senti uma sensação estranha... como se eu estivesse descobrindo algo, como se eu soubesse a verdade e eu apenas não conseguia entender o que era, mas estava ali, a certeza de algo.