Tem alguns bons minutos que estou encarando a tela do meu celular sobre o balcão, enquanto pinto as unhas da mão de azul celeste. É o tipo de atividade que costuma me deixar relaxada, mas não o suficiente para que eu não deixe de ansiar por uma mísera mensagem.
Tudo isso porque depois de toda situação na minha antiga casa, eu e Thalles nos despedimos com a promessa de manter contato. Já faz mais de uma hora que estou esperando, mas toda vez que a tela do celular acende é alguma notificação aleatória das redes sociais que não me interessam nem um pouco no momento.
― Você está inquieta ― meu pai constata acomodado no sofá da sala assistindo a um programa de televisão.
― Impressão sua ― rebato, tirando o reboco de uma das unhas com algodão.
― É por causa do encontro com Samuel?
Me engasgo com a própria saliva. Está sendo absurdamente fácil me esquecer que tenho mais um encontro mais tarde, o que me deixa ainda mais incomodada. Eu deveria estar me sentindo assim por outros motivos.
― Um pouco ― respondo incerta.
Não preciso nem olhar para saber que meu pai está estreitando os olhos. Ele tem o faro bem apurado.
― Tem encontrado com Thalles?
Olho para ele de supetão. Não contei sobre a invasão a nossa antiga casa.
― Nos encontramos hoje mais cedo ― dou de ombros.
― E...? ― ele levanta uma das sobrancelhas.
― E o quê? ― engulo em seco, tendo um lampejo de memória dos acontecimentos de mais cedo.
― Vocês se acertaram?
Mordo o lábio inferior.
― Acho que sim.
Nunca fui de ter segredos com o meu pai, provavelmente porque nem tinha muito o que esconder. Agora, não consigo me ver contando a ele como me senti em relação ao Thalles mais cedo, só de pensar minhas bochechas ficam quentes. Mas, ele fica esperando que eu comece a detalhar, dá para ver pela sua expressão que não ficará satisfeito com respostas curtas.
Então digo:
― Acho que dessa vez os laços não vão se romper. Não quero que aconteça de novo, eu preciso dele, preciso dessa amizade.
Meu pai dá um largo sorriso.
― Eu sempre soube que vocês ficariam bem.
Não consigo conter a risada satisfatória. Estou feliz como há muito tempo não me sentia. Talvez até com um pouco de esperança.
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Você Acredita em Humanos?
Teen Fiction[NOVA VERSÃO] Elay e Thalles acreditam fielmente em duas coisas: que a amizade deles irá durar para sempre e que os alienígenas conspiram contra o Planeta Terra. Narrada em duas perspectivas, essa é uma história sobre amizade, amor e mudanças.